Vladimir Kara-Murza, um conhecido opositor do regime liderado por Vladimir Putin na Rússia, foi condenado a 25 anos de prisão e uma multa de 400 mil rublos (4.400 euros) pelo tribunal de Moscovo, num julgamento realizado à porta fechada.
Kara-Murza é jornalista e está detido há um ano sob acusação de traição, de propagar informações falsas sobre a atuação do exército russo na Ucrânia, de ser um agente estrangeiro na federação russa e de liderar uma organização clandestina, detalhou a agência de notícias russa TASS.
O agora condenado fica ainda proibido de exercer atividades jornalísticas durante sete anos e a uma restrição de liberdade de movimentos durante seis meses após deixar a prisão.
"Acreditamos que várias violações processuais graves foram cometidas durante a consideração deste caso e, portanto, vamos recorrer", disse Maria Eismont, a advogada de defesa.
Vladimir Kara-Murza, vencedor em 2022 do Prémio Vaclav Havel de Direitos Humanos atribuído pelo Conselho da Europa, considerou as acusações como sendo do nível das que eram utilizadas nos julgamentos de dissidentes soviéticos nas décadas de 1960 e 1970, com uma linguagem datada dos anos 30 do século XX, quando muitos foram condenados em processos fabricados e julgamentos encenados.
A defesa alegou que Vladimir Kara-Murza foi detido apenas por expressar opiniões políticas, "por se pronunciar contra a guerra na Ucrânia e combater durantes muitos anos a ditadura de Putin".
A acusação alegou que o jornalista difundiu "conscientemente informação falsa" ao acusar as forças afetas ao Kremlin de bombardearem zonas residenciais, hospitais e escolas ucranianas durante uma declaração perante a câmara dos representantes do estado norte-americano do Arizona, em março do ano passado, poucas semanas após a invasão russa da Ucrânia.
"Não só não me arrependo como estou orgulhoso", afirmou Kara-Murza, na véspera de conhecer a sentença, numa declaração difundida por alguns meios de comunicação russos, na qual acrescentou que "aqueles que tentam travar a guerra são reconhecidos como criminosos".
Francisco Marques / Euronews
Imagem: AP Photo
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