Víctor Carvalho – Jornal de Angola, opinião
Num período de quase pré-campanha eleitoral, quando os diferentes partidos políticos existentes no mosaico nacional se esmeram na afinação das melhores estratégias para congregarem o maior número de apoios a caminho do voto, o país vê-se ainda confrontado com um desafio de uma tão grande dimensão que só poderá ser vencido com a conjugação do melhor esforço de todos os angolanos.
A urgência de se manter activo e que cada mais empenhado o combate à febre amarela é de tal modo premente que não se compadece com uma qualquer hesitação circunstancial, motivada seja porque razão for e muito menos deve ser motivo para o esgrimir de argumentos que fujam daquilo que é o fundamental: continuar trabalhar para travar a propagação da doença.
Para isso, seria importante que todas as forças vivas do país se unissem – pelo menos uma vez que seja – para sensibilizar a população da inevitabilidade de ter que continuar a acorrer aos centros de vacinação espalhados por todas as 18 províncias do país.
Depois dos progressos registados pelo Ministério da Saúde, ao longo de quatro meses e meio, para travar o surto epidémico da doença na província de Luanda, com a vacinação a chegar a cerca de 81% da população programada, o que possibilitou que nas últimas cinco semanas não se tenha registado mais nenhum caso da doença, é chegada a vez de centrar uma especial atenção nas restantes províncias, para que as populações possam seguir o exemplo de cidadania dado na capital e apresentarem-se nos locais onde a vacina é ministrada. De acordo com dados do Ministério da Saúde existe a intenção de comprar mais de 14 milhões de doses de vacina contra a febre amarela, o que a juntar aos outros 14 milhões que já foram adquiridos serão suficientes para cobrir Angola inteira, isto para lá do arranque de uma outra campanha destinada à aplicação de uma vacina de repescagem a ser usada em toda a Luanda, um trabalho que está já a ser organizado pelo respectivo governo provincial.
Tal como por mais de uma vez foi reconhecido pela Organização Mundial de Saúde, o Governo está a trabalhar bem para enfrentar o desafio colocado pela febre amarela o que não obstou, infelizmente, a que se tivessem registado um elevado número de mortos.
Muitas dessas mortes aconteceram devido ao facto de existir a nível do mundo inteiro uma enorme escassez de vacinas disponíveis no mercado, mas isso não deve diminuir a nossa determinação para continuar a lutar pela busca de uma solução Um outro factor que tem a ver com o elevado número de mortes registadas fica a dever-se a algumas crenças e culturas onde ainda se dá ouvidos a pessoas que minimizam a importância da vacina, considerando ser ela um dos principais factores de contágio da doença.
Uma outra razão que tem impedido uma maior rapidez no êxito do combate contra a febre amarela, relaciona-se com algum oportunismo que algumas forças políticas usam para atacar as autoridades usando a desgraça alheia como alimento para as suas ambições.
É bom que se sabia que a importância da vacina é de tal ordem que quem a ela não se submeter corre sérios riscos de morrer.
Muitos podem não estar de acordo, aqui e ali, com alguns aspectos da estratégia que as autoridades seguiram para fazer frente ao problema. É legítimo que assim seja, pois a unanimidade é muito difícil de obter quando quem tem a responsabilidade de decidir o faz sem tempo e espaço de manobra para, muitas das vezes, avaliar correctamente todos os riscos envolventes.
Mas, tomada a decisão e tendo em conta que estão em causa os reais interesses nacionais, neste caso reflectidos na necessidade de salvar vidas, todos somos obrigados a dar as mãos para mobilizar o país para a indispensabilidade de aderir aos postos de vacinação.
Trata-se de um dever de cidadania que se sobrepõe a meros caprichos partidários. É um combate no qual todos temos a obrigação de participar, unidos na força e na determinação que deve marcar a acção de quem tem responsabilidades públicas. O modo como enfrentarmos este combate vai servir de exemplo para outros desafios que só podem ser vencidos com a melhor conjugação de esforços de todos os angolanos.
Nas grandes questões nacionais, como o combate à febre amarela, só com empenho e determinação será possível a obtenção dos resultados desejados, um facto que nada tem a ver com questões de carácter político ou ideológico.
Todos nunca seremos demais para a luta pelo bem estar da população angolana, o capital mais precioso do nosso país e a grande razão de ser que deveria nortear as acções de todas as forças vivas de Angola.
Se assim fizermos melhor capacitados estamos para cumprir o nosso exercício de cidadania.
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