A Comissão
Europeia e a Europa Nostra anunciaram esta terça-feira, 13 de junho,
que o projeto de investigação da “Arte-Xávega”, promovido pela
Câmara Municipal de Cantanhede, é um dos vencedores da edição de
2023 dos Prémios Europeus do Património Cultural / Prémios Europa
Nostra.
Através da
transferência de conhecimento e saber-fazer, este projeto dá a
conhecer práticas exemplares de salvaguarda da “Arte-Xávega”,
um dos últimos exemplos de pesca artesanal e sustentável na União
Europeia.
Sendo uma
técnica de pesca tradicional praticada há séculos na Praia da
Tocha, a "Arte-Xávega" alberga um enorme significado
sociológico e económico. Através de programas culturais e
educativos inovadores, este projeto do Município de Cantanhede
pretende, desta forma, celebrar, proteger e promover todo este
património cultural imaterial.
Em paralelo, a
autarquia inaugurou, em 2016, o Centro de Interpretação da
"Arte-Xávega" (CIAX), para perpetuar não apenas as
práticas e saberes transmitidas pela comunidade ao longo de várias
gerações, mas também para travar o declínio desta técnica de
pesca, que continua a ser de extrema importância no contexto local.
Através da
colaboração com a comunidade piscatória, foram implementadas
outras iniciativas, como o registo de memórias sociais e culturais,
a criação de materiais didáticos e científicos em português e
inglês, o desenvolvimento de um percurso pedestre, a construção de
um barco tradicional e a produção de ilustrações científicas
sobre a fauna marinha e avifauna da região.
No âmbito do
projeto, produziu-se ainda um documentário e promoveram-se ações
de sensibilização nas escolas e no concelho, e atividades
lúdico-didáticas para públicos de diversas faixas etárias,
mormente visitas explicativas ao CIAX e aos armazéns dos pescadores,
e uma recriação da forma tradicional de "puxar as redes".
“Através
da transferência de conhecimentos e saberes, este projeto apresenta
práticas exemplares de salvaguarda da técnica de pesca artesanal
‘Arte-Xávega’. Aborda uma área negligenciada do património
imaterial, lançando luz sobre um modo de vida em risco de se perder.
Tornando certos aspetos intangíveis mais acessíveis, ultrapassa a
componente material",
justifica o júri, adiantando que “este
projeto capta a essência do património marítimo e a sua profunda
ligação com a natureza (…) ao mesmo tempo que proporciona
benefícios substanciais às comunidades locais e à indústria do
turismo”.
Este ano, 30
projetos de 21 países europeus foram distinguidos com este
prestigiado galardão, após decisão de um júri composto por
peritos em património oriundos de toda a Europa.
Os vencedores
serão homenageados na cerimónia europeia de entrega dos prémios,
que decorre a 28 de setembro, em Veneza, Itália.
Durante a
cerimónia, serão anunciados os vencedores do Grande Prémio e do
Prémio “Escolha do Público”, selecionado entre os premiados
deste ano, que terão direito a receber 10.000€ cada.
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