David Dinis, Director
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Bom dia! Foi uma boa noite de sono?
Estas são as notícias da madrugada:
Lula foi condenado, mas não desistiu do Planalto. O tribunal condenou o ex-Presidente a 12 anos de prisão, e não nove, e fê-lo por unanimidade. Mas Lula respondeu com uma promessa num comício (pouco) improvisado: "O Mandela foi preso e depois voltou e virou presidente na África do Sul." A tudo isto, com a sabedoria de sempre, o Manuel Carvalho chama "o golpe, parte II".
Merkel e Macron reforçaram a aliança anti-Trump. Em Davos, a chanceler alemã rebateu ponto por ponto a visão de Trump sobre o mundo, afirmando que o perigo vem do proteccionismo. E Macron defendeu uma globalização que não seja apenas para o benefício de alguns. A Teresa de Sousa conta como foi.
Trump disse que, afinal, está "ansioso" por falar com o procurador especial. Depois de dizer que responderia e de garantir que isso não ia acontecer, o Presidente diz agora que sim - ele está disponível para falar com Robert Mueller sobre a interferência russa nas presidenciais de 2016. Sob juramento.
A saúde de Assange chegou a uma situação “perigosa”. Três médicos que examinaram o fundador do WikiLeaks escreveram um texto no The Guardian onde apelam que lhe seja concedido acesso seguro a um hospital britânico. E não é uma ambulância...
No futebol, o clássico acabou vestido de verde: o Sporting eliminou o Porto nos penalties, depois de um jogo com polémica, lesionados e muitos, muitos nervos... A final da Taça da Liga é uma desforra contra o Setúbal, já no sábado (será?).
... E lá por fora também caíram gigantes: o Real Madrid entrou em depressão, com a eliminação da Taça do Rei, o Mónaco entrou em baixa, saindo da Taça de França.
O que marca o dia
Esta é a nossa manchete: o Exército blindou o caso de Tancos. A investigação interna ao furto mais polémico dos últimos tempos já acabou, mas o Exército não vai tornar públicos os resultados da investigação, apesar do que disse Marcelo, ou do que disse o ex-Presidente Sampaio este fim-de-semana. "Nenhuma informação será desclassificada", diz o porta-voz do ramo militar ao PÚBLICO, alegando que os quatro processos disciplinares abertos são "de índole pessoal". Diferente é o que nos diz o Ministério da Defesa, que garante estar a preparar informação para um devido esclarecimento público. Veremos o que vem.
Por acaso, ou não, o PS quer alargar as entidades que podem classificar documentos. O projecto está no Parlamento e já recebeu uma crítica violenta da comissão de protecção de dados. Tudo se resume a uma pergunta: porquê?
(e relendo estas notícias, até parece ironia que o Parlamento ande a falar-nos de transparência)
Entretanto, falando em segredos, a PJ foi chamada a investigar o apagão das offshores, conta-nos agora o Pedro Crisóstomo. Mas o Fisco vai esperar mais um pouco: diz que precisa do trabalho do Ministério Público para poder avançar com a sua própria investigação.
Vamos a um ponto de situação sobre os dois casos judiciais da semana? Na Operação Fizz, o procurador suspeito fez uma confissão repetida, conta a Ana Henriques, que esteve na sala a ouvi-lo pelo terceiro dia consecutivo; no caso Duarte Lima, um bancário suíço teve um problema de memória (que também não é surpreendente).
Mais surpresa foi a que nos quis dar António Costa: afinal o "dia de Portugal" em Davos tinha a Google na manga.
À distância, em Lisboa, Marcelo celebrou os seus dois anos. Assinalou os "três momentos cruciais" em que teve que "exercer autoridade" (incluindo o episódio CGD/Centeno), esvaziou o balão de Angola e ainda agradeceu ao Governo.
Sampaio da Nóvoa, só espera de Costa uma "continuidade". “Se a esquerda está a funcionar bem, que continue”, diz na entrevista ao PÚBLICO e Renascença, aconselhando Marcelo a não interferir na formação de uma maioria após 2019.
Já Francisco Assis, diz que vai ser precisa uma "clarificação": "A partir de agora já não basta justificar o entendimento à esquerda por razões negativas. É preciso ir mais longe."
E talvez até 2019 a esquerda vá exigir ainda mais: nos anos da "geringonça, os salários estiveram "quase estagnados", diz o Negócios hoje.
Leituras fundamentais
1. As 24 horas do triunfo das mulheres - na fábrica da Triumph. Pensavam que não havia saída, que ficariam sem nada: nem salários, nem subsídio de desemprego, nem indemnização. Mas a noite passada trouxe-lhes uma inesperada vitória. A Mariana Correia Pinto e o Adriano Oliveira (fotos) estiveram dentro da fábrica naquelas horas em que os sorrisos voltaram e os punhos de levantaram no ar.A reportagem - e o fim de uma luta muito dura - estão marcados aqui.
2. Como o MP deixou morrer uma vítima de violência doméstica em 37 dias. Um funcionário que recebe uma queixa de violência doméstica, um processo mal instruído, uma mulher que não recebe qualquer espécie de apoio - e que acaba por ser morta pelo seu marido um mês depois. Esta é uma história que nós preferíamos não ter que lhe contar. Tendo que o fazer, que não fique por aqui.
3. Homofobia, fama e moda n'O Assassinato de Gianni Versace. Em 1997, Versace era uma personalidade da moda e do mundo dos ricos e famosos. Em 2018, Versace é uma personagem da televisão sobre o mundo do crime e da fascinação dos ricos e famosos. Essa dualidade está toda na série American Crime Story: O Assassinato de Versace, uma operática construção de amor e família, barroca como a roupa de Gianni e melodramática como a Donatella de Penélope Cruz. Mas também é uma história de crime real à prova de spoilers, uma caça ao homem embebida em psicodrama e um contributo para a história televisiva da cultura gay. A Joana Amaral Cardoso conta-nos tudo, sem nos estragar nada.
4. Nasceram os primeiros primatas clonados com a técnica da ovelha Dolly. Não sabemos se é Zhong Zhong ou Hua Hua que, nas imagens do vídeo, tenta uma fuga da incubadora, empurrando as paredes transparentes da caixa. Sabemos apenas que estes dois pequeninos e magricelas macacos - revelados ao mundo ontem pela revista Cell - são os primeiros clones de primatas não humanos criados com a mesma técnica que fez nascer a famosa ovelha Dolly. Nasceram na China e os cientistas que os criaram asseguram que o seu único objectivo é servir para “benefício humano”. São os modelos animais ideais para o estudo de doenças que afectam as pessoas, como Parkinson e Alzheimer, argumentam os seus criadores. É “só” isso, Andrea Cunha Freitas?
A agenda de hoje
Quinta-feira é dia de Conselho de Ministros, sendo que esta é também deexecução orçamental de fecho de ano - e de debate na AR sobre os próximos fundos comunitários.
Lá por fora, Trump chega a Davos (para um discurso, algumas reuniões e um jantar privado), o BCE faz a primeira reunião do ano, avaliando de novo a sua política expansionista. E a Mesa do Parlament deve marcar a investidura do novo governo da Catalunha. Ah! E porque a esperança é a última a morrer, arranca uma ronda de conversações para a paz na Síria.
Agora, que venha um dia produtivo. E feliz, que é o que deve ser.
Até amanhã!
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