Enquanto os jornais (os que lemos e os que vimos e ouvimos) nos trazem notícias da crise, dos casos e de eleições do lado de lá, há alguém que resiste ao lamaçal em que a política nos tem colocado e teima inserir na ordem do dia outras notícias.
Notícias que nos falam do passado que queremos presente. Notícias que nos fazem recordar aqueles que marcaram a sua época. Culturalmente e não só.
E Maia Alcoforado é um desses personagens. Alentejano de Panoias, Ourique, onde nasceu a 2 de Abril de 1899, mirense por adopção, José Francisco da Paula da Ressurreição Oliveira Maia Alcoforado foi marinheiro, inspector da Gulbenkian, poeta, escritor e jornalista. Republicano, foi perseguido e detido pela polícia de Salazar. Homem de antes quebrar que torcer, Maia Alcoforado viveu na clandestinidade e não teve tempo de acordar na manhã libertadora de 25 de Abril de 1974 pois faleceu alguns meses antes.
De palavra fácil, Maia Alcoforado fazia parar Mira quando subia para cima de um banco e discursava. Activo na campanha de Norton de Matos, em 1949, Maia Alcoforado disse, em entrevista ao Diário de Coimbra, que o movimento gerado em volta do general era “a consequência natural da luta travada pelos democratas sem a qual não era possível estruturar esta grandiosa manifestação do povo português, em torno da figura indiscutivelmente prestigiosa do senhor general Norton de Matos, pois se sabe de facto, que só através da luta política é possível forçar os regimes de opressão a conceder cada vez mais liberdade”.
Mira não esqueceu o republicano Maia Alcoforado e, em 2012, o Movimento Cultura e Cidadania lembrou-o com a leitura de textos seus e com a lembrança daqueles que tiveram o privilégio de conviver com ele. E com palavras de ontem e de hoje se lembrou assim o homem e a sua vasta obra. Dentro de dias, a lembrança vai voltar e a ACORDAI! irá fazer viver, de novo, a sua memória de republicano puro. Estejam atentos.
ANTÓNIO VERÍSSIMO