Gareth Roberts viu-se cercado pelo fogo em Mó Grande e pensou que não iria sobreviver. Uma família chamou-o para que se abrigasse em sua casa e, por entre chamas e lágrimas, sobreviveu para contar a história.
Gareth Roberts, de 36 anos, é um dos sobreviventes do incêndio em Pedrógão Grande, que provocou a morte a mais de 60 pessoas. Roberts nasceu em Lancashire, no Reino Unido, mas vive no centro de Portugal há quatro anos. À BBC o britânico contou a história de como conseguiu sobreviver às chamas
E foi aí que foram salvos pela generosidade: “Um homem e a sua mãe gritaram para que nos abrigássemos em casa dele. Muitos de nós fizeram-no.” Durante o tempo que estiveram na cave, mais pessoas foram chegando. Quando chegara à aldeia, Gareth Roberts tinha enviado uma mensagem aos pais em que dizia que estava numa aldeia cercado por fogo – “Isto é o fim”, disse-lhes. Na casa que lhe deu abrigo não tinha rede móvel nem Internet, o que o fez pensar que a última coisa que tinha dito aos pais era que iria morrer.
As chamas passaram pela casa e passaram cerca de uma hora a chorar, a rezar (mesmo não sendo Gareth religioso) e a tentar respirar, diz à BBC, acrescentando que ficou tão emocionado que não conseguiu parar de chorar durante 20 minutos. “Isto não pode acabar assim”, pensava. Depois, como que por milagre, o fogo passou – e nem a casa em que estava nem a casa ao lado arderam. A destruição em seu redor era “indescritível”.
“Podíamos ter morrido. Devíamos ter morrido. Um gesto de bondade aleatório na noite passada salvou-nos a vida e agora tudo o que podemos fazer é rezar por Portugal”, afirmou à estação britânica. “Se aquelas pessoas não tivessem sido generosas, não estaríamos aqui hoje."
Gareth Roberts viajou para Tomar, onde ficou num hotel até que o fogo lhe permita voltar a casa. O britânico espera poder voltar a Mó Grande para agradecer à família que lhe salvou a vida, revela à BBC.
Fonte: Público
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