domingo, 15 de julho de 2018

INTERNACIONAL|ITÁLIA Fascistas italianos e polacos fazem rondas na praia de Rimini

As organizações de extrema-direita Forza Nuova e Campo Nacional Radical promoveram na cidade italiana a «primeira operação europeia para a segurança». Grupos antifascistas manifestaram preocupação.
Fascistas italianos e polacos a patrulharem as praias de Rimini (Itália)
Patrulhas e caminhadas «com vestimentas negras» ao longo da praia, e uma foto de grupo no local onde no ano passado duas raparigas polacas foram violadas, na cidade costeira de Rimini, foram algumas das actividades levadas a cabo, na semana passada, pelos fascistas italianos da Forza Nuova (FN) em conjunto com os polacos do Campo Nacional Radical (ONR, na sigla em polaco).
A iniciativa, organizada pela secção local da FN e caracterizada como a «primeira operação europeia para a segurança», decorreu durante cinco dias, entre 5 e 9 de Julho, e, além dos «patrulhamentos», contou com conferências e encontros entre os grupos de extrema-direita. Numa nota de imprensa, citada pelo periódico Il Fatto Quotidiano, a FN diz que «as nossas praias e os nossos parques […] viram a assídua presença dos patriotas polacos e italianos».

Fascistas disfarçados de «patriotas»

Mirco Ottaviani, coordenador regional da FN na Emília-Romanha, lamentou que tivessem sido seguidos de perto pela Polícia e, em declarações à Euronews, valorizou a «bela agitação mediática» gerada pelo encontro entre fascistas polacos e italianos.
Em seu entender, tratou-se de «uma iniciativa simbólica num tempo limitado», que foi «mal interpretada». Acrescentou, no entanto, que não «foi um evento isolado» e que «se irá repetir ao longo do Verão», tendo ambos os grupos mais acções planeadas.
Quanto à proximidade com os polacos do ONR, afirmou que «está cada vez mais forte no Leste [da Europa], onde temos alcançando grande êxito ultimamente». «Há uma mudança em curso na Europa», disse.
A FN foi um dos partidos e movimentos fascistas europeus cujos dirigentes se fizeram representar, em Novembro do ano passado, na manifestação da independência da Polónia, em que participaram cerca de 60 mil pessoas.
Marcada por slogans xenófobos e pelo enaltecimento da supremacia branca, do anti-semitismo e da islamofobia, a mobilização, de que o ONR foi um dos principais promotores, foi descrita pela TV estatal polaca como uma «grande marcha de patriotas».

Propaganda, repúdio e preocupações

Várias organizações antifascistas italianas expressaram de imediato o seu repúdio e a sua preocupação com estes patrulhamentos, que visam sobretudo cidadãos estrangeiros, e, segundo refere Il Fatto Quotidiano, causaram grande impacto as fotos «dos militantes vestidos de negro», em fila, na praia.
O presidente da Câmara de Rimini, Andrea Gnassi, disse que as autoridades competentes tomaram nota do caso e estão a adoptar as medidas necessárias, mas desvalorizou a agitação mediática em torno destes «camisas negras»: é «uma farsa em camisa negra de dez tipos que fugiram de casa e se puseram em fila para fazer uma selfie fascista».
Giusi Delvecchio, presidente da Associação Nacional de Partisans Italianos – fundada nos anos 40 por participantes na resistência ao regisme fascista –, também disse acreditar que estas actividades são, em grande medida, um «golpe publicitário». «Fecharam-se num hotel e saíram à socapa para tirar fotos quando não havia ninguém para os ver e depois lançaram-nas no Facebook como propaganda», declarou à Euronews.
Não deixou, no entanto, de se mostrar preocupado, sobretudo pelo envolvimento de um grupo fascista estrangeiro.
Por seu lado, o assessor para a Segurança do Município de Rimini, Jamil Sadegholvaad, sublinhou que da extrema-direita não vem nada de bom e, referindo-se a esta «aliança com os polacos» na cidade da Costa Adriática, lembrou que esteve ao lado das raparigas agredidas o ano passado. «Não precisamos cá de nazis polacos ou da FN», frisou.
Fonte:abrilabril

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