Atual Presidente da Câmara e, de novo, candidato nas próximas eleições autárquicas, Raul Almeida falou com o Jornal Mira Online acerca das suas prioridades, das ideias que conseguiu concretizar no atual mandato e dos projetos que pretende pôr em prática se for reeleito.
Iniciou o mandato enquanto Presidente da Câmara Municipal de Mira em 2013. Quais eram as principais ideias que tinha em mente para o Concelho?
Há quatro anos, apresentei-me ao eleitorado como líder de uma equipa que apresentou um documento intitulado Bases Programáticas para Desenvolver Mira. Apresentava um conjunto de ideias agrupadas em 4 objetivos estratégicos: promover condições que favoreçam e incentivem o crescimento e o emprego e a melhoria da economia familiar; valorizar o nosso território (cultural, ambiental, paisagística e urbanisticamente) e apostar num turismo sustentável e a tempo inteiro; promover a defesa e o reforço da coesão social; modernizar as práticas administrativas e promover uma cidadania mais ativa e mais participativa.
Tratou-se de um documento propositadamente ambicioso com o objetivo de forçar o trabalho ao longo do mandato. Na medida em que nos comprometeu fez-nos andar rápido. Não concretizámos mais porque, de todo, não nos foi possível captar os meios financeiros necessários.
A análise deste documento, conjugada com a gestão municipal destes quatro anos, permite-me concluir que, quando me apresentei ao eleitorado, há quatro anos, tinha uma visão realista do que queria fazer e do que as gentes Mira queriam para o concelho.
De todas essas ideias quais conseguiu concretizar?
Durante o mandato muitas ideias foram surgindo. Não sendo possível ainda ter concretizado todas, apostámos nas mais importantes. Assim, a titulo de exemplo, no que respeita ao primeiro objetivo, iniciámos a infraestruturação da zona Área de Desenvolvimento Tecnológico e Industrial do Montalvo, prevendo-se a sua ocupação plena por empresas geradoras de emprego já nos próximos anos. Ressuscitámos a moribunda Incubadora de Empresas que é hoje uma infraestrutura útil ao Concelho, quer nos serviços que ali são prestados, quer na investigação que ali se pratica no âmbito da sua ligação às Universidades de Coimbra e de Aveiro. Quanto ao Polo I da Zona Industrial, está já “mapeado” para que possamos avançar com uma candidatura a fundos comunitários para a requalificação e ampliação daquele espaço.
Quanto ao segundo objetivo e no que respeita ao urbanismo, as obras de requalificação do Bairro da Valeira e o prolongamento da marginal na Praia de Mira, a requalificação da Av. 25 de Abril na Vila de Mira, a requalificação da Rua dos Moliceiros no Seixo, a requalificação do Centro de Carapelhos, a conservação da rede viária mais degradada nas diversas localidades do concelho são exemplo disso. O abastecimento de água e o saneamento básico estiveram e estarão no centro das minhas atenções. No que concerne ao turismo, combatemos a sazonalidade promovendo uma rede de acontecimentos relevantes geradores de procura turística, fora do Verão, de que são exemplo a passagem de ano na Praia de Mira e a realização de campeonatos nacionais e europeus de atletismo na pista de Crosse que criámos junto ao Miravillas. Grande parte da pista ciclo pedonal tem já agendadas obras de manutenção que serão iniciadas, dentro de alguns dias. Os nossos percursos pedestres estão em fase de homologação internacional. Por outro lado, o cuidado prestado aos espaços verdes alterou por completo a imagem do Município. Participámos em feiras de turismo promovendo o nosso legado urbanístico, ambiental e cultural, enfim, promovemos e demos a conhecer o espaço em que vivemos e o que nele há de melhor: as nossas gentes e o que as diferencia.
No que respeita ao terceiro objetivo, foi prestada especial atenção à educação em todos os escalões etários quer através da melhoria dos espaços escolares, quer no apoio às escolas na sua vertente educativa, quer ainda na criação da Universidade Sénior. Foram apoiadas ativamente as atividades associativas nas suas vertentes formativa, desportiva, cultural ou outras.
Finalmente, no que respeita ao quarto objetivo, implementámos o Orçamento Participativo, o projeto “Mira – Comunidade Viva” com grande sucesso na comunidade escolar. Promovemos ainda a desmaterialização documental do município através da implementação da aplicação MyDoc.
O seu antecessor, Dr. João Reigota, deixou alguns projetos em aberto que tenha conseguido concretizar no atual mandato?
Foi sempre minha intenção concluir os projetos em execução à minha entrada em funções como presidente da Câmara Municipal de Mira. O Campo de Tiro estava na fase final de execução. Fizemos o ponto de situação da empreitada, resolvemos problemas pendentes e finalizámos a obra.
Enquanto autarca, quais são as suas prioridades e de que forma é que as organiza face às sugestões ou queixas dos munícipes?
Uma grande parte do meu tempo é dedicada às questões estruturantes e aos problemas globais do concelho. Mas uma parte não menos significativa do meu tempo é dedicado a ouvir os munícipes, a acolher as suas sugestões no que respeita à comunidade em que vivem ou aos problemas que só a eles dizem respeito. Diagnosticados os problemas, eles são tratados quer em reuniões coma minha equipa e técnicos da autarquia, quer através do contacto com a respetiva Junta de Freguesia de modo a encontrar soluções para os problemas reportados.
Durante o mandato que agora termina, teve como uma das principais preocupações o turismo. Qual é, efetivamente, a importância do turismo para o nosso concelho e o que é que ainda falta desenvolver nessa área?
O turismo é efetivamente uma das maiores, se não a maior, âncoras de desenvolvimento social e económico do nosso concelho. Desde o mar, a barrinha, os cursos de água, a floresta, os povoados, as nossas gentes e os seus costumes, por todo o lado se respira um convite ao turista para uma visita. Depositários desta riqueza, temos de a promover, quer requalificando e adaptando espaços, quer na sua divulgação, quer ainda na realização de eventos convidativos.
Enquanto cidadão, quais os aspetos que acha devem ser melhorados no Concelho?
Creio ser impossível dissociar o Presidente da Câmara do cidadão que exerce as funções de Presidente da Câmara e vice-versa. O cidadão que exerce as funções e o cidadão despido dessas funções pensam obviamente do mesmo modo. Na certeza de que nas funções de presidente defenderei sempre as minhas convicções e na certeza também de que no exercício das funções de presidente, pela responsabilidade que revestem, devo em todo o tempo aferir as minhas convicções em função dos anseios dos munícipes que em mim depositaram confiança. O que entendo que deve ser melhorado no concelho é público, consta do meu programa eleitoral e é a integração dos contributos de muita gente que geraram em mim convicções sobre as prioridades a implementar. De um modo genérico dir-lhe-ei que é prioridade minha que a gestão municipal contribua para fazer de cada mirense um cidadão feliz e concretizado. Ninguém é feliz sem acesso ao pão, à educação, à cultura, a uma habitação condigna e uma qualidade ambiental e urbana nos espaços em que habitam. O bem-estar das nossas comunidades pressupõe tudo isto a par de um desenvolvimento urbano harmonioso dotado de espaços públicos de fruição coletiva adequados, de uma boa rede viária e de abastecimento de água e sistemas de saneamento eficazes. Tudo o que contribua para este objetivo deve ser melhorado.
Quatro anos depois é, novamente, candidato a Presidente da Câmara. O que o levou a recandidatar-se?
Recandidato-me pelas mesmas razões que me candidatei há quatro anos: a disponibilidade de servir a terra que escolhi para viver, com espírito de missão, com vontade de que as gerações dos meus filhos e dos filhos e netos da vasta equipa que me acompanha tenham orgulho no nosso legado. Mas não só. Quatro anos volvidos, sinto que a obra ainda agora iniciou, que há muito por fazer, que há muita confiança e muito carinho das gentes desta terra pelo trabalho feito. As manifestações de apreço que tenho recebido nestes quatro anos foram das experiências mais gratificantes da minha vida. E a única forma que encontrei para manifestar a minha gratidão aos mirenses foi disponibilizar-me para continuar a servi-los. É por uma questão de gratidão e por uma vontade de servir que me recandidato.
Ainda há muitas ideias para concretizar? Fale-nos de algumas.
A aprovação recente, em Conselho de Ministros, da correção da área do Plano de Pormenor do Empreendimento Turístico Sul, denominado Zona B, a poente do aldeamento Miravillas, abre portas à concretização da velha aspiração de dotar o Concelho de um hotel e de um campo de golfe bem localizados. Como já disse, também está dado o primeiro passo no processo de financiamento da requalificação e ampliação do Polo I da Zona Industrial. A zona da Varanda Verde, na Praia de Mira, deverá sofrer intervenção imediata de modo a dar-lhe a beleza e a utilização que já teve. Mas estas são apenas algumas das ideias a concretizar. A reconversão do Mercado Municipal de Mira e dos antigos armazéns no Centro da Vila têm projeto já executado e financiamento assegurado pelo que a sua concretização é também prioritária.
O mote da sua campanha para as autárquicas de dia 1 de Outubro é “ Mira… no caminho certo” Qual é o caminho certo e como é que este pode ser percorrido?
Sinto a adesão dos mirenses ao caminho encetado há quatro anos atrás. O caminho certo é o programa que há quatro anos discutimos, sufragámos e temos vindo a concretizar. Um caminho em que, por força da vontade dos mirenses, introduzimos correções e melhorias. Este trajeto integrador da vontade dos mirenses e em concretização permanentemente escrutinada por essa vontade constitui o nosso programa. Um caminho com o qual me comprometo, num diálogo permanente com todos e com cada um dos mirenses.
Se for reeleito nas eleições de 1 de Outubro quais serão as suas prioridades?
Claramente conto com a simpatia e o carinho dos mirenses, pelo que, conto ser reeleito Presidente da Câmara. E espero poder contribuir para o desenvolvimento socioeconómico das famílias captando investimento em todas as áreas da atividade económica, poder contribuir para a melhoria da sua ambiência urbana e ambiental com infraestruturas de qualidade na mobilidade, nos serviços coletivos de abastecimento de água e saneamento, poder contribuir para a melhoria do sistema e equipamentos educativos e de saúde, poder contribuir no acesso à cultura e desporto. Tudo o que possa contribuir para a melhoria das nossas condições de vida será uma prioridade.
Joana Veríssimo