Com olhos azuis e cabelos loiros, "o doador número 9601 é um dos mais requisitados por mulheres ricas do Brasil que estão a importar o DNA de jovens norte-americanos em números sem precedentes", revela o "The Wall Street Journal". A preferência por doadores brancos “reflete uma persistente preocupação com a raça num país onde a classe social e a cor da pele se correlacionam com evidente precisão".
A maioria dos brasileiros são negros ou mulatos, ao contrário de Othello, um cidadão norte-americano (operador de caixa de supermercado) que tem “olhos azuis, cabelos loiros e algumas sardas no rosto”. De acordo com o “The Wall Street Journal”, trata-se do “doador 9601” do Banco de Esperma de Seattle, EUA, “um dos mais requisitados por mulheres ricas do Brasil que estão a importar o DNA de jovens norte-americanos em números sem precedentes”.
Nos últimos sete anos, segundo o mesmo jornal, as exportações de sémen humano dos EUA para o Brasil aumentaram exponencialmente. “Mulheres solteiras ricas e casais de lésbicas selecionam doadores cujos perfis ‘online’ sugerem que vão resultar em crianças de pele branca e olhos azuis”, lê-se na reportagem em causa. Ou seja, verifica-se uma forma de eugenia na seleção dos doadores de esperma, com o objetivo de gerar crianças com características “caucasianas”.
“O Brasil é um dos mercados em maior crescimento para o sémen importado”, destacou Michelle Ottey, diretor laboratorial do Criobanco de Fairfax, Virginia, citado pelo “The Wall Street Journal”. Mas as preferências dos brasileiros por doadores de pele branca e cabelos loiros não é uma singularidade. Vários diretores de bancos de esperma dos EUA dizem que se trata de uma tendência global. Embora os números do Brasil sejam mais expressivos.
“Todos querem uma criança bonita e, para muitos pais no Brasil, onde o preconceito muitas vezes é profundo, isso significa o biótipo branco, com olhos e pele claros”, diz Susy Pommer, analista de dados residente em São Paulo, Brasil, com 28 anos de idade. Pommer decidiu engravidar no ano passado, depois de “um susto com um cancro da mama”. A preferência por doadores brancos “reflete uma persistente preocupação com a raça num país onde a classe social e a cor da pele se correlacionam com evidente precisão”, sublinha o jornal.
Fonte: Jornal Económico
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