As primeiras informações apontavam para centenas de mortes num naufrágio no Mediterrâneo. Em seguida, falou-se em mais de 400. As Nações Unidas não confirmaram o incidente. Após investigação, admitem agora que pelo menos 500 pessoas morreram no mar. Vinham em busca de uma vida melhor
Ninguém parecia saber ao certo o que aconteceu, aliás ainda restam algumas dúvidas. Depois de não confirmar a veracidade das notícias que deram conta da morte de 400 pessoas no Mediterrânico, na segunda-feira, o Alto Comissariado para os Refugiados das Nações Unidas (ACNUR) admitiu esta quarta, em comunicado, que o naufrágio pode ter acontecido. Os números apontam para pelo menos 500 refugiados mortos.
“Caso seja tudo confirmado, pelo menos 500 pessoas podem ter perdido a vida quando um grande barco naufragou no Mar Mediterrâneo, em lugar desconhecido, entre a Líbia e Itália”, lê-se no relatório diário do ACNUR. “A nossa equipa falou com os sobreviventes daquela que pode ser a pior tragédia dos últimos 12 meses.”
Depois das primeiras notícias na segunda-feira, a organização partiu em buscas de respostas. Na altura, a história foi divulgada em primeira mão pela BBC Arabic, após uma entrevista a um embaixador líbio no Egito. Depois surgiram alguns testemunhos de sobreviventes que falaram com o canal. Até esta quarta-feira, a ONU não tinha dado nada como certo.
Um grupo de 41 sobreviventes, que atualmente está abrigado num estádio em Calamata, na península grega de Peloponeso, é composto por 37 homens, três mulheres e uma criança com três anos. São maioritariamente somalis (23 pessoas) mas também há 11 etíopes, seis egípcios e um sudanês.
Contam que há uma semana partiram de uma pequena localidade junto a Tobruk, no norte da Líbia. Entraram num barco com cerca de 30 metros de comprimento. Parecia ser suficientemente grande mas não foi. Havia pessoas a mais. Os sobreviventes falam entre 100 a 200 pessoas a bordo.
Algures no meio da travessia e após várias horas no mar, os traficantes tentaram transferir os refugiados para uma embarcação maior, onde já estavam outros tantos refugiados. Esse segundo barco já estava sobrelotado. Foi durante esse transbordo que o barco maior virou e afundou.
Os 41 sobreviventes são as pessoas que ainda não tinham mudado de embarcação. Entre o grupo ainda existem alguns refugiados que quando caíram ao mar nadaram até ao barco mais pequeno. Depois ficaram à deriva. Durante três dias não tinham destino ou rumo.
A 16 de abril foram resgatados.
A confirma-se tudo isto, este poderá ser o incidente que mais vítimas causou nos ultimo ano. No entanto, apesar de menores dimensões, muitos outros naufrágios continuam a acontecer. Segundo dados da ONU, em 2016, entre mortos e desaparecidos no Mar Mediterrâneo, contam-se 1261 pessoas.
Este ano já chegaram à Europa, por mar, 179556 pessoas que fogem dos países de origem à procura de um destino melhor.
Fonte:Página Global
quarta-feira, 20 de abril de 2016
Marta Gonçalves - Expresso – Foto: OZAN KOSE/ GETTY IMAGES
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