sábado, 2 de setembro de 2017

O MUNDO CONTRA OS TESTES NUCLEARES


Jornal de Angola | editorial

Comemora-se hoje em todo o mundo o Dia Internacional Contra Testes Nucleares, numa altura em que a humanidade experimenta situações preocupantes com os casos de insegurança e fugas em algumas centrais nucleares, bem como a realização de testes nucleares.

Institucionalizada em Dezembro de 2009 através de uma resolução da Organização das Nações Unidas (ONU), a data constitui um marco importante para a reflexão, mobilização e acção no sentido inverso da “nuclearização” dos Estados. Trata-se de um desafio que a humanidade continua a enfrentar para que a sensibilização, a educação e a mobilização faça parte da agenda dos Estados-membros da ONU, das organizações intergovernamentais e de activistas. Desde há 70 anos, à medida que os Estados detentores de armas nucleares repetidas vezes realizam ensaios, os danos irreparáveis continuam desastrosos e fatais.

O alerta para que a humanidade desperte e caminhe para uma direcção que inviabilize os ensaios nucleares devem continuar de forma enérgica, muito para além das resoluções, campanhas de sensibilização e de educação.

Não há dúvidas de que os encontros de líderes mundiais, simpósios, conferências e exposições são iniciativas relevantes porque contribuem para chamar a atenção mundial para esta causa, que é de toda a humanidade.

É preciso ir às causas que levam os Estados a manipularem material nuclear, realidade que tende a envolver cada vez mais entidades não estatais, como as organizações terroristas cujas agendas incluem também a aquisição de armas de destruição em massa. Numerosos Estados encaram as armas nucleares como o mais eficiente factor de dissuasão contra potenciais inimigos e outros que o buscam com as mesmas aspirações. É preciso reforçar os mecanismos internacionais no sentido de desencorajar esse quadro para que a humanidade assista uma inversão na busca, ensaio e uso de armas nucleares. Vale reforçar os preceitos constantes da Carta da ONU que instam os Estados a privilegiar o recurso a meios pacíficos para a resolver diferendos, bem como o uso da cooperação como forma de afugentar a opção pelo nuclear. 

Independentemente dos avanços que a humanidade alcançou com o recurso ao nuclear; na vertente civil, não há dúvidas de que quando se trata da dimensão militar a humanidade não regista boas lembranças. O uso para fins militares, com a particularidade dos ensaios e dos seus efeitos sobre a vida das pessoas, dos solos, as águas e o ar, entre outros, leva hoje as organizações internacionais, estadistas e activistas a multiplicarem os seus esforços.

Atendendo à conjuntura internacional, marcada sobretudo pelos desenvolvimentos que se verificam na península coreana, urge acelerar mecanismos que desencorajem o recurso ao nuclear. Levar os Estados a ratificarem o Tratado de Interdição Completa de Testes Nucleares, que existe desde 1996, pode ser uma das vias para a humanidade caminhar para o mundo sem armas nucleares.

Num dia como hoje, é preciso que os esforços das Nações Unidas, dos Estados membros, de instituições internacionais contribuam para a materialização dos testes com armas nucleares para o alcance de um mundo livre de tais dispositivos. 

No Dia Internacional Contra Testes Nucleares, celebrado hoje em todo o mundo, é preciso reforçar as discussões e iniciativas que visam o fim dos testes nucleares em todo o mundo. Os custos e os efeitos dos ensaios nucleares suplantam consideravelmente os eventuais benefícios, razão pela qual o mundo deve continuar unido contra os testes nucleares.

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