As Contas Nacionais do 4º Trimestre desmentem que os indicadores económicos “marcam o início do pós-crise” em Moçambique como anunciado pelo Presidente Filipe Nyusi em Julho passado. “A economia cresceu 3.3 por cento em 2018” indica o documento produzido pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) contra o plano governamental de 5,3 por cento. A desaceleração da economia registou-se em todos os sectores e é a mais baixa desde o ano 2000.
“As estimativas anuais do Produto Interno Bruto a preços de mercado (PIBpm) em 2018, apontam para o crescimento da economia em 3,3 por cento mostrando uma desaceleraçao da economia face ao período homólogo em cerca de 0.47 pontos percentuais. O quarto Trimestre do ano cresceu, face ao trimestre homólogo de 2017, em cerca de 3,1 por cento”, refere o documento tornado público esta semana.
Longe dos 7 por cento da governação de Armando Guebzua o desempenho da actividade económica em 2018 foi influenciado pelo sector secundário. A Indústria transformadora que o Executivo perspectivou crescer 5 por cento ficou-se pelos 2,4 por cento, a Electricidade, gás e Água ficou estagnado contra uma previsão de 7 por cento, e a Construção que se esperava atingir os 3,8 quedou-se em 1 por cento negativo.
No Sector Primário as projecções do Executivo de Nyusi também goraram-se. Na Agricultura, pecuária, caça, silvicultura e exploração florestal o crescimento foi de 3,7 contra 4,4 por cento, a Pesca ficou-se pelos 3,7 comparativamente a previsão de 3,8 por cento, e a Indústria de extracção mineira onde a expectativa eram 13,8 quedou-se nos 11,8 por cento.
A excepção positiva aconteceu na Administração Pública, Defesa e Segurança que cresceu 5,7 por cento relativamente a previsão de 1,3 por cento, e na Educação que ascendeu a 6,1 contra os 3,7 por cento previsto.
No restante Sector terciário o crescimento económico esteve abaixo das expectativas. O Comércio e Serviços de Reparação alcançou 2,5 para previsão de 7,2 por cento, os Hotéis e Restaurantes 2,6 contra 5 por cento projectados; o Transporte, armazenagem e actividades auxiliares dos transportes e Informação e Comunicações quedou-se nos 3 por cento do plano de 11 por cento; os Serviços Financeiros ficaram-se em 1,9 para uma meta de 4,5 por cento; e os Outros Serviços não foram além de 0,3 por cento de uma previsão de 4,3 por cento.
Estes números revelam claramente que a economia continuou em crise no ano passado, deverá influenciar em baixa os vários rácios macroeconómicos e manter a expectativa que se vive em Moçambique em mais um ano de busca da paz, Eleições Gerais e da Decisão Final de Investimentos dos bilionários projectos de exploração de gás natural existente em Cabo Delgado.
Banco Mundial previu que economia em Moçambique “continua a enfrentar a recessão que se seguiu à crise da dívida”
Um banqueiro entrevistado explicou que enfim “batemos no fundo em 2018” e daqui em diante iniciará a retoma da economia.
A fonte, que falou sob a condição de anonimato, acrescentou que grandes fluxos de divisas deverão entrar na economia moçambicana nos próximos meses, em resultado da Decisão Final de Investimento da Anadarko, que lidera o consórcio que vai explorar o gás natural existentes na Área 1 da Bacia do Rovuma. Porém a má notícia para as famílias é que a inflação terá já atingido o seu valor mais baixo e daqui em diante voltará a subir.
Para o Banco Mundial, que previu um crescimento tão baixo, diagnosticou em meados de 2018 que “Dois anos após as revelações das dívidas ocultas que desencadearam uma crise económica significativa, Moçambique está a começar a emergir de um período de elevada volatilidade macroeconómica”.
“O crescimento do PIB caiu para uma média de 3,8 por cento entre 2016 e 2017, comparativamente à média de 8% que se verificou ao longo da década anterior, havendo a expectativa de que venha a atingir uma taxa ligeiramente mais baixa em 2018, no valor de 3,3 por cento, enquanto a economia continua a enfrentar a recessão que se seguiu à crise da dívida de 2016”, indica a publicação Actualidade Económica de Moçambique do Banco Mundial, aludindo a descoberta dos empréstimos inconstitucionais e ilegais das empresas Proindicus e MAM.
De acordo com esta instituição financeira multilateral que continua a ser o maior financiador de Moçambique e do partido Frelimo, “A procura privada, principalmente de serviços, que constituiu o maior factor de impulso do crescimento nos anos que precederam a crise económica, diminuiu significativamente. Este fenómeno reflecte a extensão da redução do poder de compra dos consumidores, principalmente das famílias, que enfrentaram uma subida dos custos sem que os seus rendimentos tivessem aumentado ao mesmo ritmo. Também assinala a redução da capacidade de contributo do sector privado para o crescimento, bem como a reduzida capacidade da economia para gerar um volume suficiente de empregos.”
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