Citemor, o mais antigo festival de
teatro do país, volta a resistir às limitações financeiras e garante a sua 38.ª
edição entre 05 e 20 de agosto, em Coimbra e Montemor-o-Velho, com expectativa
de viragem em 2017.
Entre 05 e 20 de Agosto, o festival vai
acolher uma conversa entre o artista visual catalão Ignasi Duarte e o escritor
português Gonçalo M. Tavares, um espetáculo de Dinis Machado, uma performance
de Miguel Bonneville e concertos de Nice Weather For Ducks e Surma, entre
outros eventos.
O festival, que se vai realizar entre
Coimbra e Montemor-o-Velho, foi "afastado dos apoios estruturais" nos
últimos quatro anos e encontrava-se numa situação limite, disse à agência Lusa
o diretor do Citemor, Armando Valente, recordando que o evento tem vindo a
resistir graças ao apoio da comunidade artística.
Uma proposta de apoio da secretaria de
Estado da Cultura de 20 mil euros para este ano, que ainda aguarda aprovação,
permitiu avançar com o Citemor, num momento em que a direção estava perto de se
confrontar "com a não realização do festival", explanou Armando
Valente.
"Nunca estivemos tão próximos do
fim", confessou o diretor, referindo que o apoio da secretaria de Estado
renova as esperanças da equipa para que o festival possa voltar a assumir o seu
principal vetor: "as residências de criação e a coprodução".
O apoio "permite preparar as
próximas temporadas com alguma confiança e estabilizar de novo a equipa",
querendo o Citemor concorrer em 2017 aos apoios estruturais, afirmou.
Na presente edição, não haverá
residências artísticas ou coproduções, mas serão criadas "pontes" com
artistas com quem o festival pretende trabalhar no futuro.
O Citemor, que se divide em três fins de
semana, arranca a 05 de Agosto, com o espetáculo "Paradigma", de
Dinis Machado, no Teatro da Cerca de São Bernardo, em Coimbra.
Ainda em Coimbra, haverá concerto dos
leirienses Nice Weather For Ducks a 05 de Agosto, no Salão Brazil, e
performance do coreógrafo e bailarino Tiago Cadete, com "Alla Prima".
A 12 de Agosto, já em Montemor-o-Velho,
o festival acolhe uma conversa entre Ignasi Duarte e Gonçalo M. Tavares, no
Teatro Esther de Carvalho, e a 13 recebe a performance "MB#6", de
Miguel Bonneville, em que o artista aborda a sua relação com as mulheres.
No último fim de semana, sobem ao palco
do Teatro Esther de Carvalho Rui Catalão, com a peça "Dentro das
Palavras", a 19 de Agosto, e Surma, a 20 de Agosto, para um concerto com
sonoridades que cruzam o jazz, o post-rock, a eletrónica ou o noise.
O Citemor recebe ainda uma seleção da
primeira edição do Festival Loops.Lisboa, com a exibição da obra vencedora,
"O Retrato de Ulisses", de João Cristóvão Leitão, e das restantes
duas finalistas "Travel Shot", de Francisca Manuel e Elizabete
Francisca, e "Cascade", de João Pedro Fonseca.
A seleção será exibida a 12, 13, 19 e 20
de Agosto, entre as 18:00 e as 22:00, na junta de Freguesia de
Montemor-o-Velho.
Este ano o festival retoma a expressão
"Por uma ideologia de esperança", usada em 2015, esperando que no
próximo ano o contexto já não seja de "precariedade".
O Citemor realizou-se pela primeira vez,
com a atual designação, em 1978, mas as suas raízes remontam à década de 1960 e
à iniciativa do professor Paulo Quintela, da Faculdade de Letras da
Universidade de Coimbra, fundador e primeiro diretor artístico do Teatro dos
Estudantes da Universidade de Coimbra (TEUC).
O primeiro festival de teatro de
Montemor-o-Velho decorreu, no entanto, em 1974, cerca de quatro anos após a
criação do Centro de Iniciação Teatral Esther de Carvalho, antecedendo o modelo
do Citemor que, ao longo de mais de três décadas, tem mobilizado criadores de
diferentes países, nas áreas do teatro, da dança, da música, da literatura e
das artes visuais.
Lusa
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