Foram 14735 os sócios que votaram a destituição do presidente, num dia longo com alguma confusão dentro da Altice Arena. 71,36% disse sim à queda de Bruno, contra 28,64%
Bruno de Carvalho vai ficar na história do Sporting como o primeiro presidente a ser destituído em 112 anos de história! Eleito em 2013, depois de obrigar Godinho Lopes a demitir-se para não enfrentar a "vergonha" de uma destituição em Assembleia Geral (ironia do destino), o líder leonino, que foi depois reconduzido na presidência em 2017, foi este sábado afastado por vontade da maioria dos sócios.
Cinco anos e três meses depois de ter assumido a presidência, Bruno foi destituído. Jaime Marta Soares informou que 71,36% dos 14735 sócios votantes quiseram a destituição do presidente, contra os 28,64 que o apoiavam. Abstenção ficou-se pelos 0, 53%.
Quase quatro meses depois de ser legitimado por mais de 90 % dos sócios, o líder voltou a ser submetido a um teste. Desta vez não foi um teste de popularidade, mas sim um teste à competência para continuar a decidir os destinos do clube e...chumbou. Com ele caem também os restantes elementos do conselho diretivo - Carlos Vieira, Rui Caeiro, José Quintela, Luís Roque e Luís Gestas.
Falta ainda clarificar como ficará o cargo de Bruno de Carvalho na SAD (termina o mandato dia 30 de junho) até que seja marcada uma AG de acionistas para o substituir. Algo que terá de acontecer a pedido do clube, que é o maior acionista da SAD e quem decide o seu representante, algo que deverá acontecer nos próximos dias, sendo que a Holdimo (maior acionista privado da SAD) já solicitou ao Tribunal Judicial da Comarca de Lisboa, um processo de destituição dos administradores da Sociedade.
Chega assim ao fim o polémico reinado de cinco anos de Bruno de Carvalho, com os últimos quatro meses muito conturbados. A gota de água surgiu no dia 15 de maio com o ataque de um grupo de adeptos a jogadores e staff em plena Academia, em Alcochete, que levou nove jogadores a rescindir com o Sporting.
O sucessor será escolhido no dia 8 de setembro - e Bruno de Carvalho pode recandidatar-se, apesar de ter dito que não o iria fazer. Até lá, salvo algum pedido de impugnação ou outro qualquer artifício jurídico, o clube vai ser gerido pela Comissão de Gestão liderada por Torres Pereira, que até 2017 foi vice-presidente da direção de Bruno de Carvalho.
24 post no Facebook sobre AG
Qual condenado que enfrenta o seu carrasco, Bruno decidiu enfrentar a Altice Arena depois de publicar 24 mensagens no Facebook sobre o que se passava no interior do pavilhão, ele que a 4 de fevereiro criticava no mesmo Facebook quem "ilegalmente" filmava uma intervenção numa Assembleia.
Cansado de ver os acontecimentos de longe, o líder do conselho diretivo e os membros da direção que se mantiveram fiéis a ele, deram entrada no pavilhão, pela garagem. Entrou aplaudido por uns e apupados por outros. Dirigiu-se à Mesa e pediu a palavra, mas Marta Soares disse-lhe que "não", afinal o período dado para as intervenções dos sócios já tinha terminado. Não falou, mas cantou - "E o Sporting é o nosso grande amor..." e fez vénias aos adeptos.
Depois, qual mestre de cerimónias, fez uma ronda pela sala e trocou ideias com alguns associados e foi para a fila para votar. Enquanto esperava foi tirando selfies com alguns sportinguistas, alheio ou não a quem defendia que não podia exercer o direito de voto numa AG de causa própria, ou seja, de destituição dele próprio como presidente. Uma incompatibilidade, segundo o art.º176 do Código Civil.
"Bruno de Carvalho não devia ter votado" e "não estava credenciado" para entrar por onde entrou, acusou Henrique Monteiro, da Comissão de Fiscalização. Mas essa será mais uma discussão, entre muitas outras, para os próximos dias. Para o registo fica o voto do presidente.
Empurrões a Álvaro Sobrinho
Apesar dos muitos focos de tensão, com assobios e insultos entre apoiantes de Bruno de Carvalho e os que estão contra ele (leia-se Marta Soares), a AG decorreu sem problemas de maior. O único incidente digno de registo foi protagonizado pelo presidente da Holdimo. Até porque a presença da polícia e de elementos de segurança privada dentro do pavilhão foi uma constante.
Segundo relatos de vários adeptos, Álvaro Sobrinho foi agredido com copos, isqueiros e outros objetos, além de ter sofrido alguns empurrões, que o obrigaram a barricar-se numa casa de banho até que a PSP e a segurança privada o conseguirem retirar em segurança. Minutos depois, Sobrinho minimizou a situação e, em declarações à TVI, disse que se tratou de "tentativas de agressão", "numa situação orientada". Depois esperou em local incerto e exerceu o direito de voto, devidamente escoltado, já perto do fecho das urnas.
Santana, Roquette, Dias da Cunha
Na fila como qualquer outro dos cerca de 15 mil associados que se deslocaram ao Altice Arena estiveram os ex-presidentes José Roquette, que fez mais de 400 quilómetros para pode votar "e ajudar o Sporting a sair do buraco em que está". E também Santana Lopes e Dias da Cunha esperaram pela sua vez para votar. Como eles, mas de orelhas a arder, Sousa Cintra, que aceitou fazer parte da Comissão de Gestão liderada por Torres Pereira, e revelou não estar surpreendido com a presença de Bruno de Carvalho na AG.
José Maria Ricciardi foi o mais apupado do dia, mas nem isso o demoveu de ir votar. Um direito de sócio que José Couceiro e Pedro Baltazar, dois ex-candidatos à presidência, também exerceram. Tal como Inácio, João Benedito, Paulo Futre, José Eduardo e Frederico Varandas, entre outros.
DN
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