terça-feira, 26 de julho de 2016

HOSPITAIS PAGAM 1.200 EUROS POR DIA, MAS NEM ASSIM HÁ MÉDICOS SUFICIENTES NAS URGÊNCIAS


 
Há hospitais a oferecerem aos médicos tarefeiros 50 horas por hora para garantirem o funcionamento das Urgências durante o mês de Agosto, mas nem assim está a ser possível assegurar o pleno funcionamento do atendimento aos utentes.
Diário de Notícias reporta o caso concreto do Hospital Fernando Fonseca (Amadora-Sintra), notando que esta unidade está a pagar 50 euros por hora aos médicos contratados, com turnos de 12 e 24 horas, com o intuito de completar as escalas das Urgências para o mês de Agosto.
Por este valor, um médico tarefeiro pode ganhar 1.200 euros num dia, “quase metade do rendimento mensal dos colegas que pertencem ao quadro”, nota o DN.
No entanto, apesar do pagamento três vezes superior aos dos médicos do quadro, o valor pode não ser suficiente para garantir a contratação dos médicos necessários para fazer face às Urgências em Agosto.
O facto de haver médicos do quadro de férias aliado aos fluxos turísticos e ao consequente aumento da população, em determinadas zonas, ajuda a agravar o problema.
“Temos mais 50 ou 60 sítios no país a fazerem o mesmo, mas há falhas, porque os tarefeiros não estão integrados nas equipas”, refere ao DN o secretário-geral do Sindicato Independente dos Médicos (SIM), Jorge Roque da Cunha.
O bastonário da Ordem dos Médicos, José Manuel Silva, reforça a ideia, notando que “os internos das especialidades estão a ser sobrecarregados” e que as “equipas são exíguas e basta faltar um elemento para haver logo grande diferença“.
No início da semana, foi notícia o caso das Urgências de Albufeira onde, no domingo à noite, haviaapenas um médico de serviço porque o outro clínico contratado faltou, gerando esperas de seis horas no atendimento aos utentes.
“Além das fragilidades desta solução com que o ministério continua a teimar, há a questão da desmotivação. Como é que um médico que trabalha 48 horas em dois dias ganha quase o mesmo que um médico do quadro num mês (2.770 euros)?”, afiança Roque da Cunha.
O dirigente sindical critica o ministro da Saúde, Adalberto Campos Fernandes, por recusar repor opagamento das horas extras, notando que “prefere continuar a pagar 50 euros/hora pela prestação de serviços a indiferenciados”.
O Serviço Nacional de Saúde terá gasto, nos primeiros cinco meses de 2016, “39 milhões e 744 mil euros” na contratualização de serviços de clínicos externos, o que dá “mais cinco milhões de euros” que no mesmo período do ano passado, conforme aponta o DN.
ZAP

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