terça-feira, 30 de abril de 2019

CM CASTELO DE PAIVA PROMOVEU COMEMORAÇÕES DO 25 DE ABRIL

 Banda de Fornos festejou 110 anos de actividade
Concertos com fanfarras e bandas musicais, sessão solene da Assembleia Municipal, abertura do Jogos Desportivos e o habitual Desfile das Colectividades locais, foram as principais iniciativas que marcaram este ano, os festejos do 25 de Abril em Castelo de Paiva, organizados pela autarquia local, apesar de condicionados pele mau tempo que se fez sentir nos últimos dias.


Câmara Municipal de Castelo de Paiva gizou um programa das comemorações do 45º Aniversário do 25 de Abril, agendando diversas actividades para o feriado nacional que, como é habitual, voltou a integrar as cerimónias de abertura dos Jogos Desportivos, que este ano contabilizam a sua 33º edição, registando-se a presença de milhares de pessoas nas actividades que se desenrolaram na zona central da vila.

No dia do feriado do 25 de Abril, o programa contemplou, no espaço do Salão Nobre da Câmara Municipal, uma sessão solene evocativa da Assembleia Municipal, orientada para os 45 anos do 25 de Abril,  que este ano foi associada à importância da comunicação social em Castelo de Paiva, onde para além das intervenções políticas, registaram-se vários momentos musicais interpretados por alunos da Academia de Musica de Castelo de Paiva.

No ciclo de intervenções, para além do presidente da Câmara Municipal, Gonçalo Rocha e da representante da Assembleia Municipal, Carla Freitas, respectivamente, usaram da palavraFátima Strech, em nome do Partido Socialista, e Tiago Rocha, em nome do PSD, assim comoSérgio Afonso, em nome do jornal TVS, e Emanuel Damas, em representação da Cooperativa Nova Paivense FM.

                Na sua prelecção, falando em nome da Assembleia Municipal, Carla Freitas lembrou os tempos de um regime político autoritárioautocrata e corporativista, onde nada podia ser dito, pensado ou reflectido, e onde se vivia sob a alçada de um poder bolorento e tirano, recordando depois, o papel das rádios no arranque da Revolução de Abril e dos jornalistas que, durante 41 anos, foram “malabaristas” das palavras, onde com uma linguagem metafórica, eufemística até, tentaram emitir e transmitir notícias, histórias e realidades que chegassem com verdade aos seus leitores e ouvintes. Por vezes, com sucesso, maioritariamente censurados, mas sem desistirem do seu objectivo, que seria informar com verdade, daí poder dizer que, tiveram ao longo da ditadura, um papel fulcral na informação e abertura de mentalidades.

         A deputada municipal sublinhou que, “ com o 25 de Abril chegou a hora de libertar os presos políticos, de soltar amarras, de ser livres em toda a ascensão da palavra. Livres de pensar, de agir, de votar, de eleger e sermos eleitos, de decidir, de recusar e de nós mulheres, enquanto frutos de Abril, todas nós que estamos aqui, sermos realmente mulheres livres, com opinião e poder decisório na vida pública “.

         E lembrando que um Povo que não lê, um povo que desconhece a verdade e a realidade, ou é iletrado ou será sempre um povo escravo, Carla Freitas referiu que a liberdade de expressão também se fez notar em Castelo de Paiva. Com grupos de jovens reivindicativos, informados e corajosos que tinham a luta nos olhos e nas mãos. Criaram juntos a imprensa escrita. O Jornal Miradouro manteve-se, mas como jornais locais nasceu o Chafariz, o Terras do Paiva e o Tal Jornal, onde as notícias eram ditas livremente nos cafés, nas tavernas e nos barbeiros. Até no Largo do Conde, onde já poderia haver” ajuntamentos”, discussões de ideias, ideais e valores, concluindo que, hoje juntos, novos e velhos,  antes e pós Abril de 1974, com a plena consciência e com a certeza absoluta que valeu a pena, que um Povo de alma grande, também se quer culto, interessado, informado e, essencialmente, livre.

 No momento de realçar a comemoração do 25 de Abril, o presidente da edilidade, Gonçalo Rocha puxou pela memória colectiva e destacou que o 25 de Abril está associado à conquista da liberdade e à coragem dos que, durante 48 anos de fascismo, não desistiram de lutar, não se acomodaram e perceberam que a escuridão não é eterna, assim o queiram e façam os povos.

Orgulhoso por esta efeméride ser sempre festejada em Castelo de Paiva com grande entusiasmo e dignidade, privilegiando este ano a importância da comunicação social no concelho, destacando o Jornal TVS e o seu fundador Manuel Afonso da Silva, assim com a Radio Paivense FM, evidenciou a necessidade de transmitir aos mais novos os valores e os ideais de Abril, o conceito de liberdade, o direito de voto e de expressão de convicções e pensamentos, a evolução da sociedade portuguesa, a importância da vivencia democrática e a vontade de continuar a lutar para mudar e agir, procurando-se sempre, afirmar o país pela positiva e enaltecendo também a terra que orgulhosamente se representa.
Na sua intervenção na Sessão Solene, o presidente da CM de Castelo de Paiva falou nas conquistas de Abril e na esperança de uma vida melhor, na génese de um Poder Local democrata, autónomo e representativo da população, assumido como motor de progresso e modernização do país, onde as autarquias são o baluarte da gestão pública, um grande activo do progresso nacional, símbolos de coesão do território, caminhos de proximidade, liderando o processo de transformação infra-estrutural do país, sem comprometer o futuro das novas gerações.
O autarca recordou a importância de continuar a lutar contra as adversidades, procurando sempre erguer os valores da justiça, da igualdade e da solidariedade, evocando os grandes valores e desígnios da acção politica em Castelo de Paiva, como rigor na gestão municipal, boas contas, competência, humildade, inovação e valorização das pessoas.
         Em representação da radio local falou o jornalista Emanuel Damas, referindo a honra doconvite do convite recebido para participar nesta sessão da Assembleia Municipal, “ neste dia baluarte do Portugal moderno que a todos os democratas convoca na busca, empenhada, de uma sociedade livre, justa e solidária, onde se enaltece o 25 de Abril como ponto final no sequestro de um Povo e se festeja como o dia inteiro, claro e limpo, o princípio do parágrafo que tudo inaugura, sábio e avisado como qualquer dos mais velhos, estável e firme enquanto adulto embora irreverente, forte e determinado como só os jovens são “.
         Para o jornalista da Paivense FM, “ a comunicação social não é uma entidade vã, desprovida de responsabilidade. Uma das suas mais nobres funções é evitar que quem não convive com a oposição exercida com acuidade e respeito pelas regras do jogo democrático, seja incapaz de a amordaçar. O combate pela democracia é exigente, continuo, tem de ser um desígnio “, insistindo depois, que vivemos “ tempos absolutamente desafiantes em matéria de comunicação “, sublinhando o fácil acesso à internet, a capacidade tecnológica dos smartphones, a proliferação de redes sociais permitiram uma avassaladora comunicação que tem aberto debates intensos e cujas conclusões ainda parecem distantes. Aconteceram nos Estados Unidos da América, e no Brasil, eleições condicionadas pela orquestrada intoxicação de notícias falsas disseminadas através das redes sociais que, também na Europa, tiveram quota-parte de sucesso, por exemplo, no resultado do referendo que determinou o Brexit  “ .
         “ A Rádio que preconizo, a Rádio que defendi no passado e que vejo como de futuro, e esta é uma opinião pessoal e a que mais ninguém vincula, é uma estrutura que concentre um significativo número de forças vivas que permita que todos contribuam na prossecução dos seus fins “ sublinhou na sua intervenção Emanuel Damas, defendendo um órgão de comunicação social totalmente Paivense, aberto à região, claro, mas que defenda os superiores interesses do Município, conforme os estatutos que alicerçaram a primeira Cooperativa composta por onze indivíduos dos quais, António Henrique Freitas, António José Nunes, Joaquim Vieira e José Alberto Caetano ainda se mantém no activo, para depois concluir que, “
com imaginação, alguma arte, convergindo recursos públicos e privados, seria esse um modelo de órgão de informação que, acredito, perduraria como mecanismo de controlo democrático apurado revestindo de excepcional ferramenta promocional de Castelo de Paiva, sem deixar de ser companhia diária ainda mais profícua, até para quem está emigrado “.
         Já Sérgio Afonso, em representação do Jornal TVS, manifestou-se agradado por esta oportunidade de ver o seu pai Manuel Afonso da Silva homenageado no concelho que o acolheu, referindo que, “ costuma-se dizer que as homenagens devem ser feitas em vida, mas, esteja onde estiver neste momento, tenho a certeza que o meu pai está muito contente porque, embora não nascesse em Castelo de Paiva nem cá tivesse raízes familiares, veio para cá ainda jovem, desenvolveu aqui a sua atividade profissional, fez aqui os melhores amigos, passou aqui a maior parte da sua vida e fez questão que os filhos nascessem aqui. O engrandecimento e progresso de Castelo de Paiva foi uma das suas maiores preocupações e acho que conseguiu fazer algo de positivo por este concelho “.
         O jornalista agradeceu esta homenagem em nome da família e dos profissionais da Gráfica Paivense e do jornal TVS ao Município de Castelo de Paiva, essencialmente ao presidente Gonçalo Rocha, pessoa que seu pai muito estimava, lamentando que ele tivesse partido sem presenciar a sua eleição, mas deixando vincada a satisfação e alegria de constatar que, “ Castelo de Paiva não se esqueceu do meu pai, 13 anos depois do seu desaparecimento, isso é motivo de orgulho e satisfação para todos nós".
Apesar do mau tempo, a tarde foi preenchida pelo habitual desfile das associações desportivas e culturais do concelho e exibição da Fanfarra dos Bombeiros Voluntários de Castelo de Paiva, concretizando-se a abertura dos XXXIII Jogos Desportivos, uma iniciativa municipal que se prolonga até ao final de Setembro e movimenta centenas de atletas de todas as freguesias do concelho, sendo que, o programa das comemorações contemplou também uma largada de pombos e outras actividades.
Toda esta envolvência e este dinamismo cultural associativo, tal como disse na abertura o presidente da CM, Gonçalo Rocha, é uma força representativa das colectividades que, com sucesso e orgulho, marcam presença e continuam a valorizar e a prestigiar o concelho e esta iniciativa anualmente desenvolvida pela edilidade paivense.
A jornada comemorativa do 25 de Abril encerrou com um concerto musical, com a presença da Banda Marcial de Fornos, sob a regência de David Silva, no espaço do Auditório Municipal, e um jantar de confraternização evocativo do 110º aniversário da popular filarmónica paivense, numa participação que sempre desperta natural entusiasmo e expectativa nos aficionados, dignificando as comemorações deste Dia da Liberdade em Castelo de Paiva.

Carlos Oliveira 

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