Francisco Louçã
comentou a notícia do dia no seu espaço habitual de comentário na SIC Notícias.
© Global Imagens |
Foi com “surpresa” que Francisco Louçã
recebeu a notícia da nomeação de Durão Barroso para a Goldman Sachs. Embora
grande parte dos membros da Comissão de Durão Barroso já estejam colocados em
lugares de topo de empresas, o antigo líder do Bloco “não podia antecipar que
Durão Barroso fosse para um cargo tão polémico”.
Louçã recorda a importância de um dos
maiores bancos de investimentos do mundo, aquele que tem “mais peso político” e
que é “certamente o mais polémico”, uma vez que tem uma “estratégia à escala
mundial” de contratar dirigentes políticos importantes ou de empurrar alguns
dos seus quadros para lugares de topo.
O economista vê nesta contratação
conflitos de natureza política. “Ele é presidente da empresa e depois tem um
biscate dentro da própria empresa sendo consultor para o Brexit”, comenta o
antigo líder do Bloco, sublinhando a estranheza do caso.
“Quem se dedica a uma responsabilidade
política não deve utilizar o capital político que teve, a confiança com
governantes, o tratamento com governos e instituições, para a utilizar depois
para uma empresa que tem interesses particulares”, considera Louçã. Essa
vinculação, frisa ainda, entre o topo da político e o topo do setor financeiro,
“é perigosíssimo para a democracia”.
Francisco Louçã acredita que esta
nomeação corresponde à "machadada" final para a vida política de
Durão Barroso e “demonstra que a Comissão Europeia é muito vulnerável a estes
interesses que não são os interesses da Europa, são os interesses da finança”.
Assim, não vê qualquer possibilidade de
Barroso regressar à esfera da política. “A perceção pública de que a democracia
fica contaminada por esse corrompimento e por esta mistura de interesses é cada
vez mais evidente e mais forte e ainda bem que é”, constata Louçã.
Para o comentador, o fato de haver uma
relação “paredes meias entre a política e o setor financeiro” revela que a
finança tem um peso enorme na capacidade de decisão política. “E isso a
democracia não pode permitir”, finaliza.
Fonte:noticiasaominuto
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