Cavaco faz tanta falta a Portugal como uma viola num enterro, diria a minha avó naqueles termos antigos e objetivos no dizer. Já João Vieira Pereira, no Expresso Curto refere que “a oposição ganhou uma nova voz. Cavaco Silva marcou a rentrée política.” Foi? E credibilidade do sujeito qual é? Ora experimentem lá a fazer uma sondagem.
Disse Cavaco que “a realidade tira sempre o tapete à ideologia”. Pois. Ele lá sabe por experiência própria, de PIDE passou a democrata (da treta).
Cavaco nem vale a tinta, o tempo, nem a cabeça dos dedos que se possa gastar sobre ele.
Ele não pia, chia. Aliás, mostra que tem as cordas vocais cada vez mais parecidas com as de Salazar, como se não bastasse o resto…
Vão para o Curto. Boa beberricagem.
MM | PG
Diga olá ao novo líder da oposição
João Vieira Pereira - Expresso
Se dúvidas houvesse da importância do animal político que é Cavaco Silva ficaram sanadas com o impacto das suas declarações proferidas na Universidade de Verão do PSD. Cavaco estava fora dos holofotes mediáticos há muito tempo, mas regressou com estrondo. Escolheu a dedo os seus alvos, colocou a metralhadora em riste e disparou.
E eis que do nada — na primeira fila Passos Coelho assistia — a oposição ganhou uma nova voz. Cavaco Silva marcou a rentrée política com um verdadeiro discurso anti-governo completamente inesperado.
De propósito, ou não, Cavaco assumiu o papel de líder de oposição, se só por momentos ninguém sabe, atacando de forma direta o Governo e os partidos da geringonça.
Com um “acabam por perder o pio ou fingem apenas que piam”, fez questão de colar António Costa, e a sua “revolução socialista”, à estratégia de Alexis Tsipras e François Hollande, como exemplo de políticos que defendem o impossível e que acabam por recuar quando a realidade lhes bate à porta: “a realidade tira sempre o tapete à ideologia”.
As críticas ao Governo continuaram no campo económico, atacou a política do Governo que mantém Portugal “cinco pontos acima da carga fiscal média dos países do sul e do leste da UE" e a despesa pública “quatro pontos percentuais acima da de Espanha”, as políticas orçamentais, o “aumento de impostos indiretos que anestesiam os cidadãos”, o corte no investimento, as cativações que “deterioram os serviços públicos” e até “a contabilidade criativa” como forma de dar a volta à disciplina orçamental.
E claro, ainda houve tempo para atacar Marcelo Rebelo de Sousa. Sem referir o nome do Presidente da República usou o estilo do Presidente francês Emmanuel Macron para o atacar. Criticou “a verborreia frenética dos políticos" para defender que "a palavra presidencial deve ser rara". E acrescentou ainda "não passa pela cabeça de ninguém que ele [Macron] telefone a um jornalista para lhe passar uma informação".E eis que do nada — na primeira fila Passos Coelho assistia — a oposição ganhou uma nova voz. Cavaco Silva marcou a rentrée política com um verdadeiro discurso anti-governo completamente inesperado.
De propósito, ou não, Cavaco assumiu o papel de líder de oposição, se só por momentos ninguém sabe, atacando de forma direta o Governo e os partidos da geringonça.
Com um “acabam por perder o pio ou fingem apenas que piam”, fez questão de colar António Costa, e a sua “revolução socialista”, à estratégia de Alexis Tsipras e François Hollande, como exemplo de políticos que defendem o impossível e que acabam por recuar quando a realidade lhes bate à porta: “a realidade tira sempre o tapete à ideologia”.
As críticas ao Governo continuaram no campo económico, atacou a política do Governo que mantém Portugal “cinco pontos acima da carga fiscal média dos países do sul e do leste da UE" e a despesa pública “quatro pontos percentuais acima da de Espanha”, as políticas orçamentais, o “aumento de impostos indiretos que anestesiam os cidadãos”, o corte no investimento, as cativações que “deterioram os serviços públicos” e até “a contabilidade criativa” como forma de dar a volta à disciplina orçamental.
Se Marcelo não reagiu até agora, o mesmo não se pode dizer do PS que, diretamente da Assembleia da República, respondeu a Cavaco. Os socialistas convocaram uma conferência de imprensa para “lamentar” as declarações do antigo Presidente da República. Para a deputada Susana Amador, a intervenção de Cavaco revelou que o antigo Presidente “não está confortável nem se sente bem com o modelo e as políticas adotadas”. Mas foi mais longe, ao afirmar que se Cavaco fala “sobre a falta de reconhecimento e gratidão na vida política”, o PS não está “na vida política para a realização individual e vaidade pessoal. Estamos na vida política pela realização das pessoas”.
Esperemos agora as reações do Bloco, do PCP e claro de…. Marcelo.
Hoje já é outro dia na Autoeuropa, mas as recordações da greve de ontem perduram. A primeira paralisação da empresa num ato de confronto com a administração sem precedentes. A gestão já veio dizer que está aberta ao diálogo e os trabalhadores acreditam num acordo, mas a greve já ninguém a tira. Ontem, António Chora, o antigo líder da comissão de trabalhadores responsável por 20 anos de paz social, acusou o PCP (que não reagiu) de querer dominar aquele órgão, que vai a eleições em breve, e de usar a Autoeuropa como arma política junto do Governo.
Vale a pena recordar o que querem os trabalhadores.
E dizer que, por mais voltas que dermos ao tema, é difícil perceber como é possível deitar duas décadas de paz social pela janela, colocar em causa a criação de postos de trabalho e até a sustentabilidade de um projeto ganhador… Não estou a dizer que os trabalhadores não devem lutar pelo o que acham correto, estou a dizer que a greve devia ser o último recurso. Da última vez que os sindicatos e comissão de trabalhadores tomaram posições intransigentes com a indústria automóvel, a fábrica da Opel na Azambuja fechou. Estávamos em 2006 e 1100 postos de trabalho diretos foram destruídos.
Se quiser ler mais sobre tema, eis o meu elogio a António Chora e o de Henrique Monteiro à “grandiosa greve na Autoeuropa”
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Faz hoje 20 anos que morreu a princesa Diana. Sim, já foi há 20 anos. Não perca este texto de Luis Faria para recordar e perceber como a sua vida e morte mudaram a monarquia e até o Reino Unido.
Ontem foi dia de debate entre os candidatos à Câmara Municipal de Lisboa. Acredite ou não, Madona foi um dos assuntos preferidos. O debate em que Medina estava de um lado e do outro os quatro que ambicionam o seu cargo, foi morno. Pode ler aqui os vários pontos e promessas onde a mobilidade e o turismo estiveram em destaque. Não perca ainda o debate em 12 imagens pela lente de José Carlos Carvalho.
A economia portuguesa está boa e recomenda-se. Só nos primeiros sete meses do ano a população empregada cresceu em 86,2 mil pessoas, o valor mais elevado registado pelo INE. Mesmo assim o desemprego estagnou, interrompendo o ciclo de queda que vinha a registar.
Pedro Palma, fotojornalista, estava desaparecido desde a passada quinta feria. O seu corpo foi encontrado na bagageira do carro.
Continua a polémica sobre as refeições servidas aos bombeiros que combatem os fogos. Agora há imagens que confirmam a má qualidade da comida servida.
Hoje fecha o mercado de transferências do futebol. Acompanhe aqui todas as novidades. Para já destaque para o fim das negociações por William Carvalho e o novo destino de Renato Sanches passa pelo Swansea.
Também hoje joga a seleção, no Porto, frente às Ilhas Faroé num jogo a contar para o apuramento para o Mundial.
O golfe ao mais alto nível regressa a Portugal no dia 21 de setembro. Numa prova do European Tour com a maior participação jogadores portugueses de sempre (e um field de luxo), o destaque vai para Ricardo Melo Gouveia.
O conflito na Birmânia que opõe o exército e um grupo armado está a fazer milhares de refugiados entre a população da minoria rohingya.
A tempestade tropical Harvey continua a fazer vítimas no Texas. O número de mortos relacionados com este desastre já totaliza os 38. A onda de destruição começa a ser cada vez mais evidente com o aparecimento dos primeiros raios de sol e o início da redução do nível das águas. As fotos são impressionantes. A tempestade, já mais fraca, está agora sobre o Louisiana onde tem provocado fortes chuvadas.
A queda na produção e stocks do petróleo no Texas, na sequência da tempestade Harvey, já obrigou a que uma frota de mais de 40 petroleiros europeus levantem âncora em direção aos EUA. O impacto no mercado de energia a nível global já se fez sentir, principalmente no golfo do México.
Enquanto o Texas continua submerso, Trump decidiu começar o seu road-show para ‘vender’ a sua reforma fiscal. O Presidente norte-americano quer diminuir os impostos sobre as grandes empresas com o argumento de que isso irá beneficiar a classe média. Impacto desmentido por vários economistas.
Mais um retrocesso na política anti-imigração de Trump. Desta vez um juiz federal bloqueou a intenção do estado do Texas de banir as chamadas ‘Sanctuary Cities’, cidades onde os direitos dos imigrantes ilegais estão protegidos, nomeadamente onde a polícia não pode questionar se um cidadão é ilegal ou não.
A chuva excessiva também tem atingido a região do sudeste asiático. Está é a época das chuvas mas este ano está a cair uma quantidade de água anormal. As inundações provocadas pela chuva têm devastado zonas da Índia, Bangladesh e Nepal.
O juiz Rolando Spanholo suspendeu o decreto promulgado por Michel Temer que autorizava a extinção de quatro milhões de hectares de uma reserva natural na Amazónia com vista à exploração mineira.
A China, através do seu ministro dos Negócios Estrangeiros, Wang Yi, admitiu que o lançamento do míssil norte-coreano que sobrevoou o Japão “violou as resoluções das Nações Unidas e minou os tratados de não proliferação”. O Conselho de Segurança da ONU já tinha condenado "veementemente" o lançamento pela Coreia do Norte de um míssil balístico que sobrevoou o Japão. A declaração foi aprovada por unanimidade. Kim Jong-uncontinua indiferente e já fez saber que o lançamento daquele míssil é o primeiro de muitos.
Na sua primeira visita a Gaza desde que tomou posse como secretário-geral da ONU, António Guterres pediu o levantamento do bloqueio ao território imposto por Israel e apoiado pelo Egito e que dura há mais de uma década.
Macron vai revelar hoje as alterações à lei laboral francesa, uma das promessas que fez durante a campanha. O Presidente francês considera que a regulação laboral restritiva é a principal razão da persistência do alto desemprego no país.
A um mês das eleições alemãs, o lugar de terceira força política mais votada poderá ser o mais apetecível. O "Politico" explica porquê.
Vamos as jornais de hoje. ‘UGT acusa Centeno de ignorar sindicatos e ameaça com greve” é a manchete do "Público". Os sindicatos querem discutir com o ministro das Finanças o próximo Orçamento do Estado e exigem o descongelamento das carreiras na função pública.
O "Jornal de Notícias" diz que mais de 250 mil multas ficaram por cobrar. O destaque fotográfico do diário vai para os protestos dos professores que foram colocados a centenas de quilómetros de casa.
A notícia de que a Judiciária esteve sem inspetores de prevenção ao terrorismo durante vários períodos em agosto faz manchete do "Diário de Notícias". A greve da Autoeuropa preenche o destaque fotográfico, com a informação de que um acordo tem de ser atingido até ao final do ano.
O "Negócios" diz que a isenção de IRS vai chegar a mais famílias e destaca ainda que o CaixaBank afinal avalia o BPI 25% acima do preço que ofereceu na OPA.
FRASES
“O que se passou em Barcelona voltará a acontecer. Nunca vai ser possível parar um lobo solitário que se radicalizou sozinho na internet e sai à rua como uma faca, mas podem-se tentar evitar os atropelamentos em massa (…) Há 50 mil radicais na Europa” — Gilles de Kerchove, coordenador europeu na luta contra o terrorismo em entrevista ao "El Mundo".
“Esta Europa, a francesa, com os códigos e os tratados após tratados, não funciona do ponto de vista institucional (…) É burocrata, é eurocrata, são o tamanho dos biscoitos, o tamanho da laranja, uma burocracia doentia, maníaca e contraproducente. O lado institucional falhou.” — Marcello Duarte Mathias, em entrevista ao "Público".
“O grande problema da Europa já não são as tais instituições ou como melhorar a democracia interna. A meu ver, o problema é a emigração. Sei que isto é muito pouco popular, mas é o meu pensamento sobre o assunto. Acho que é trágico e continua”. — Idem.
O QUE DIZEM OS NÚMEROS
3,2%, foi o crescimento da economia americana no terceiro trimestre e revisto em alta impulsionado pelo consumo privado.
18 meses é o prazo mínimo dado pelo novo CEO da Uber, Dara Khosrowshahi, para a empresa entrar em bolsa.
2 milhões de muçulmanos são esperados em Meca para a peregrinação Hajj, circulando em torno do cubo de Kaaba naquele que é o sítio mais sagrado do Islão.
O QUE EU ANDO A LER
Porque é a última quinta-feira do mês, a minha sugestão de leitura vai para a revista "Exame" que está hoje nas bancas.
O primeiro destaque vai para a entrevista a Marvão Pereira. O economista que reside nos Estados Unidos há 35 anos, onde faz investigação, pede tempo para Portugal. Tempo para se pensar. Principalmente para os políticos, já que em Portugal “quem pensa tem pouca capacidade de decidir e quem decide pensa pouco”.
Os alertas sobre a falta de estratégia de longo prazo, que resultam deste défice estrutural de pensamento, são constantes. Ao ponto do economista dizer que, depois das falhas do SIRESP, a próxima bomba-relógio são as autoestradas. Tudo porque as renegociações das parcerias público privadas foram feitas com base em corte de investimento na manutenção, corte esse que se vai fazer notar no futuro.
Especialista em infraestruturas, Marvão Pereira foi contra a construção de tanta autoestrada em Portugal, mas também defende que agora que as temos é necessário pô-las a funcionar. E para o fazer acabava com o seu custo para o utilizador: “não sou nenhum esquerdista perigoso, mas as portagens [SCUT] não fazem sentido nenhum”.
Ficam aqui algumas frases para servirem de isco à leitura
“As parcerias público-privadas discutem-se de um ponto de vista muito emocional. Vamos pagar caro esta atitude”.
“Se me perguntasse se o Governo anterior fez um bom trabalho diria que, razoavelmente, fez. O que não significa achar que deveria ter continuado. O médico que trata da emergência para me salvar não é o mesmo que me vai fazer a recuperação”.
“Às pessoas que estão excitadíssimas por termos um crescimento de dois virgula qualquer coisa digo que isso é tão provável como termos uma recessão da mesma ordem”.
Fecho com impostos. A capa da "Exame" é sobre eles. Esse monstro que nos persegue todos os minutos de cada dia. Sobre os desafios que o sistema fiscal vai ter nos próximos tempos e o que esperar do próximo Orçamento do Estado. Para já fique com estes números. As receitas de impostos totalizaram 46,3 mil milhões de euros em 2016. Em média cada português paga 12,28 euros por dia engrossar os cofres do Estado. Este ano o valor ainda vai ser mais alto. Para o ano logo se vê…
Este Expresso Curto fica por aqui. Tenha uma ótima quinta-feira e aproveite o último dia de agosto de 2017.
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