O Parlamento venezuelano, dominado pela oposição, envolveu hoje o Presidente, Nicolas Maduro, num processo em que o acusa de ser responsável pela crise que o país atravessa.
A acusação surge numa altura em que se iniciaram as primeiras tentativas para um diálogo entre o Governo e a oposição, numa reunião que no domingo abriu a porta para conversações.
Nicolas Maduro foi convocado para a tarde de hoje no Parlamento, para falar aos deputados que o acusam de “faltar aos deveres da sua função”, mas disse que não iria.
Os deputados devem debater “a rutura da ordem constitucional”, de acordo com a agenda do Parlamento, e decidir sobre a responsabilidade do Presidente. A coligação dos partidos de oposição reunidos na Mesa da Unidade Democrática (MUD) é maioritária na Assembleia Nacional e por isso o resultado da votação é óbvio.
No entanto, num país onde as instituições são fracas a votação deve ser apenas simbólica, até porque o processo de destituição (“impeachment”) do Presidente não existe na Constituição da Venezuela, sublinham juristas citados pela Agência AFP.
Nicolas Maduro também não reconhece o Parlamento nem o Supremo Tribunal de Justiça e diz que a Assembleia Nacional está em infração por ter três deputados acusados de fraude.
“Gostaria de ir ao debate na Assembleia Nacional (…) mas não estou disposto a violar a Constituição nem a submeter-me a falsos processos ou a uma tentativa de golpe de Estado”, disse o Presidente na segunda-feira.
A Venezuela vive uma crise política e económica, com a inflação a chegar a 475% este ano e a 1.660% em 2017, segundo previsões do FMI.
O processo do Parlamento acontece numa altura em que Governo e oposição concordaram no último domingo num cronograma de discussões, sob os auspícios do Vaticano e da União das Nações Sul-Americanas. Uma próxima reunião ficou marcada para dia 11.
lusa / sapo
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