Inês de Almeida está há três dias à porta do pavilhão Meo Arena, Lisboa, à espera do concerto de Justin Bieber de sexta-feira, e nem se queixa do frio, preferindo falar dos novos amigos da "família Bieber".
"Ó pessoal, ninguém viu um saco do Bieber branco?", pergunta para a "geral" uma fã do cantor canadiano, que atua em Lisboa na sexta-feira, sendo que a "geral" são algumas centenas de pessoas, maioritariamente jovens e do sexo feminino, que estão à volta do pavilhão, algumas desde segunda-feira.
Inês é de Beja mas chegou a Lisboa no domingo e só não foi logo para o Parque das Nações, onde se situa o pavilhão do concerto, porque chovia. "Segunda-feira, às nove da manhã, já estava aqui sentada. Na primeira noite ainda houve um segurança que nos deixou abrir uma tenda mas depois foi proibido. Tenho dormido com saco cama e uma manta", conta à Lusa, admitindo que tem mesmo assim passado muito frio mas que, "no fim, vai compensar".
Dormir ao relento e passar por ali os dias, à espera de um concerto de poucas horas, na sexta-feira à noite, é no entanto mais do que isso. Inês fala de pessoas que chegaram de Inglaterra, de muitas que vieram de Espanha, de portugueses de todo o lado, das "amizades que não dão para contar pelos dedos", como se já se conhecessem "há anos".
Porque são todos uma família, diz Eduarda, de Viseu a Lisboa na quarta-feira, e a partilhar com jovens da sua idade o mesmo gosto, o desejo de ficar à frente do palco, o mais perto possível, para ouvir músicas como "Sorry", "What do you mean?" ou "I love yourself".
O mesmo desejo de Miguel Rodrigues, que chegara de Guimarães um dia antes, e que se queixa do frio, ainda que Justin Bieber mereça esse esforço e "muito mais". "Já o acompanho desde os meus 13 anos, estou com 19. Não me arrependo de nada, voltava a repetir, se pudesse ainda vinha mais cedo", conta à Lusa o jovem, que andou a juntar folgas no trabalho para ali estar.
A menos de 24 horas do concerto são já centenas os jovens que rodeiam o pavilhão, sacos cama pelo chão, colchões de ar e colchonetes, mantas, casacos, mochilas e almofadas, alguns chapéus-de-chuva, sacos com comida que chega de casa ou do apoio logístico de familiares.
A zona mantém-se limpa, os polícias garantem a segurança e o frio junta-os em círculos, conversando, cantando músicas "do Bieber", enquanto jogam às cartas. Ao longo do dia organiza-se a fila, vai-se escrevendo numa lista a ordem de chegada e, nas mãos, o número de entrada. Do lado leste, a Inês tem o número um, do lado oeste, a Eduarda, o número três.
Diogo Malta tem o número quatro mas dos bilhetes mais caros, aqueles que vão dar pertinho do palco. Chegou na segunda-feira, mas como vive em Lisboa tem ido a casa tomar banho e buscar comida. Mas dorme ali num saco cama e está por ali quase sempre. "Tenho passado este frio por ele".
Como foi dos primeiros a chegar, organiza a lista de fãs, para que, na sexta-feira, "não haja confusões" e prepara-se para a última noite ao relento, que, na primeira, ainda o deixaram montar uma tenda .
Não se importa o Diogo. "Gostos são gostos, se calhar quatro noites muita gente vai pensar que pode ser uma loucura. Mas quem sabe se ele volta? E eu sei que vou amar este concerto, e estou cá e sei que não me vou arrepender disto".
Diogo já sabe o alinhamento, lamenta que não inclua "One time" mas, como Miguel, está ansioso para ouvir "Purpose" ou "Love yourself".
Inês não tem preferência, gosta de todas as músicas e é fã desde 2009. Como são todos ali, uma família onde "ninguém dorme, mas ninguém se cansa", à espera do Bieber.
Lusa
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