Faleceu ontem, quinta-feira dia 16 de Junho, em Castelo de Vide Aires Ricardo Mendonça. Radicado há várias dezenas de anos (desde 1962) em Castelo de Vide com a família, Aires Mendonça exerceu advocacia um pouco por todo o país com base no seu escritório na Carreira de Cima.
O corpo estará em câmara ardente na Igreja do Convento de S. Francisco e o funeral terá lugar no sábado ao início da tarde, antecedido por uma missa às 14:30 horas.
Com 86 anos de idade (nasceu a 3 de Abril de 1930), o advogado e o cidadão foram alvo de duas homenagens: uma pelos seus pares da Ordem dos advogados em Junho de 2009 (ver notícia AQUI e AQUI) e outra promovida em cerimónia pública nos Paços do Concelho num sábado de Aleluia, em Abril de 2012 (ver notícia AQUI).
Era viúvo de Teresa Maria Figueiredo Velho Bettencourt Mendonça (falecida há um ano- ver AQUI), pai de quatro filhos, avô de seis netos, e bisavô de duas meninas e dois meninos.
A redação e os colaboradores do NCV apresentam sentidas condolências a toda a família.
Uma vida cheia
Filho de pais goeses, Aires Ricardo Mendonça nasceu em Mombaça (Quénia) no dia 3 de Abril de 1930, local para onde a família se havia mudado anos antes.
Iniciou e concluiu os estudos primários e secundários em Goa, tendo-se distinguido pelas notas obtidas, premiado com uma viagem ao Vaticano para assistir à canonização de João de Brito; aos 18 anos ingressou no Curso de Direito na Faculdade de Direito de Lisboa. Concluiu o curso de Direito na Faculdade de Direito de Coimbra (sexto ano, destinado aos melhores alunos) em 1954.
Ingressou no Ministério Público como Delegado do Procurador da República, tendo exercido funções na cidade de Ribeira Grande, Angra do Heroísmo, na Boa Hora em Lisboa e em Goa.
Em 1959, na cidade de Angra do Heroísmo, no exercício das funções de Delegado do Procurador da República e Director da cadeia local foi homenageado pela Corporação da P.S.P., tendo sido o único civil até então distinguido com essa honra.
Fez prova domiciliária do concurso para Juiz mas desistiu da prova oral (nunca ninguém até aí havia chumbado), pois sentia que não tinha capacidade e coragem para exercer as funções de Magistrado Judicial.
Em 1961 foi demitido do cargo (Ministério Público) pelo anterior regime na sequência da invasão de Goa por parte da União Indiana, nunca tendo expressado contra ninguém qualquer mágoa ou ressentimento.
Notário e advogado em Castelo de Vide desde 1962
Em 1962, foi colocado como Notário na Vila de Castelo de Vide, onde se viria a estabelecer como Advogado, com inscrição na Ordem dos Advogados em Janeiro de 1963;
Foi-lhe concedida licença sem vencimento a seu pedido do Notariado, por sentir que a sua vocação era a Advocacia.
De 1963 até ao presente momento foi interveniente em milhares de processos de Norte a Sul do país. Continuou a exercer a profissão com o gosto inicial mantendo a sua inscrição na Ordem dos Advogados apesar de na realidade já não exercer efectivamente, sendo conhecido não só pelas qualidades profissionais como também pelo seu lado humanista.
Ficou marcado pelo homicídio de Mahatma Gandhi, o melhor Advogado Indiano da África do Sul que, em 1947 deixou todos os bens que possuía e regressou à União Indiana, com uma simples tanga, e conseguiu, com a denominada Resistência Passiva, libertar milhares de cidadãos do domínio britânico.
Ao longo de mais de 49 anos de inscrição como advogado, angariou milhares de amigos dentro e fora dos Tribunais, concretamente, colegas, magistrados, funcionários, constituintes e muitas outras pessoas anónimas, que só pelo prazer que tinham em o ouvir, se deslocavam propositadamente às salas para assistirem aos julgamentos onde intervinha.
© NCV
(notícia em atualização)
17
de junho de 2016
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