Indicado pelo MAR – Movimento Autárquico de Renovação, Rui Terrível deixa aos leitores do Jornal Mira Online, algumas pistas do que o levou a candidatar-se pelo Movimento nas próximas Autárquicas, em Mira.

JMO – Como surgiu a sua candidatura? Porque aceitou-a?
RT – Foi um processo natural, que acabou por desembocar nesta lista. O que me fez aceitar, foi o facto de, por força do meu trajecto profissional – trabalho na Câmara Municipal de Anadia – só este ano, ter feito mais obras públicas naquele Concelho que o Presidente Raul Almeida fez em todo o seu mandato, no Concelho de Mira, onde resido! Com humildade confesso ter a certeza de que sou capaz de acrescentar valor à minha terra…
JMO – Como classifica, no geral, o mandato de Raul Almeida?
RT- Não tenho dúvidas de que foram feitas muitas mais coisas neste mandato que no anterior… o que não quer dizer que se tenha feito tudo como deveria ser! É diferente, percebe? Dou, alguns exemplos: a Vala Real, onde foram utilizadas máquinas pesadíssimas para que se fizesse os trabalhos e que, depois, acabaram por afundar a pista ciclo-turística, devido ao seu peso, além de instabilizarem e romperem o leito da Vala. Falamos sobre isso ao Presidente e a resposta dele foi simplesmente… “depois arranjamos”. Outro exemplo é a obra feita no centro da vila: alertamos para alguns problemas, mas – teimosamente – foram levadas adiante até chegarem onde é a actual rotunda do vaso e terem que dar razão aos nossos avisos… tendo de refazer todo aquele espaço que já havia, supostamente, sido construído! Dinheiro e tempo sem harmonia social perdidos...
JMO – Uma parcela da população considera o MAR uma espécie de “muleta do PSD de Mira”. Como vê esta opinião?
RT – (risos) Discordo totalmente desta ideia! Não fomos uma muleta ao actual Executivo. Demos a ele a oportunidade de governar, demos ideias, contribuímos com opiniões mas sabemos que há coisas que foram mal feitas, esperávamos mais. Acreditamos no lema de que “o desenvolvimento deve ser pensado” para que esta e as próximas gerações possam usufruir de um Concelho digno de se viver! Sabe, gosto de estar na política com franqueza, não gosto de prometer o que não poderei cumprir e acho que uma das enormes falhas do mandato actual é o Presidente Raul Almeida não ter dado, tantas vezes, as informações aos representantes do povo, que somos nós, o direito a ter as informações atempadamente ou quando as pedimos e… por inteiro!
Discordamos em absoluto desta forma de estar. Um deputado ou um cidadão tem o direito de receber as informações e ter a oportunidade de analisá-las e discuti-las. Isto é Democracia. Receber as informações com tudo planeado antecipadamente não me parece que seja uma boa prática… Um caso gritante disto é o processo Lusiaves: os documentos estão feitos, sim senhor, porém, quando o memorando nos foi mostrado, já estava a ser tratado a sete, oito meses! Pergunto: Porque não houve um stand da Lusiaves nas Festas de São Tomé, para que as pessoas pudessem ser esclarecidas das vantagens de ter esta empresa no Concelho já que se tratava do maior investimento para o Concelho? Admito: votamos a favor, sim, mas foi um voto a favor de postos de trabalho para a região, para o Concelho que todos queremos, mas com responsabilidade social e sem sacrifícios no ambiente presente e futuro, hoje sei que parte desse projeto, a criação nos Foros do Seixo, não é uma mais-valia para a Nossa Terra, tanto a nível material como imaterial.
JMO – O que significou a chegada do MAR e o que significa a presença dele, no actual panorama municipal?
RT – Só pelo facto de existir este movimento, notamos que a velha guerrilha existente entre PS e PSD deu lugar ao diálogo, o que já foi uma enorme evolução! O facto de sermos independentes é uma vantagem, pois nos posiciona fora das partidarites, dos grupinhos… Estamos, desde a primeira hora, ao serviço do Concelho e não nos preocupamos em ajudar “A”, “B” ou “C”. O que queremos é que se trabalhe com afinco e honestidade e bem… e, se trabalharem com honestidade, trabalhamos com todos!
JMO  - O que Mira precisa para além dos habitual tema do saneamento?
RT – Precisamos, sobretudo, sermos ambiciosos! Dou-vos vários exemplos: temos um programa virado para a saúde em todas as suas vertentes: água, saneamento, resíduos etc… Digam-me lá, porque não fazermos uma estância termal na Praia de Mira? Porque não potenciarmos a água do mar, que poderia ser visitada pelos idosos do Lar, pelas crianças das escolas, pelos utentes do centro de dia? Coloca-los na areia quente e água quente e fria seria uma enorme vantagem para a saúde! É óbvio que teríamos de encontrar consensos com empresários dispostos a investir, dados os custos. Mas, deixe que vos diga: isto também é “turismo todo o ano”! Pessoas viriam de fora e, como em qualquer estância termal, acabariam por ficar por cá!
JMO – Entramos, então, no “velho” problema do Orçamento Municipal: o dinheiro não dá para tudo…
RT – Não, não dá. E, por isso, temos de ser criativos e, principalmente, deixarmos de esbanjar dinheiro. Exemplo? Olhe para a rotunda da Praia de Mira. Uma beleza com uma relva magnífica e um sistema de regas que suga muitos euros todos os anos e na manutenção! Pior, ali mesmo ao lado, está uma estrada num estado lastimável! Precisamos é de utilizarmos a inteligência e construirmos com praticidade, para que o dinheiro poupado possa ser utilizado em áreas realmente carenciadas.
Mudando de assunto, até vou mais longe: nós temos capacidade de captar, tratar e distribuir água potável, sem termos de comprar água de fora… só que, para isso, temos de mudar radicalmente tudo o que acontece atualmente. É uma questão de prioridades: o que é mais importante: atuarmos nesta área ou gastarmos dinheiro em fogos-de-artifício em festas, embora também sejam necessárias festas, claro! Tenho certeza de que as pessoas compreenderiam que era para o bem comum que as festas encerrariam de outra forma!
Temos de de conjugar dinâmicas nas áreas da educação e da cultura. Poupar muito dinheiro, por exemplo, comprando produtos da terra, ajudando os nossos produtores, para que estes alimentos sejam consumidos pelos nossos alunos, regularmente. Há tanto por onde poupar…
JMO – Para encerrar, não teme o chamado “voto útil”?
RT – Não, não temo. Considero que a mais-valia que posso dar ao Concelho e que o MAR já o tem dado, são suficientes para que as pessoas percebam que “útil” é dar-nos a oportunidade de ajudarmos a que as coisas corram melhor e que andemos num caminho mais correto. Se trabalho numa outra localidade com afinco e dedicação, sei que posso fazê-lo também na terra onde nasci e resido!
Estamos numa nova era: devemos pensar em frente, em grande. Não é possível fazermos um anfiteatro com 100, 150 lugares, precisamos de um multiusos de 800, 1000 lugares, e acharmos que o espaço é suficiente para darmos qualidade a quem quer assistir à uma cultura de qualidade. Nem pensarmos que 3 ou 4 escritórios possam ser úteis naquele espaço, quando eles vêm fazer concorrência a tantas portas fechadas mesmo no centro da vila! Temos de pensar que os alunos dos 1º e 2º ciclos não têm um local digno para praticar desporto, por exemplo. Ou que no 3º ciclo e secundaria há cada vez menos salubridade e condições de trabalho, saúde precisamos de pressionar a tutela!
No fundo, acredito que as pessoas saibam diferenciar o “voto útil”, percebendo que se gerirmos melhor o que temos em Orçamento, podemos “pensar em grande”, como faz Cantanhede, bem aqui ao lado, potencializando a Expofacic de uma forma brutal.
Não, definitivamente, não tenho medo! Para nós, o Foco e Determinação é, Ousar, Acreditar, Ter Fé na Mudança, Querer, Experimentar Ser Diferente.
Francisco Ferra