quarta-feira, 11 de setembro de 2019

Mundo | Pés e coração

O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia com Aécio Neves [Foto: José Cruz/Agência Brasil]
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia com Aécio Neves [Foto: José Cruz/Agência Brasil]

  • Hélio Dias Viana
“Certamente a pauta de costumes não será a prioridade […]. A prioridade é a pauta econômica, e vai ser por um bom tempo, até pela crise que o Brasil vive até hoje.”
A declaração acima, publicada por O Antagonista, é de Rodrigo Maia, presidente da Câmara de Deputados.
Ela é uma rotunda recusa em admitir o óbvio: que a eleição de Jair Bolsonaro à Presidência não se deveu principalmente ao péssimo estado da economia, herança maldita do PT, mas a outra herança dele, muitíssimo pior: a total debacle dos valores morais, que Bolsonaro prometeu resgatar.
Um exemplo de tal debacle é a própria declaração de Rodrigo Maia, que, além ignorar o fato de que não pode haver uma economia sólida sem bons costumes, denota a sua determinação de que não quer contribuir para o reerguimento do Brasil, pois, para isso, precisaria mudar o próprio modo equivocado de pensar.
Se fosse somente ele a ver as coisas assim, a situação não estaria tão ruim. Acompanha-o, entre outros, Raquel Dodge, Procuradora Geral da República, que em nome da liberdade de expressão erigida em valor supremo, não hesitou em pedir ao STF a supressão de uma ordem judicial ordenando a retirada da Bienal do Livro no Rio, de publicações libidinosas altamente nocivas às crianças.
Em uma nação bem constituída, a economia são os pés, e a moral e os bons costumes, o coração. Se o presidente Bolsonaro, atendendo ao clamor da opinião pública que o elegeu, quiser que o Brasil de fato ande e progrida, não poderá descuidar do coração da Pátria amada, cujos filhos não fogem à luta.
ABIM

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