quarta-feira, 20 de abril de 2016

PANAMA PAPERS REVELAM LIGAÇÃO DE JÚDICE A OFFSHORES (MAS ELE NÃO SE LEMBRA)


 
(cv) TVI
José Miguel Júdice, bastonário da Ordem dos Advogados entre 2001 e 2004
José Miguel Júdice garante que não sabe de nada, mas documentos revelados no âmbito dos Panama Papers comprovam que o antigo bastonário da Ordem dos Advogados teve um papel central em duas offshores ligadas ao ex-banqueiro João Rendeiro.
Em causa está uma carta dirigida a José Miguel Júdice por João Rendeiro, ex-presidente do Banco Privado Português (BPP), em que o banqueiro nomeia o advogado como representante legal das sociedades Corbes Group LLC e Penn Plaza Management, conforme revelam o Expresso e a TVI.
Nessa carta, Rendeiro assume “de forma irrevogável e sem reservas a obrigação de pagamento e/ou de reembolso por si, ou através de qualquer entidade, ou sociedade da qual seja beneficiário efectivo, de quaisquer quantias que venham a ser exigidas, seja a que título for, ao Dr. José Miguel Alarcão Júdice, enquanto representante legal das sociedades Corbes Group LLC e Penn Plaza Management LLC”, cita o semanário.
Na semana passada, Júdice tinha dito ao Expresso que nunca tinha constituído nenhuma offshore e, contactado de novo pelo jornal, volta a reafirmar absoluto desconhecimento da situação.
“Que me lembre, e tenho boa memória, nunca soube que me tinham sido conferidos tais poderes, nunca os exerci e evidentemente não os exercerei”, salienta o advogado. “Nunca estive envolvido na criação ou representação de quaisquer empresasoffshore ao longo de mais de 40 anos de vida profissional, ainda que isso não seja ilegal”, sublinha ainda Júdice ao Expresso.
No entanto, a carta que o semanário revela agora no âmbito da investigação dos Panama Papers já tinha sido apreendida nos escritórios de Júdice, em 2009, pela Secção do Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa, avança oObservador.
A medida foi tomada no âmbito das investigações em torno de João Rendeiro, de quem Júdice é advogado.
A carta, entre outros documentos apreendidos, é vista como uma prova de que Rendeiro era o verdadeiro beneficiário das duas ditas offshores, proprietárias da sua casa e de um outro terreno na Quinta Patiño, em Cascais. Estes imóveis foram arrestados pela Justiça em 2013.
ZAP

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