A Sociedade Civil moçambicana pretende que o Fundo Monetário Internacional (FMI) diga “claramente ao Credit Suisse que não pode lavar as mãos como fez Pilatos, dizer que foram uns funcionários que fizeram e o banco não sabia” de acordo com Adriano Nuvunga a Justiça norte-americana trouxe novos elementos ao caso das dívidas ilegais “a parte dívida ilegal foi a concretização de uma fraude, portanto muda de figura por completo e há regras internacionais”.
Diante das revelações da Justiça norte-americana que a contratação dos empréstimos de mais de 2 biliões de dólares norte-americanos foi apenas uma justificação para uma gigantesca fraude que beneficiou banqueiros, membros do Governo moçambicano e do partido Frelimo o Fórum de Monitoria do Orçamento (FMO) escreveu, dentre cinco missivas para instituições internacionais, ao FMI para dizer “que há novos elementos”.
“O elemento novo mais importante é que afinal isto não foi uma dívida ilegal, a parte dívida ilegal foi a concretização de uma fraude, portanto muda de figura por completo e há regras internacionais como a FCPA (sigla em inglês da Foreign Corrupt Practices Act , ou Lei de Práticas de Corrupção no Exterior dos Estado Unidos da América)” explicou Adriano Nuvunga ao @Verdade.
O representante do FMO declarou ainda que: “Há duas coisas importantes que o Fundo Monetário pode fazer, uma em relação ao sistema financeiro mundial afinal é na verdade o boss da banca internacional que muita dela é bandida e pode dizer claramente ao Credit Suisse que não pode lavar as mãos como fez Pilatos, dizer que foram uns funcionários que fizeram e o banco não sabia, houve claramente violação de processos internos do banco e tem que se responsabilizar”.
O @Verdade revelou que grande parte das provas que a acusação norte-americana tem e levou a acusação e pedidos de detenção de Manuel Chang, António Carlos do Rosário, Maria Isaltina Lucas, de três antigos funcionários do banco financiador da Proindicus e EMATUM e ainda de um ex-executivo do grupo Privinvest foram conseguidas através do banco Credit Suisse, o principal financiador, que pretende sair incólume de toda a fraude e deixar a responsabilidade pelo pagamento das dívidas para o povo moçambicano.
Adriano Nuvunga chamou ainda atenção para o facto de “nós estamos a falar sobre uma coisa que aconteceu mas o Governo de Nyusi está em actividade desde 2015, como é que nós sabemos que neste período não estão a cometer-se coisas idênticas, para que não aconteça de novo precisamos do Fundo Monetário Internacional. Chang e Guebuza só conseguiram fazer este calote porque o pacote de reforma que o Fundo Monetário pensava que era bom não foi suficiente, porque se fizeram reformas sem partir muito bem os ovos”.
Nuvunga concluiu declarando que Moçambique precisa “de um pacote de reformas compreensivo para que não volte mais a acontecer, enquanto há o accountability em torno deste problema”.
Recorde-se que o FMI deixou a impressão de haver mudado a sua atitude para com o Governo de Moçambique após as missões que aconteceram em 2018. Aliás a última Missão da instituição financeira multilateral que visitou o nosso país em Novembro último já não referiu as lacunas que antes indicava existirem na auditoria da Kroll e até acolheu “com agrado os esforços contínuos da Procuradoria-Geral da República, em cooperação com os parceiros de desenvolvimento, para trazer responsabilização relativamente à questão das dívidas anteriormente ocultas”.
Além disso o Representante do Fundo Monetário Internacional em Moçambique revelou ao @Verdade que o Conselho de Administração da instituição já havia reavaliado o misreporting relativamente ao cenário macroeconómico que surgiu após a descoberta das dívidas das empresas Proindicus e MAM e culminou com a suspensão do seu Programa Financeiro em Abril de 2016.
Fonte: Jornal A Verdade, Moçambique
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