Os Estados Unidos detectaram o primeiro caso de uma “superbactéria” resistente aos antibióticos de “último recurso” – uma temida estirpe da “Escherichia coli” detectada pela primeira vez na China em novembro – que pode significar o fim da eficácia daqueles medicamentos.
Esta superbactéria contém o mcr-1, o gene responsável pela resistência à colistina, o último antibiótico que se mostrava eficaz contra as mais recentes bactérias multi-resistentes identificadas.
“Basicamente, mostra-nos que o fim do caminho para os antibióticos não está muito longe, que estamos numa situação em que teremos pessoas em unidades de emergência ou com infecções urinárias para as quais não teremos medicamentos”, disse o diretor do Centro de Prevenção e Controlo de Doenças, Tom Frieden, em entrevista publicada hoje no Washington Post.
Os investigadores detectaram a bactéria em abril, na Pensilvânia, na urina de uma mulher de 49 anos que não se ausentou do país durante os últimos cinco meses, explicaram as autoridades de saúde norte-americanas.
A estirpe da bactéria tem o gene mcr-1, um gene móvel com resistência à colistina, o antibiótico que as autoridades de saúde utilizam como último recurso nos casos das bactérias mais difíceis de combater.
Apesar de haver bactérias resistentes à colistina, esta resistência não era transmitida a outras bactérias, pelo que o código genético responsável por esta resistência não era propagado.
A descoberta indicia o “surgimento de uma bactéria verdadeiramente resistente a todos os medicamentos”, diz Patrick McGann, um dos investigadores responsáveis pelo estudo, publicado na revista especializada Antimicrobial Agents and Chemotherapy.
A E-coli com o gene mcr-1 foi detectada pela primeira vez em novembro, na China, num estudo realizado por cientistas britânicos e chineses.
“Como as bactérias podem propagar genes entre elas, cria-se uma situação em que se pode vir a ter bactérias resistentes a todos os antibióticos conhecidos”, explica Beth Bell, outra das investigadoras envolvidas no estudo.
“E isso é uma perspectiva aterradora“, diz Beth Bell.
A descoberta em 1928 do primeiro antibiótico, a penincilina, por Alexander Fleming, é considerada o maior avanço da história de Medicina. Esse avanço está em risco.
Segundo um alerta lançado recentemente pelo governo britânico, a crescente resistência das bactérias a antibióticos pode até lançar o Mundo de volta à Idade Média.
E evitar que isso aconteça poderá ser mesmo o maior desafio do nosso tempo.
ZAP / Lusa
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