Marco Martins não passa a mão pelo pêlo deles sem lhes remexer nas feridas e sem os expor nas suas fragilidades. Arregaça as mangas e entra com cada um nas suas experiências mais dolorosas e humilhantes: Actores.
O espectáculo (em cena no Teatro São Luiz, Lisboa, até 28 de Janeiro; no Teatro Nacional São João, Porto, de 7 a 11 de Fevereiro; no Cine-Teatro Louletano, Loulé, a 16 de Fevereiro) homenageia os profissionais que são Nuno Lopes, Miguel Guilherme, Carolina Amaral, Rita Cabaço e Bruno Nogueira. Mas não infantiliza esse fascínio. E apoia-se nas fraquezas dos intérpretes, na memória deles, na repetição dos gestos, na exaustão do seu dia-a-dia profissional.
Eis o encenador Marco Martins a reforçar a sua proposta da ficção como matéria sujeita às intromissões da realidade - algo que descobriu com a peça Estaleiros (2012), desenvolvida com os trabalhadores dos inactivos Estaleiros Navais de Viana do Castelo, e que deixou penetrar no seu cinema, em São Jorge (2016). Nuno, Miguel, Carolina (segundo Gonçalo Frota, é uma aparição), Rita e Bruno são humilhados. Mas não ficam ofendidos.
Damo-vos música. A de Misfit, de Legendary Tigerman, disco que, segundo Pedro Rios e Mário Lopes, é um renascimento. Em Maio de 2016, na Califórnia, entre LA e o Vale da Morte, com a fotógrafa Rita Lino e o realizador Pedro Maia, Paulo Furtado rodou um filme. À noite, num motel do deserto, ia compondo Misfit, inspirado pelo que vivera e ficcionara naquela América que sempre o inspirou - por isso o gesto de ir ao encontro da sua fantasia foi temerário mas evitou a redundância. É um renascimento.
E damo-vos Carla Bruni, em entrevista de Vítor Belanciano. Podemos começar a colocar o CD de French Touch, onde ela canta, em inglês, as canções dos Depeche Mode, The Clash, Abba, Rolling Stones, AC/DC, Willie Nelson, Rita Hayworth ou Lou Reed que já canta à guitarra há muitos anos, antes das três datas marcadas para Portugal, no final do mês. Hoje, diz a ex-Primeira Dama francesa sem saudades do Eliseu, estar em palco é um prazer. "Hoje, sim, sinto-me muito mais serena. E também muito mais legitimada como compositora e cantora. Quando se é nova as possibilidades parecem infinitas e adoro essa confusão da juventude. Tenho saudades dela. Mas agora, pelo menos, sei que a música está lá e vai estar para sempre. É esse o meu caminho."
E o de Isabel Lucas foi andar pelas livrarias de Nova Iorque a ver o mundo em que vivemos. Como é a cidade que ainda dita o que se lê no mundo Ocidental, vamos com ela. É uma forma de começarmos a experimentar o mundo. Sobre isso: posso convidar-vos a estar connosco na edição de dia 19? Será um número especial, todo ele feito com as histórias que farão 2018.
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