Faltam psicólogos especialistas em situação de trauma no apoio às pessoas afectados pelo incêndio de Pedrogão Grande, alerta a associação que representa as vítimas da tragédia.
Em declarações à Renascença, Nádia Piazza lamenta que entre os psicólogos que estão no terreno não existam estas equipas especializadas.
A presidente da associação diz que, provavelmente, será necessário recorrer a voluntários para que esse trabalho seja feito, para que o trauma não passe a crónico.
“Está a tardar um apoio especializado. É preciso atacar de forma especializada, ou seja, no trauma. Nós estamos em fase de trauma agudo, individualmente e em sociedade. Temos é que evitar que as pessoas passem de um trauma agudo para um trauma crónico e seis meses é considerado uma data limite nessa matéria. Já manifestamos essa preocupação. Relativamente ao trauma, temos recebido pedidos de voluntariado e vamos avançar por aí”, adianta Nádia Piazza.
O bastonário da Ordem dos Psicólogos junta-se a esta preocupação da Associação das Vítimas de Pedrogão.
Francisco Miranda Rodrigues teme que o número de psicólogos no terreno não seja suficiente para fazer o acompanhamento, a longo prazo, das vítimas dos incêndios de Junho e de Outubro.
“A nós preocupa-nos o apoio de continuidade, que após este primeiro mês é necessário garantir. Sabemos que existe preocupação do Governo em acautelar que esse apoio exista, mas temos receio que os recursos sejam insuficientes. Isso exige uma contratação efectiva de profissionais ao nível do Serviço Nacional de Saúde. O número de profissionais existente é muito muito reduzido para as necessidades normais da população, logo, agora mais insuficientes estão”, refere o bastonário.
Perante estes alertas, a Renascença contactou o Ministério da Saúde que explicou que o apoio psicológico às vitimas de Pedrógão Grande continua a ser assegurado por uma equipa da qual faz parte uma psiquiatra, um interno de psiquiatria, dois psicólogos e um enfermeiro, recursos considerados suficientes perante a procura.
No caso dos incêndios de Outubro, continuam no terreno as equipas de emergência das quais fazem parte psicólogos.
Estas equipas foram reforçadas também com o apoio da União das Misericórdias, sublinha o presidente da Administração Regional de Saúde (ARS) Centro. José Tereso diz que o apoio prestado tem respondido às necessidades que têm sido relatadas.
Renascença
Foto: Paulo Cunha / Lusa
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