As alterações climáticas e a gestão da água, na perspetiva do que deve ser feito fazer já e a médio prazo, foram o tema do último Encontro promovido pelo Grupo dos Amigos de Lagos que, integrado no ciclo “Viver em Comunidade”, decorreu na Biblioteca Municipal Dr. Júlio Dantas.
Os participantes concluíam que, “pela sua importância vital, a água é um tema indispensável. A tendência aponta para um consumo crescente e uma menor disponibilidade dos recursos habituais. Tanto as reservas de superfície como as subterrâneas dependem da pluviosidade, havendo um quadro climático de maior incerteza, com probabilidade de precipitações anuais bastante escassas.”
Se, no pequeno prazo, “o sistema multimunicipal tem condições de assegurar o fornecimento, num quadro mais desfavorável, advirão problemas difíceis”, pelo que entendem ser preciso “aumentar e poupar as reservas de águas superficiais e subterrâneas, diversificar as fontes de captação”, referem em comunicado. Mais tarde ou mais cedo, entendem que as necessidades implicarão o recurso à dessalinização. Presentemente, esse processo apresenta custos de produção por m3 equiparáveis a outras origens da água. Embora o investimento inicial seja oneroso, “sem dúvida será o mais resiliente.”
A pressão sobre os aquíferos já não passa desapercebida a olho nu, no tom da paisagem. “No espaço de pouco mais de uma geração, em grande parte do território, perdemos o verde para o castanho” e o problema afeta todos os ecossistemas. “As raízes das árvores não conseguem superar o abaixamento do nível freático” e nota-se dificuldade na regeneração.
O quantitativo das extrações não se revela suficientemente prudente e há água de qualidade a servir para jardinagem e golfes. Tem-se adiado o projeto de uma rede de águas recicladas aptas para todo o tipo de regas e lavagens, mas tal ideia não deveria ser afastada, assim como o aproveitamento de águas pluviais em meio urbano. Também um maior investimento e eficiência das redes de baixa e dos dispositivos de utilização poderá contribuir para evitar as perdas de água no município, ainda tão consideráveis.
Por fim, entendeu-se que várias preocupações e exigências decorrentes das alterações climáticas deverão ser incluídas no PDM, para aplicar aos novos projetos e salvaguardar melhor as áreas ecológica e agrícola. Relativamente à RAN, propõe-se que a agricultura intensiva com rega e dimensão se restrinja a perímetros de regadio ou sempre na base de reservas superficiais de água, públicas ou particulares, o que infelizmente não se verifica.
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