quinta-feira, 16 de maio de 2019

Castelo de Paiva | REDE SOCIAL DE CASTELO DE PAIVA PROMOVEU PALESTRA SOBRE SAUDE MENTAL


Em parceria com o Projecto “ P`los Trajetos da Vida “, realizou-se ontem, no espaço do Salão Nobre da Câmara Municipal de Castelo de Paiva, a palestra denominada  “ Saúde Mental Um desafio Actual ”, uma iniciativa promovida pelo Gabinete Local da Rede Sociale que contou com a participação de diversos especialistas e do presidente da edilidadeGonçalo Rocha na cerimonia de abertura.  

     Na sua intervenção, o edil paivense louvou a organização e a oportunidade desta palestra, agradecendo a presença e a participação das entidades convidadas, sublinhando a proximidade com esta temática e a importância de se discutir a problemática da saúde mental, de forma a quebrar alguns dos tabus associados a estas doenças.

     Para falar de “ Suicídio: prevenção e factores de risco “, esteve presente a psiquiatraJoana Pinheiro, evidenciando que, o suicídio vai contra o nosso instinto mais primário, o instinto da sobrevivência, apresentando –se como um problema que está longe de ser controlado, destacando que, é mais frequente em indivíduos do sexo masculino, sendo que, os dados revelados dizem que os homens têm três vezes mais hipóteses de se suicidarem que uma mulher.
     Esta psiquiatra do CHTS – Hospital Padre Américo, salientou que, dois terços das pessoas que tentam ou pensam em cometer suicídio pedem ajuda e que as perturbações mentais e o cancro são as doenças associadas ao suicídio, assim como o bullying representa, também, um grande factor de risco, tanto para a vítima como para o agressor, embora em proporções diferentes mais associadas ao suicídio, concluindo que, é previsível que o número de suicídios continue a aumentar.
     Por sua vez Mara Pinto e João Quarenta, pedopsiquiatras da mesma unidade hospitalar, que vieram falar sobre população adolescente e comportamentos autolesivos, embora com conteúdo adequado aos adultos, destacaram na sua palestra os Comportamentos auto lesivos = Comportamentos não letais, referenciando que, 10% dos jovens apresentam comportamentos auto lesivos pelo menos uma vez na vida, sendo mais frequente em raparigas, sendo que, este tipo de comportamento verifica-se mais comummente em faixas etárias entre os 12 e 14 anos, e nos rapazes o tipo de comportamentos não letais mais comuns são queimaduras auto infligidas e o envolvimento em lutas de onde, sabem, sairão derrotados, e nas raparigas, é mais frequente optarem por cortes no próprio corpo.
     Sobre estes dados Mara Pinto citou a justificação dada pelos jovens quando assistidos nos centros hospitalares: “ Os jovens cortam-se para que a dor física supere a dor emociona l”, sublinhando depois que, os dados recolhidos asseguram que os comportamentos auto lesivos tendem a cessar no final da adolescência, evidenciando que, é muito importante não ser crítico deste tipo de comportamentos, como também é importante reter que os pais não podem cuidar dos filhos se não cuidarem de si próprios, dando o exemplo do “jogo” da baleia azul que deveria ter sido noticiado pelos órgãos de comunicação social como um esquema de manipulação e não como um jogo.
     Na palestra participaram também Orlando Von Doellinger, da equipa de saúde mental do CHTS, que abordou “ A lei de saúde mental e o internamento compulsivo “, bem comoElsa Farinhas, Juíza de Direito do Tribunal Judicial da Comarca de Castelo de Paiva, que veio falar da “ Lei da saúde mental e uma experiencia em Castelo de Paiva “, e justificou que, o internamento compulsivo não é solução, pois priva a liberdade e que se torna muito difícil ajudar quem não quer ser ajudado.
     Para a magistrada de Castelo de Paiva, “ quando todas as outras instituições falham é à minha porta (entenda-se ao tribunal) que as pessoas vêm parar, mesmo sabendo-se que, não temos qualquer formação em psicologia ou psiquiatria, pelo que se torna difícil e complicado lidar com certos arguidos “, concluindo Elsa Farinha que, os casos de internamento compulsivo que lhe passaram pelas mãos, resultaram essencialmente de doenças do foro psicológico, nomeadamente a esquizofrenia.

Carlos Oliveira

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