segunda-feira, 20 de novembro de 2017

20 DE NOVEMBRO DE 2017 Mudanças nos hospitais e carreiras. Impasse na Alemanha. E duas entrevistas

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Enquanto Dormia
 
David Dinis, Director
 
Bom dia, 
A segunda-feira começa assim:

As negociações para o novo governo alemão colapsaram. Imigração e ambiente foram os temas que levaram os liberais do FDP a atirar a toalha ao chão, deixando o país perante um impasse, talvez perante um inédito governo minoritário. A Bloomberg, porém, já fala de outra hipótese: virão eleições antecipadas?
Mugabe deixou todos pendurados. "Agradeço-vos e boa noite" - foi assim que o ainda Presidente do Zimbabwe terminou um discurso de vinte minutos na televisão, sem a esperada palavra de demissão, pedida até pelo seu partido. Está "surdo e cego", disse um veterano. O que parece é que não sai, mas a CNN diz esta manhã que a carta de demissão está pronta.
O assassino Charles Manson morreu aos 83 anos. Foi o cabecilha de um um grupo de extrema-direita, acusado e condenado pelo assassinato em série de sete pessoas em duas noites de Agosto de 1969 - incluindo a mulher do realizador Roman Polanski, grávida de oito meses. A intenção era incitar a uma guerra racial entre brancos e negros nos EUA. Manson estava preso há quase 50 anos e morreu num hospital.
A Noruega agita-se com a nomeação de um extremista para o Comité Nobel. Carl Hagen, antigo líder do Partido do Progresso, chegou a comparar os muçulmanos a Hitler, é um conhecido crítico de homossexuais e até de mães solteiras. Vai a votos esta semana e está a deixar antigos membros do Comité à beira de um ataque de nervos.

O que marca o dia

Muitas mudanças nos hospitais: o Governo quer passar os tratamentos complexos para os hospitais especializados, vai penalizar os hospitais com atrasos nas urgências, assim como os que fazem cesarianas a mais. O Estado quer tambémpoupar nos tratamentos a VIH/Sida, com a revisão das regras, com a chegada ao mercado de terapêuticas cada vez mais baratas.
Afinal, não é só com os professores: a secretária de Estado da Administração Pública confirmou esta noite que o Governo “vai iniciar discussão” com mais carreiras sobre recuperação do tempo de serviço. E confirmou o que já tinha escrito o PÚBLICO: com os professores, o objectivo é mesmo negociar a avaliação e o modo de progressão. Para já, o que ficou acordado deixa muitas coisas em aberto - como explica a Clara Viana.
Os patrões traçam linhas vermelhas. Com o salário mínimo em cima da mesa,o líder da CIP pede menos impostos para compensar a subida prevista (no DN JN). Mas sobretudo avisa que não aceitará alterações à legislação laboral (no Negócios eAntena 1).
Uma suspeita sobre Pais do Amaral: o presidente do Conselho de Administração da Media Capital terá desviado dois milhões de euros das suas empresas em benefício pessoal - e “sem qualquer manifesto fiscal”. Quem o diz é o Ministério Público numa das 15 certidões da Operação Marquês, conta a Mariana Oliveira.
Um dedo apontado a Zeinal e Granadeiro"Cederam a uma estratégia destruidora de valor para a PT”, acusa Murteira Nabo, numa entrevista ao PÚBLICO onde diz também que, ou a Altice absorve a PT, ou a vende e o comprador natural está em Espanha. Mas há mais títulos daqui: “Estou convencido que José Sócrates não fez 90% das coisas que dizem que ele fez”“A dívida vai ter de ser renegociada como aconteceu sempre na nossa história”.
Uma imagem do PSD: em Viseu, o PSD da câmara está com Santana e o do “aparelho” apoia Rio, conta a Margarida Gomes. Há também um estudo que vem a propósito: menos leais a partidos, os eleitores votam sobretudo nos líderes.

A ler, a seguir 

1. Uma entrevista exclusiva a Isabelle Huppert. Onde ela explica ao Vasco Câmara que cada vez menos representa, que se deixa sobretudo transportar pela mise en scène, em estado de alerta mas também de embriaguez. Que pode ter chegado a um ponto, que só pode ser de confiança e serenidade, em que um filme é a descoberta de uma personagem sobre a qual nada sabe. Huppert esteve em Lisboa, para ser a homenageada no Lisbon and Sintra Film Festival. Hoje, a homenagem é aqui: "Quero estar o mais perto possível da vida – tão simples quanto isso".
2. Uma pergunta: quanto pagaria para ter mais tempo de vida saudável? Medicamentos, suplementos, transfusões de sangue jovem ou dietas com poucas calorias: o sonho de parar o envelhecimento passou da ficção para a ciência e há muitos jogadores conhecidos e importantes em campo. O David Marçal fez um ensaio sobre um dos temas mais fascinantes da actualidade - na capa do P2 de domingo.
3. “Se isto não mudar no Tejo, tudo vai morrer, tudo”. O Tejo está a morrer em Espanha, dizem activistas de defesa do rio, especialistas e autarcas. A seca é apenas mal menor. Os 600 mil milhões de litros de água transvasados para regar os campos agrícolas de Múrcia e a elevada contaminação são o mal maior. Se morre onde nasce não chegará onde desagua. O Luciano Alvarez (textos), o Nuno Ferreira Santos (fotos) e o Frederico Batista (vídeo) foram lá onde o rio começa fazer uma reportagem que nos interpela: onde é que esta seca nos vai levar? A Natália Faria e o Adriano Miranda foram fazer o mesmo, mas por cá, onde a água chega agora em camiões.
4. E o que é que as crianças têm a dizer-nos? Hoje é o Dia Universal dos Direitos da Criança e UNICEF desafiou-nos a dar-lhes voz. Vão reunir com chefe de Governo, presidir a reuniões em ministérios, em clubes de futebol, nas redacções de jornais. Por aqui, no PÚBLICO, já aconteceu isto: quatro crianças e jovens, dos 7 aos 18 anos, entraram cá, conheceram-nos e falaram sem reservas. O título é da Margarida David Cardoso: "São muito poucos os momentos em que podemos ter uma opinião".

Agenda do dia

Não há agenda cheia, pelo menos por cá. Marcelo visita o Hospital Dona Estefânia, que faz 140 anos, mas António Costa está em Tunes para participar na4.ª Cimeira Luso-Tunisina. À tarde, ninguém espera boas notícias disto: a UE anuncia onde vai ficar a Agência Europeia de Medicamentos, sendo o Porto uma das cidades candidatas - mas nem por isso favorita.
Em Bruxelas, ao jantar, há um encontro de líderes europeus, fazendo um ponto de situação ao Brexit. Mas lá por fora os olhos estão postos na Alemanha (por causa do impasse na formação de Governo). E também no Zimbabwe, onde o partido de Mugabe lhe deu até ao meio-dia de hoje para se afastar do poder. 
Para si, que seja um bom regresso ao trabalho. E um dia feliz
Nós ficamos por aqui, para lhe fazer companhia. Até amanhã :) 

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