Um pombo-correio foi preso e acusado de espionagem na Índia por carregar uma mensagem que ameaçava o primeiro-ministro, Narendra Modi.
A polícia indiana anunciou na semana passada ter capturado um pombo que transportava uma mensagem com ameaças dirigidas ao primeiro-ministro indiano, Narendra Modi.
A ave, com uma mensagem em urdu – a língua oficial do Paquistão – atada a uma pata, foi encontrada no início de outubro pela força de segurança de fronteiras (BSF), perto da localidade de Pathankot, no estado indiano de Pendjab, na fronteira com o Paquistão.
Em janeiro, neste mesmo local, um ataque de rebeldes contra uma base militar indiana fez sete mortos.
“O pombo foi apreendido no domingo à noite. A BSF encontrou a ave com uma nota em urdu, que dizia qualquer coisa como: ‘Modi, já não somos os mesmos que em 1971. Agora cada criança está pronta a combater a Índia‘”, declarou Rakesh Kumar, inspetor da polícia de Pathankot, contactado por telefone pela agência noticiosa France Presse (AFP).
A data indicada na mensagem, 1971, é a da última guerra declarada entre a Índia e o Paquistão, na sequência da secessão do Paquistão oriental, o atual Bangladesh.
A mensagem foi aparentemente assinada pelo grupo extremista Lashkar-e-Taiba, autor dos atentados de Bombaim em 2009, “o que levou as autoridades a investigar seriamente o caso”, acrescentou Kumar.
O pombo vai ficar retido até ao fim do inquérito e foi descrito nos registos como “suspeito de espionagem”. Esta não é a primeira vez que estas aves estão envolvidas nas disputas entre os dois países, que possuem armas nucleares.
Espionagem
Este incidente surge num contexto de agravamento das tensões entre a Índia e o Paquistão, em relação à região de Caxemira. A região onde a pomba foi capturada fica entre Jammu e a Caxemira, território reivindicado por Índia e Paquistão e cenário de deslocamentos militares frequentes provocados pela tensão entre os países.
Há duas semanas, uma base do exército indiano em Caxemira foi alvo de um ataque, que Nova Deli atribuiu ao mesmo grupo, considerado responsável pelo ataque em janeiro.
No final de setembro, as forças indianas atacaram militantes do outro lado da fronteira que divide Caxemira.
Dois balões foram recentemente encontrados no Punjab, com mensagens semelhantes, em urdu, também dirigidas a Modi.
No ano passado, a polícia indiana capturou um pombo sob suspeita de que estava a ser usado em operações de espionagem pelo Paquistão.
Em 2013, as forças de segurança indianas encontraram um falcão morto, equipado com uma pequena câmara e, em 2010, um outro pombo foi capturado por suspeita de espionagem.
Outra pomba já tinha sido descoberta recentemente por uma criança de 14 anos na aldeia de Manwal, a cerca de três quilómetros da fronteira.
Sátira
“É importante esclarecer que não havia apenas uma, mas duas pombas, o que significa que estão atacando em ondas. Eles estão se infiltrando profundamente”, satirizou o autor e humorista indiano Shovon Chowdhury numa crónica para a BBC.
“O seu método é sofisticado. As suas tentativas iniciais de enviar mensagens ofensivas envolviam apenas balões. Hoje, são pombas que são capturadas com mensagens escritas nas suas penas”, diz o humorista.
“A polícia indiana tem muita experiência com a vida selvagem”, diz, irónico, Chowdhury, voltando ao mistério atual dos pombos “espiões” da fronteira entre Índia e Paquistão.
“Quando búfalos de um importante político de Uttar Pradesh – o Estado mais populoso da Índia – foram sequestrados por um casal de pessoas com deficiência, cerca de 100 polícias e dois superintendentes foram procurá-los”, conta.
“Portanto, temos razões para não perder a esperança de que a luta contra a pomba jihadista será bem sucedida”.
ZAP / BBC
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