quarta-feira, 16 de novembro de 2016

Hospitais de Coimbra realizam autotransplante de fígado, cirurgia rara no Mundo

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A Unidade de Transplantação Hepática Pediátrica e de Adultos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) realizou recentemente um autotransplante de fígado.
A Unidade de Transplantação Hepática Pediátrica e de Adultos do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra (CHUC) realizou recentemente um autotransplante de fígado, uma cirurgia inovadora e rara no Mundo.
Tratou-se de um tumor, em que “o fígado foi operado fora do corpo e posteriormente colocado novamente no doente”, explicou à agência Lusa o coordenador da unidade, o cirurgião Emanuel Furtado, salientando que apenas “meia dúzia de centros no mundo” realizam esta intervenção, que foi efetuada há um mês.
O doente, acrescentou, “já teve alta e encontra-se muito bem”.
“Esta intervenção, bem como a divisão de um só fígado por dois recetores (‘splits’), é o corolário da elevada competência técnica que a equipa foi adquirindo”, frisou o cirurgião, que destaca a realização de atos cirúrgicos de alta complexidade e responsabilidade.
Emanuel Furtado salientou que o seu objetivo é continuar a aumentar a capacidade técnica da equipa, de modo a formar outros cirurgiões que venham a operar de forma autónoma, numa perspetiva que não se limita apenas aos transplantes.
Muito recentemente, a unidade esteve quase a realizar um transplante triplo de um só fígado, cuja cirurgia é também “muito rara” e que “só não aconteceu porque houve problemas técnicos”.
É um procedimento muito raro, para o qual é preciso um conjunto de condições, mas que está nos nossos objetivos”, disse.
O número de transplantes de fígado aumentou este ano nesta unidade, disse também à agência Lusa o coordenador da unidade.
A Unidade de Transplantação Hepática, reativada em 2012 na componente pediátrica, já tinha ultrapassado o número de transplantes realizados em 2015, com 60 adultos e nove crianças transplantadas até final de outubro de 2016, contra os 50 e 12 do ano passado, respetivamente.
Em 2011, o CHUC transplantou 44 adultos; em 2012, 11 crianças e 27 adultos; em 2013, 12 crianças e 59 adultos; e em 2014, 12 crianças e 48 adultos.
O aumento do número de transplantes deveu-se, em parte, ao recurso à divisão de um só fígado por dois recetores, técnica que já executou quatro vezes este ano.
Segundo o coordenador da unidade, na valência pediátrica não existe lista de espera, depois de recentemente terem sido transplantadas uma criança de 10 meses e uma adolescente de 16 anos com recurso ao mesmo fígado.
No caso dos adultos, e apesar de existirem “muitas pessoas em consulta e avaliação”, a lista de espera é constituída por “18 a 20 doentes, que é um número muito estável”, refere Emanuel Furtado.
Relativamente ao tempo que medeia até à cirurgia, o cirurgião destaca que há doentes que não demoram um mês a ser transplantados, mas que há outros que demoram um ano, “por condicionantes que não se conseguem controlar”, nomeadamente os grupos de sangue.
O presidente do conselho de administração, Martins Nunes, destacou que “o que se faz hoje no CHUC na transplantação hepática, no adulto e em crianças, está ao nível do que de melhor se faz nos melhores hospitais do mundo”.
A intervenção de autotransplante de fígado agora anunciada ou a realização de ‘splits’ são técnicas de execução muito complexas, só praticadas nos melhores centros mundiais, pelo que exigem alta diferenciação e elevado treino das equipas que os realizam”, sublinhou.
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Martins Nunes recordou ainda o sofrimento a que assistiu das crianças portuguesas em Madrid, em 2011, depois de Portugal ter interrompido o programa de transplantação hepática pediátrica [as crianças necessitavam de sair de Portugal para serem transplantadas].
Essas imagens tristes, que guardo para sempre, fizeram-me criar a convicção de que tínhamos que ser capazes de recuperar a esperança destas crianças e das suas famílias e de construir uma unidade que estivesse ao nível das melhores do mundo”, frisou.
“Para além do assinalável êxito terapêutico e do caráter inovador da sua realização em Coimbra, esta cirurgia de ‘autotransplante’ agora anunciada constitui também um bom exemplo demonstrativo da capacidade de cooperação entre instituições do Serviço Nacional de Saúde (já que se tratou de um doente que estava a ser seguido no IPO de Coimbra), traduzindo a realização de cooperação sinérgica entre o CHUC e outro hospital, no quadro do reconhecimento das especiais responsabilidades de defesa da coesão que o CHUC sempre assume”.
Martins Nunes disse ainda ter a certeza de que “os portugueses têm razões para ter muito orgulho nos profissionais de saúde e nos médicos deste Hospital, dirigidos por Emanuel Furtado”, e que se reveem “no humanismo, na competência e na ambição do CHUC e dos seus profissionais”.
O CHUC conta atualmente com 14 centros de referência, nomeadamente transplantação hepática pediátrica, transplantes de coração, onco-oftalmologia, únicos em Portugal, e ainda de centros de referência em cardiologia de intervenção estrutural, cardiopatias congénitas, doenças hereditárias do metabolismo, epilepsia refratária, cancro do esófago, cancro do testículo, cancro do reto, sarcomas das partes moles e ósseos, cancro hepatobilio/pancreático, oncologia pediátrica e transplante rim adultos.
Lusa
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