David Dinis, Director
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A UE deu uma porta de saída ao Reino Unido. Na carta de resposta a Londres, Donald Tusk mostrou-se disponível para discutir um acordo de comércio antes do “Brexit”.
Itália evitou um ataque a um símbolo de Veneza. Foram detidas quatro pessoas, todas elas originárias do Kosovo, que terão declarado fidelidade ao Daesh.
Israel aprovou a construção de um novo colonato em território palestiniano, 20 anos depois.
A oposição na Venezuela prometeu resistir a “golpe de Estado". Alinhado com o Governo, o Supremo destituiu o Parlamento. Mas os deputados (críticos de Maduro, na maioria) consideram a decisão inconstitucional e apelaram à população para que saia à rua. As Forças Armadas também tiveram direito a um desafio: "Sejam o primeiro garante da democracia e se tornem parte da solução”. A Ana Gomes Ferreira faz ponto de situação.
Uma espada sobre a cabeça a Trump. Michael Flynn, o ex-conselheiro do Presidente que se demitiu por ter omitido conversas com diplomatas russos, ofereceu-se ao Congresso para testemunhar sobre as relações da campanha de Trump com Moscovo. Mas pediu imunidade.
As notícias do dia
Só se fala de banca - de três bancos em particular. E a cada dia que passa acumulamos novas interrogações. Vamos por partes:
Do Novo Banco temos isto: Mário Centeno apresentará hoje o plano de venda, mas uma conta já chegou - são 25 milhões em assessoria externa, gastos pelo Banco de Portugal desde o fim do BES. Muito, é verdade. Mas uma migalha, se olharmos para o que já se vai sabendo da venda: o Estado arrisca-se a ter que reforçar o seu empréstimo, para um eventual aumento de capital através do Fundo de Resolução; o que está previsto é que a conta chegue em 2019, diz o Negócios; sendo que a garantia pública pode chegar aos 4 mil milhões, diz o Eco (sempre por causa dos activos mais perigosos). É por isto que se fala de um "veto dourado" do Estado na venda de activos do chamado 'side bank', que foi onde se colocaram os activos mais incertos do banco. E que o Banco de Portugal chamou os banqueiros, para lhes contar a sua parcela da conta. Acrescente a isto tudo que o Novo Banco até pode ter que conceder crédito para pagar aos lesados do BES e tem um puzzle completo do que já se sabe do negócio.
Quanto ao Montepio, é assim: noite fora, Tomás Correia teve um voto de confiança dos mutualistas, com as contas a serem aprovadas por 95% da assembleia-geral, no dia em que fez braço-de-ferro com o BdP sobre o nome do banco. Enquanto isso, a Santa Casa disse ter "a obrigação" de estudar uma entrada na Mutualista, visto que o Governo a está a apoiar. Mas, acrescenta a Cristina Ferreira, há obstáculos pela frente: pode convencer-se alguém a investir num banco sem pedir uma avaliação independente? No Editorial de hoje, eu escrevo sobre uma pergunta antiga sobre o Montepio (e o que ela nos mostra).
Na Caixa, é um pouco menos complicado. Porque já recebeu 2500 milhões do Estado, fechando o grosso da recapitalização (que o PSD acha um "manifesto exagero"). Mas ainda com sobressaltos, como o provocado pela lista de 61 balcões que vão fechar já (com quatro concelhos a serem poupados, três dos quais socialistas). Mas anote isto também: a CGD ainda ameaça défice acima de 3% em 2017.
Dito isto tudo, talvez seja um bocadinho cedo para dizer que os problemas na banca já estão resolvidos. Mas ao fim do dia poderemos concluir melhor.
Que mais temos hoje? Aqui vai uma síntese:
O Governo atira para 2018 alterações às leis laborais. "Nem mudanças parcelares, nem apressadas", diz o secretário de Estado, em entrevista ao PÚBLICO).
A Deco acusa quatro empresas de cobrarem 10 milhões a mais na factura de gás natural.
Portugal vai fechar fronteiras durante a visita do Papa. Por motivos de segurança.
As secretas estão preocupadas com ameaças de terrorismo, diz o DN, citando o relatório de Segurança Interna de 2016.
Nos Comandos, ganhou-se juízo: nenhum instrutor do curso 127 será formador na nova recruta de Abril. Mas com o histórico não era difícil: os oficiais admitem que o curso de Comandos não reunia condições.
Na política, sobra uma demissão no PS, provocada pela visita de Costa à Madeira.
Também as primeiras promessas do PSD em Lisboa (do estacionamento gratuito a mais taxas turísticas).
Mas ainda gostava de lhe contar isto: a Guiné Equatorial deu uma aula sobre direitos humanos e a sala aplaudiu. Em Lisboa, sim.
Paula Rego no Ípsilon (e mais)
Histórias que a minha mãe (Paula Rego) nunca me contou. E conta-nos a Lucinda Canelas: "Aos 80 anos, a pintora Paula Rego, por hábito reservada, decidiu que ia falar da sua vida ao filho mais novo, Nick Willing, contar-lhe a sua história, assombrada por memórias várias. O resultado é um documentário de uma honestidade brutal que agora chega a Portugal. Um filme que deu uma exposição" e que deu uma bela capa do Ípsilon de hoje.
Uma aparição: Isabelle Huppert, Gérard Depardieu. Aqui entra o Vasco Câmara a contar outra história. A de Isabelle Huppert e Gérard Depardieu em peregrinação pelo Death Valley, porque o filho desaparecido anunciou que vai ali aparecer. A do reencontro de um par, décadas após o seu sensual embate, neste Vale de Amor, de Guillaume Nicloux, o cineasta com quem o Vasco conversou.
E uma aventura: os cinco e o eixo do bem. Conta o Jorge Mourinha que, em 1941, cinco dos grandes da Hollywood clássica - Capra, Ford, Huston, Wyler e Stevens - abandonaram as suas mordomias para contribuírem para o esforço de guerra. É a sua história, e a história do cinema de propaganda americano na Segunda Guerra, que conta a série documental Five Came Back. E assim começa o texto: no princípio, era um livro...
Mas hoje é sexta-feira e não lhe quero só falar do Ípsilon, até porque há mais aqui para descobrir (e a surpresa é uma coisa boa). Quero também deixar-lhe duas portas abertas, porque há todo um fim-de-semana pela frente e há poucas coisas que saibam melhor do que prepará-lo com coisas boas. Vai uma visita ao Guia do Lazer e ao Cinecartaz?
Hoje na agenda
- Mário Centeno haverá de apresentar o acordo para vender o Novo Banco (ainda não sabemos bem a que horas, mas já avisamos).
- O Conselho de Estado reúne-se com o líder da OMC, que traz ideias sobre como lidar com Trump e o "Brexit".
- O Eurostat divulga às 10h, hora de Lisboa, os dados da inflação de Março (mostrando se a pressão para o BCE mexer nas taxas de juro vai ou não aumentar).
- Donald Trump vai assinar mais duas ordens executivas, desta vez sobre acordos comerciais.
- Rui Vitória fará a sua antecipação do Benfica-Porto, às 19h00, no Estádio da Luz (depois de Nuno Espírito Santo ter dito isto ontem).
Só mais um minuto
Nas redes sociais não vale tudo. Um tribunal espanhol condenou uma mulher a um ano de prisão pelas 'piadas' que espalhou no Twitter. O juiz entendeu que as mensagens (anónimas) sobre um atentado da ETA são uma glorificação do terrorismo.
Mas vale tudo, se tivermos bom gosto (e uma pitada de inteligência). Ora veja estes 27 cartoons sobre o "Brexit" (ou estas loucuras deliciosas do Inimigo Público) e diga lá se não é assim.
E onde os excessos de linguagem também são aceitáveis? Isso, no futebol. E amanhã há clássico. Daí que o Marco Vaza tenha pegado no velhinho Subbuteo e respondido à pergunta: quem entra em campo com mais poder de fogo?
E aqui vai um quiz: são 11 perguntas para especialistas no clássico, acabadas de tirar do baú e com direito a acesso à Champions. Vai a jogo?
É aqui que me despeço, com uma nota pessoal: nos próximos dias não me encontrará por aqui (entrarei numas curtas férias, para recuperar energia e estar com a família). Espero não perder muito. Espero que se divirta também. Dias bons, até dia 10.
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