Cantanhede | Apresentação realiza-se no sábado, dia 2 de agosto. Projeto experimental com luz ultravioleta promete revolucionar o tratamento de vinhas na Bairrada

O Gabinete Municipal de Apoio ao Agricultor do Município de Cantanhede está a desenvolver, pelo terceiro ano consecutivo, um tratamento experimental com radiação ultravioleta C (UV-C).

Este tratamento surge de uma parceria com a Faculdade de Farmácia da Universidade de Coimbra (FFUC), no âmbito do mestrado em Segurança Alimentar.

O projeto, bem como os seus resultados, será apresentado no Dia do Agricultor, no próximo sábado, 2 de agosto, no Centro Paroquial de São Pedro, em Cantanhede.

“Este tratamento com recurso a luz ultravioleta, surge como uma alternativa ao uso de produtos químicos, como sulfatos. Esta tecnologia, que já é usada na desinfeção de equipamentos de saúde, tem demonstrado bons resultados no controlo de doenças como o oídio, sem o uso de pesticidas”, sublinhou o vereador com o pelouro dos Recursos Naturais, Desenvolvimento Agrícola e Florestal, Adérito Machado.

Segundo o autarca, esta solução contribui para a redução do impacto ambiental e para a proteção da saúde dos trabalhadores e consumidores, uma vez que alguns fungicidas utilizados são sistémicos e entram na circulação da planta.
O ensaio está a decorrer na freguesia de Cordinhã, no concelho de Cantanhede, em quatro linhas de vinha, envolvendo cerca de 300 videiras, na Kompassus.

O tratamento é feito desde o início da vegetação, com recurso apenas a lâmpadas de radiação ultravioleta C, uma vez por semana, durante a noite.

O oídio é um fungo que vive na superfície das plantas, nomeadamente nas videiras, e por isso fica exposto aos raios UV do sol que podem danificar o seu ADN.

Para se proteger ele consegue reparar rapidamente esse ADN — mas só quando há luz. Por isso, quando se faz tratamento com luz ultravioleta gama C à noite, o fungo não consegue ativar esse mecanismo de defesa, e o tratamento torna-se mais eficaz.

Além da eficácia contra o oídio e o míldio esta solução evita o uso de químicos, não deixa resíduos, reduz a resistência dos fungos e promove práticas agrícolas mais sustentáveis, sem pegada ecológica, totalmente amiga do ambiente.