A ânsia de reformas da União Europeia acaba de sofrer mais uma derrota. Desta vez na Itália. Em referendo popular, os italianos acabam de opor seu veto à intenção do governo de centro-esquerda de reformar a Constituição. Reforma que seria nitidamente uma torção totalitária na forma de conduzir o governo do país. O voto popular entre o SÌ, que aprovaria a reforma, e o NO, que a recusaria, escolheu o NO com 60%. O SÌ obteve apenas 40%. O comparecimento às urnas foi grande – 70% –, assinalando assim o desejo decisivo de se opor à reforma. Com tal resultado, o primeiro-ministro italiano, Matteo Renzi se viu obrigado a renunciar. A Itália deverá formar novo governo.
Tal como acontece com os seus homólogos brasileiros, os políticos italianos, para melhor impor seus ditames, têm pressa em mudar as estruturas do país. Pressionados pelos dirigentes euro-socialistas da União Europeia (UE), eles julgaram que a opinião pública estava desatenta e convocaram o referendo. Segundo seus cálculos, os eleitores não compareceriam ao voto, ou aprovariam o que o governo quisesse. E o que o governo desejava com essa mudança era menosprezar a vontade popular, dando mais poderes aos deputados e ao governo. O Senado seria praticamente suprimido, e os poderes da Câmara inflados.
Personalidades internacionais, embora se proclamando defensoras das liberdades públicas e da democracia, pronunciaram-se favoráveis ao referendo. Wolfgang Schäuble, ministro de Finanças alemão, Jean-Claude Juncker, presidente da Comissão Europeia, o presidente Barack Obama e outros aconselharam os italianos a votar SÌ. Mas a Península se recusou a deixar-se arrastar por pressões combinadas. Tanto eles quanto o governo italiano menosprezaram o profundo descontentamento da opinião pública com seus próprios políticos.
Nós, brasileiros, bem conhecemos esse sentimento. Ilustram-no nossas recentes manifestações de rua contra o lulo-petismo. Grande é também a insatisfação com as imposições da União Europeia influenciando a fundo a vida italiana, claramente vistas como desagradável intromissão externa em assuntos nacionais. Não nos esqueçamos de que a profilática operação Lava-Jato no Brasil tem como precursora a intervenção Mani pulite (Operação Mãos Limpas), com a qual juízes italianos barraram casos graves de corrupção política.
Fonte: ABIM
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