♦ Eugenio Trujillo Villegas
Diretor da Sociedad Colombiana Tradición y Acción
No mês de outubro passado, Jair Bolsonaro foi eleito Presidente do Brasil. Seu amplo e inquestionável triunfo levanta uma série de interrogações que são radicalmente ignoradas por quase todos os meios de comunicação do mundo, merecendo por isso uma análise profunda. Vejamos, então, algumas das razões que explicam a preferência do eleitorado por ele.
Bolsonaro foi durante muitos anos membro do Parlamento brasileiro, onde se deu a conhecer ao País, embora sem destaque especial ou liderança significativa. Quando foi lançado como candidato à Presidência — como ele mesmo explicou após ser eleito —, não tinha partido político, dinheiro, nem tampouco qualquer meio de comunicação que o apoiasse.
No entanto, esta não foi a maior dificuldade a superar. Muito piores foram as perseguições, difamações, calúnias e tentativas de ridicularizá-lo por causa de suas ideias. Sem a menor consideração, com os termos mais depreciativos, lançaram contra ele os epítetos de fascista, nazista, extremista, fanático, ditador, e muitos outros, igualmente gratuitos e infundados. Quando procurava explicar os princípios da sua campanha presidencial, todos os meios de comunicação, como se tivessem feito entre si um pacto secreto de difamação, desacreditavam-no, dizendo que ele era contra as mulheres, os negros, os índios, os pobres, os comunistas, os imigrantes, a liberdade de expressão, e muitas outras tolices. Os jornais, os canais de TV, as rádios, não só no Brasil, mas na América Latina, nos EUA e na Europa, repetem e continuam repetindo a mesma cantilena mentirosa, com evidente má-fé.
A perseguição contra Bolsonaro fê-lo crescer
Como explicar ao mundo que, apesar de tamanha perseguição, de tantas ofensas, difamações e ataques pessoais, Jair Bolsonaro tenha acabado ganhando amplamente as eleições no Brasil? Esta é a questão que todos aqueles que atiraram pedras e infâmias contra ele não se atrevem a responder. Além disso, para a fúria e perplexidade de seus detratores esquerdistas, eram precisamente as mulheres, os negros, os pobres, os índios, e também todas as vítimas do socialismo, que votavam nele.
Então, o que levou Bolsonaro a ser catapultado à Presidência do Brasil?
Primeiro, a derrocada do Partido dos Trabalhadores (PT), que durante 13 anos destruiu a economia brasileira, criando uma espiral de corrupção e pilhagem sistemática de ativos estatais que levou o Brasil à maior crise econômica de toda a sua história. Dois períodos presidenciais de Lula da Silva e pouco mais de um de Dilma Rousseff foram suficientes para desmantelar o aparato produtivo do País. Sem falar dos oito anos de Fernando Henrique Cardoso, que pavimentou o caminho para Lula e o PT.
Fiéis aos fracassados princípios socialistas, os dois ex-presidentes petistas engendraram um plano mortal com o qual buscavam acabar com a pobreza no Brasil: conceder inúmeros subsídios a cada família pobre. Noticia-se que tal tolice teria beneficiado cerca de 15 milhões de famílias, prejudicando a economia e rendendo votos para o PT.
Os socialistas dirão que este foi um magnífico exercício de solidariedade social, mas o senso comum e as leis da economia dizem algo completamente diferente. Quem recebe subsídios nunca volta a procurar emprego e se torna uma carga morta para o Estado. E a riqueza da nação, que é a soma de poupança e impostos, é consumida para manter o sistema improdutivo que mais cedo ou mais tarde acabará em colapso, porque o dinheiro para desperdiçar não dura para sempre.
Como o dinheiro público foi gasto irresponsavelmente, a corrupção socialista tomou conta de todo o aparato estatal. A Petrobras, a estatal petroleira, foi objeto de saques ultrajantes; a Odebrecht, uma construtora corrupta, distribuiu subornos em todos os lugares entre os funcionários do governo para manter os grandes contratos; os funcionários mais importantes do PT e do governo estavam em listas paralelas de subornos mensais milionários (“Mensalão”); rios de dinheiro público deixaram o Brasil para financiar o socialismo em nações vizinhas, como Cuba, Venezuela e Nicarágua; o Fórum de São Paulo, essa multinacional do terrorismo ideológico da esquerda, recebeu milhões de dólares para todos os seus projetos subversivos.
Mas a corrupção cobrou seu preço e o Brasil ficou escandalizado com todos os canalhas que o governavam. Um grande movimento de restauração inundou as ruas de todo o País, exigindo punição e prisão para Lula e seus sequazes, responsáveis por tal desastre. Então, a figura salvadora de Bolsonaro cresceu como a espuma, porque ele prometeu uma mudança radical de rumo para salvar o Brasil.
O fator religioso foi fundamental na mudança do Brasil
Finalmente, é necessário destacar que o fator religioso foi o mais importante de todos nessa virada radical para a direita. O Brasil foi uma nação profundamente católica até o Concílio Vaticano II, mas desde então tem sido devorado pela esquerda católica e pela teologia da libertação. Quase todos os bispos e clérigos decidiram demolir o catolicismo, expulsando da Igreja os fiéis que não aderiram às correntes progressistas e socialistas. Foi uma ação devastadora, que poderia ser considerada como a maior antievangelização da História, na qual quase 40 milhões de fiéis católicos deixaram a Igreja e aderiram aos cultos cristãos, expulsos pelo procedimento dos bispos e dos párocos que promoviam a esquerda católica. O clero católico-progressista se tornou a ponta de lança da revolução socialista, e o PT de Lula nasceu, cresceu e se desenvolveu nas sacristias católicas e nos palácios episcopais dominados pela teologia da libertação.
Os católicos que abdicaram da sua fé e agora pertencem às igrejas cristãs, juntamente com os verdadeiros católicos que ainda permanecem na Igreja, tornaram-se um sólido baluarte religioso. Foram eles que se opuseram com coragem e determinação a todos os fatores de demolição da família, como a ideologia de gênero, a politização marxista da educação, o aborto, a revolução homossexual, o transgenerismo, e outras aberrações do estilo. E também foi o Brasil autêntico, profundo e tradicional que votou em Bolsonaro. Paradoxalmente, os cristãos foram votar nele pelas mãos de seus pastores, enquanto os católicos o fizeram contra a orientação de seus bispos e párocos, que durante anos têm sido os mais radicais defensores do PT, da luta de classes e da revolução social.
Devemos reconhecer com horror que, na Igreja Católica, a grande maioria dos pastores se tornou verdadeiros lobos que dizimaram o rebanho a eles confiado por Nosso Senhor. As paróquias foram esvaziadas de fiéis, e os bispos do Brasil não mais representam quase ninguém, num assustador processo de autodemolição.
Essa batalha contra a esquerda católica foi liderada no Brasil e em todo o mundo pelo Prof. Plinio Correa de Oliveira. A partir de 1943 ele deu o sinal alarme sobre essa tragédia, através de escritos, conferências, livros e denúncias públicas. Sua obra insigne, as associações Tradição Família e Propriedade se espraiaram por todo o mundo e se constituíram em porta-estandartes dessa luta dentro da Igreja. Embora alguns as rotulem injustamente de fanáticas e extremistas por suas denúncias, os acontecimentos atuais no Brasil, que estão sendo repetidos em muitas nações ocidentais, lhes dão sobradas razões.
Fonte: ABIM
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