terça-feira, 19 de julho de 2016

DURÃO, UM VELHO VILÃO


1 – A opção de José Manuel Durão Barroso enquanto administrador do poderoso banco Goldman Sachs, teve o condão de “indignar” largos sectores da atual “esquerda” social-democrata europeia, que procura iludir a opinião pública com um repentino acordar face ao (reiterado) carácter dum personagem tipicamente formatado pelo capitalismo neoliberal de há décadas a esta parte… para esses, de repente, “fez-se luz”, como se não houvesse tantas trevas escondidas por desvendar no passado recente acerca do personagem e à sua volta, sobretudo desde o início da década de 90 do século passado!...

É evidente que a “clarividência” de hoje reflete a ambiguidade acumulada desde esse passado que mergulhou nas artes e engenharias inaugurais de Ronald Reagan e Margareth Thatcher, ambiguidade essa que caracterizou desde a juventude o próprio José Manuel Durão Barroso, no fundo a razão de ser de suas opções, do seu curriculum e da sua adoção enquanto bastardo pela aristocracia financeira mundial e oligarquias europeias suas agenciadas, inclusive em época de suas mais pérfidas vilanias.

Um “bom vilão” é impossível poder produzir-se dum momento para o outro e, por outro lado, é preciso que ele cresça e avance sob teste integral sempre debaixo de olho, pouco a pouco, palmo-a-palmo, até atingir uma maturidade ao nível dum Bilderberg, ou dum Goldman Sachs, assim a modos duma compensatória reforma-prémio por tão “bons serviços” prestados ao deus feito capital neoliberal!

A indignidade manifestada por alguns sectores da “esquerda” social-democrata (na qual incluo em Portugal o proverbial apêndice que é o Bloco de Esquerda), torna-se inofensiva quando um personagem com esta “envergadura” atinge a fase madura ou seja, quando qualquer “queima” já não produz qualquer mossa, por que todo o tipo de mossas foram produzidas sem “queima” no passado e ao longo da sua formatação.
  
2 – A “esquerda” social-democrata não se indignou com a metamorfose dum militante do MRPP, num militante do PSD e compreende-se por quê: de tanto radicalismo burguês e pequeno-burguês (como o dos sectores de Mário Soares dentro do PS, ou do Bloco de Esquerda tendo em conta o que lhe é de raiz), precisam de apagar a história, procurando conta-la apenas à sua maneira, por que lembrando-a  tal e qual ficam também expostos, na verdade expondo sua razão de ser;

Também em nada se indignou quando o camaleão, coadjuvado pelo “diplomata de carreira” António Monteiro, se aprestou à expressão dum Acordo de Bicesse que foi a ”menina dos olhos” dos impactos neoliberais aplicados no choque e na terapia do choque a Angola, de forma a procurar a todo o transe e em nome do mais “candente” (e confrangedor) espírito democrático, procurar uma vez mais neutralizar, ou subverter, o vigor e a força ética e moral do Movimento de Libertação; o logro criado pela ambiguidade é de tal ordem que, para muitos angolanos o Durão, vilão, passa por “amigo”;

Ter-se-á indignado em baixa frequência quando o vilão Durão foi o anfitrião nos Açores, do encontro Bush-Blair-Aznar, que possibilitou o deflagrar do choque neoliberal no Médio Oriente, com o ataque ao Iraque, com recurso à mentira sobre Saddam, acusado de possuir e fazer uso de armas de destruição massiva;

Indignou-se ainda em baixa frequência quando como prémio o camaleão inveterado abdicou de ser Primeiro-Ministro português a fim de ser colocado na Presidência duma Comissão Europeia dócil e servil ao capital neoliberal, tal como em relação à instrumentalização no âmbito da hegemonia unipolar, da União Europeia e da NATO;

Por fim indigna-se em alta voz (ao nível do Presidente François Hollande) quando o velho vilão vai para a administração do Goldman Sachs, às tantas sabendo que Durão jamais será julgado num Tribunal de Nuremberga, (não vá o diabo tecê-las e expor a engenharia, a arquitetura, o engenho e a arte duma União Europeia vassala e perversa nas suas opções que contribuem para a raiz da crise, do caos e do terrorismo).

É neste encadeado de manipulações, ingerências e ambiguidades que medram personalidades como a de José Manuel Durão Barroso, um exemplo acabado de camaleão-bastardo que se tornou “filho pródigo” do capital neoliberal, acerca do qual está também a fazer uma certa “lavagem” pública da“esquerda” social-democrata, também ela tocada pelos vírus do capitalismo neoliberal!

Fotos:
- Durão Barroso militante do MRPP
- O bando dos 4 nos Açores

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