David Dinis, Director do Público
Bom dia!
As autoridades alemãs falam de um provável acto de terrorismo, confirmando que o ataque com um camião num mercado de Natal, em Berlim, foi "intencional". Durante a madrugada, o número de mortos confirmados subiu para 12, o de feridos estabilizou nos 48. Ainda há mais dúvidas do que factos sobre como tudo aconteceu, num crime que tem muitas semelhanças com o que aconteceu em Nice há cinco meses. Aqui no PÚBLICO abrimos um liveblog, para lhe dar conta de todas as pistas que forem aparecendo.
Um homem abriu fogo à frente da embaixada dos EUA em Ancara, sem fazer vítimas, mas levando ao encerramento de todas as representações diplomáticas americanas no país.
O tiroteio aconteceu poucas horas depois do assassinato do embaixador russo na capital turca, às mãos de um polícia à civil que gritava vingança por Alepo. O acto, que tudo indica ter sido planeado, foi filmado e colocado nas redes sociais. Mas não afastou a Turquia da Rússia: os dois governos selaram o caso como "terrorismo" e lançaram-se numa investigação conjunta. Até agora, foram detidas seis pessoas.
Também ontem, mas mais cedo, uma troca de tiros junto a um centro islâmico em Zurique, a capital financeira da Suíça, feriu três pessoas. Também sobre este caso esperamos ter mais novidades para lhe dar durante o dia.
Ao pé de tudo isto, a outra notícia da noite parece boa: o colégio eleitoral confirmou a vitória de Trump, mostrando que a tradição ainda é o que era. Prova? Trump foi para o Twitter agradecer a quem votou nele e criticar os meios de comunicação social.
Uma nota apenas sobre futebol, para lhe dizer que o Porto teve que sofrer para vencer o Desp. Chaves, no Dragão, em noite de caça-fantasmas. Pinto da Costa é que não dá tréguas de Natal: vai fazer queixa do árbitro.
As notícias do dia
O Ministério da Saúde retirou aos privados o exclusivo no negócio do sangue. Um despacho do Ministério da Saúde, que vai ser publicado esta semana, obriga os hospitais a recorrer ao Instituto Português do Sangue para repor reservas. A Octapharma, cujo ex-administrador foi detido agora por suspeitas de corrupção, facturou mais de 250 milhões de euros nos últimos oito anos e continua a dominar o mercado. A manchete do PÚBLICO é da Alexandra Campos.
O Governo cedeu um bocadinho no salário mínimo, propondo aumentos semestrais a partir de 2018. Só um bocadinho porque o objectivo continua a ser chegar a 2019 com os 600 euros negociados com o Bloco e PCP, mas agora na condição de as condições económicas e sociais do país o permitirem. Há promessa de apoios às empresas, um desafio para patrões e sindicatos passarem ano e meio sem usar a cláusula de caducidade de acordos colectivos e a promessa de uma discussão sobre a competitividade da economia. Nada disto parece ter convencido patrões e sindicatos, mas há nova reunião marcada para quinta-feira. A Raquel Martins conta tudo aqui, tudo menos a reacção das esquerdas, que ficou para hoje.
O que já divide a esquerda é outra proposta do Governo, a que reduz a liberdade sindical na PSP. Como nos conta a Liliana Valente, ou a proposta é negociada, ou não passa na Assembleia (pelo menos não com PCP e BE).
Falando em salário mínimo: mais de um terço dos novos contratos tinham o SMN como remuneração base. O estudo do Governo diz-nos que o aumento de poder de compra foi de 4,1% com a subida deste ano. De ontem veio outro dado que devemos cruzar com este: habitação e transportes têm hoje mais peso no orçamento familiar (num estudo que permite calcular quanto gastam a mais as famílias com filhos).
A propósito, saiba que o preço dos transportes públicos vai subir pela primeira vez em três anos, diz o Jornal de Negócios. O Governo faz contas para mostrar que as novas deduções em IRS vão compensar as famílias (algumas famílias, acrescento eu).
Mais um estudo sobre a Portela. Os controladores aéreos europeus só querem ouvir falar do Montijo como alternativa, o resto não é opção, diz o Dinheiro Vivo. Resta saber o que dirá o ministro da Defesa, que parece pouco convencido (ou desconfiado de que é ele quem paga a deslocação dos militares).
O Governo não mostra o acordo para os "lesados do BES". Na conferência de imprensa de ontem, António Costa deu um número para as indemnizações, mas não disse quem paga nem como. O que sabemos é isto, mas não é oficial. E no Editorial lá estou eu, a explicar que "a confiança na banca faz-se com cartas na mesa", incluindo a factura do almoço que nunca é grátis.
E lá vem mais um aviso: o Negócios explica que Portugal será o primeiro a bater nos limites do BCE (e já no próximo Verão).
Na banca há outras novidades: a equipa executiva da Caixa já está no BCE, para avaliação (mas só mesmo a executiva); e Pedro Rebelo de Sousa é a novidade na administração do Haitong (sim, o irmão do Presidente). Já em Itália, o novo Governo vai criar um fundo de 20 mil milhões de euros para ajudar o sector financeiro (e isto, sim, é importante).
Na política, há propostas novas e polémicas que se arrastam. As propostas são do PCP, sobre educação especial, e do Bloco, para acabar com as propinas em três anos (via DN). As polémicas anda à volta do apoio do PS a Rui Moreira (e já levou a um puxão de orelhas dentro do Governo) e o potencial do PSD a Cristas (com o CDS a avisar que não aceita moeda de troca).
Assim como continua a polémica nos Comandos: os cursos estão sem regras há oito anos, conta a Mariana Oliveira.
Na Cultura, vira-se o ditado ao contrário: Tudo está mal quando acaba mal: o Teatro da Cornucópia vai mesmo encerrar. E termina com um texto de nove parágrafos.
Opiniões e outras polémicas
Carlos Carvalhas avisa Costa: a renegociação da dívida vai impor-se, sem esperar pelas eleições na Alemanha, diz o ex-secretário-geral do PCP. Num artigo de opinião que hoje assina no PÚBLICO, Carvalhas diz que houve uma tentativa de derrube do Governo "à brasileira" em Portugal, antevê que Portugal possa ser expulso da moeda única (se esta sobreviver) e desafia Marcelo a chamar Vítor Constâncio ao Conselho de Estado, para dizer como o país se pode preparar para uma saída do euro.
Paulo Rangel oferece um GPS no Natal - para o populismo ocidental. E tem um palavrão para justificar a tendência: chama-se “desterritorialização” do poder.
Bagão Félix deixa um lamento no Tudo Menos Economia: no mundo de hoje "não há lugar intermédio para o optimista-pessimista e para o pessimista-optimista". Ou há?
E o João Miguel Tavares não resiste à ironia, respondendo a um senhor que o criticou na rua: "O dia em que me tornei homofóbico".
Hoje acontece
- Marcelo Rebelo de Sousa ouve o Conselho de Estado, desta vez dedicado à situação na Europa. Antes disso, o Presidente recebe o líder do PCP, que lhe apresenta as conclusões do congresso comunista.
- A comissão de inquérito à Caixa ouve Bagão Félix, na qualidade de ex-ministro das Finanças. Noutra sala, é ouvido também o ministro da Educação.
- O Parlamento discute propostas sobre os animais e os seus direitos.
- Theresa May é questionada sobre o Brexit, na comissão parlamentar formada para acompanhar o processo.
Só mais um minuto, porque...
... há umas notas da Ciência que valem uma pausa antes do dia de trabalho:
1. Um estudo que nos conta como a gravidez muda o cérebro das mulheres;
3. E a descoberta de um lagarto parecido com um dragão (e de mais 163 novas espécies no Grande Mekong).
É, portanto, com três maravilhas da natureza que encerro este Enquanto Dormia, que tenta ser uma boa maneira de acordar. Para hoje, o que desejo é que os Deuses acalmem e deixem toda a gente celebrar o Natal em paz. Para si, fica um obrigado e o desejo sincero de um dia tão produtivo quanto feliz. Nós aqui estaremos, ao longo de todo o dia. Eu aqui estarei, de volta pela manhã.
Até já!
Nenhum comentário:
Postar um comentário