terça-feira, 15 de outubro de 2019

Coimbra celebra em 2020 o Jubileu dos 800 anos dos Mártires de Marrocos e de Santo António

Os 800 anos do martírio dos primeiros frades franciscanos e a sua importância na vocação de Santo António são o mote para um vibrante programa pastoral, científico e cultural.

O ano de 2020 vai constituir um marco histórico em Coimbra. Por solicitação do Bispo daquela cidade, o Papa Francisco convocou um Jubileu – ou Ano Santo – para a Diocese de Coimbra, que será celebrado de 12 de Janeiro de 2020 a 17 de Janeiro de 2021.
Na base desta importante distinção está o facto de, a 16 de Janeiro de 2020, se comemorarem os 800 anos do martírio dos primeiros frades franciscanos, em Marrocos – e a sua ligação a Coimbra e a Santo António.
Em 1219, São Francisco de Assis enviou em missão para Marrocos cinco frades, de nome Berardo, Otão, Pedro, Acúrsio e Adjuto. Em terras de África dedicaram-se à pregação, tendo sido perseguidos e martirizados. As Relíquias dos Mártires chegaram, nesse ano de 2020, ao Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra, onde Fernando de Bulhões, jovem sacerdote, se dedicava arduamente aos estudos, tornando-se um dos homens mais cultos do seu tempo, pelo que viria mais tarde a ser consagrado como um dos poucos Doutores da Igreja.
Tão impressionado ficou Fernando com o martírio dos frades que decidiu fazer-se Frade Menor, seguindo o seu exemplo missionário. Assumindo o nome de António, foi recebido no convento de Santo António Abade dos Olivais, em Coimbra. E foi como franciscano que partiu de Coimbra para o Mundo, numa missão que o tornará num dos Santos mais notáveis da cristandade.
Os pormenores do Ano Jubilar dos Mártires de Marrocos e de Santo António foram revelados hoje, numa conferência de imprensa que decorreu na Sala do Capítulo do Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra, e que contou com a participação de D. Virgílio do Nascimento Antunes, Bispo de Coimbra, Pedro Machado, presidente do Turismo Centro de Portugal, Manuel Machado, presidente da Câmara Municipal de Coimbra, Frei Severino Centomo, Guardião do Convento Franciscano de Santo António dos Olivais de Coimbra e Padre Francisco Claro, Vigário Paroquial de Santa Cruz de Coimbra.
D. Virgílio do Nascimento Antunes manifestou a esperança, durante a apresentação, de que a celebração deste Jubileu “possa, além dos seus objetivos específicos, proporcionar também a possibilidade de um conhecimento mais adequado e profundo do significado do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra e, portanto, de uma parte significativa da História da cidade e do país”. E, a propósito do significado do martírio em Marrocos, sublinhou que “a partir de São Francisco de Assis iniciou-se uma das páginas mais belas de toda a História do cristianismo, em que encontramos o regresso àquilo que de mais profundo, de mais autêntico e de mais original existe no Evangelho. Que esta seja uma ocasião para nos fortalecermos a partir dos testemunhos de homens e mulheres ilustres do passado e que possa dar origem a projetarmos um futuro muito mais risonho e promissor para todos”.

Pedro Machado, por seu lado, evidenciou a importância do Ano Jubilar para o turismo religioso, um segmento turístico “muito importante na estratégia do Centro de Portugal, não apenas o turismo religioso mariano ou aquele associado ao Caminho Português de Santiago, mas na sua dimensão mais global”. “O turismo religioso no Centro de Portugal é hoje responsável pela emissão de turistas de mercados pouco habituais. A América do Sul e a Ásia são a origem da maioria dos grupos organizados que vêm à procura do turismo religioso. É um mundo que se abre”, realçou.

Perder a memória é perder o futuro. Ao estarmos aqui para celebrar o Jubileu, estamos a ganhar uma aposta no futuro, respeitando o que foi feito no passado”, começou por dizer Manuel Machado. “A Câmara Municipal de Coimbra associa-se à celebração do Jubileu porque é um acontecimento importante para a memória coletiva da cidade, em termos de História e do passado, mas também para a memória futura da cidade que estamos a construir”, acrescentou, recordando “os valores perenes e civilizacionais de Santo António, de partilha com os outros e de solidariedade”.
Intenso programa durante um ano
O Jubileu terá início a 12 de Janeiro de 2020, com a celebração de abertura da Porta Santa na Igreja de Santa Cruz, pelas 16:00 horas, e termina no dia 17 de Janeiro de 2021, com o encerramento do Ano Santo. Este arco temporal inscreve-se entre a celebração litúrgica dos Mártires de Marrocos, que tem lugar cada ano a 16 de Janeiro.

nível pastoral é proposta a peregrinação jubilar constituída por um “Itinerário do Peregrino”, que ajudará as paróquias, grupos e peregrinos individuais a visitar os lugares jubilares, partindo da Igreja de Santa Cruz até à Igreja de Santo António dos Olivais. Pelo interior do Mosteiro de Santa Cruz é oferecida a cada participante a possibilidade de visitar a “Exposição Jubilar”, bem como assistir a um documentário sobre a vida de Santo António. Nos primeiros domingos de cada mês, as tardes dos chamados “Domingos Jubilares” serão enriquecidas com um vasto programa que culmina com a celebração eucarística. A fim de ajudar as comunidades e grupos eclesiais a preparar e viver este Ano Santo será publicado em breve o “Guião Pastoral Jubilar”.
nível cultural, um dos destaques do programa será a estreia mundial da “Missa de São Francisco” e “Missa de Santo António”, da autoria do Maestro António Vitorino de Almeida. Esta estreia, com coros e orquestra de Coimbra, acontecerá no Convento São Francisco. No mesmo espaço, haverá também um concerto de encerramento do Jubileu, com a Oratória “De Fernão se fez António”. A encomenda de uma tela, “Paixão dos Mártires de Marrocos, Paixão de António”, integra igualmente a programação cultural.
As tradicionais iniciativas promovidas pela Câmara Municipal de Coimbra, “Festa da Flor e da Planta”, bem como a “XII Mostra de Doçaria Conventual e Regional de Coimbra”, a realizar em 2020, terão como inspiração a figura de Santo António e dos Mártires de Marrocos.
A criação de um roteiro turístico antoniano será outra das iniciativas a realizar, em colaboração com o Turismo Centro de Portugal, bem como a “Corrida de Santo António” de Santa Cruz a Santo António dos Olivais, organizada pela Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, pela União de Freguesias de Coimbra e União das Freguesias de Santa Clara, Assafarge e Castelo de Viegas.
Duas peregrinações possibilitarão o contacto in loco com os lugares associados aos Mártires de Marrocos e Santo António: em Abril de 2020, em Itália, pelo local do nascimento dos Mártires e pelos caminhos antonianos; e em Setembro de 2020, por Marrocos, visitando o local do martírio dos primeiros frades franciscanos.
Estão a fazer-se esforços, com o apoio da Câmara Municipal de Coimbra, a fim de convidar os diversos agentes culturais da cidade a inserirem nos seus programas iniciativas que valorizem esta celebração.
nível científico há a realçar a realização de um congresso, em colaboração com investigadores da Universidade de Coimbra, que abordará a História e Culto dos Mártires de Marrocos e de Santo António em Coimbra, o carisma e herança Antoniana e o diálogo intercultural, inculturação e Missão. Além deste, haverá as Jornadas Pastorais Diocesanas, um ciclo de conferências e testemunhos sobre a perseguição aos cristãos nos nossos dias e um Ciclo de “Diálogos com António”, organizados pela revista “Mensageiro de Santo António”, com a participação de especialistas em temáticas tão diversas como a Bíblia, a Europa, a Economia, a Família ou a Vida.
Uma iniciativa partilhada
São várias as instituições que deram as mãos para a realização e promoção do programa jubilar. Entre elas, a Câmara Municipal de Coimbra, o Turismo Centro de Portugal, bem como a Junta de Freguesia de Santo António dos Olivais, a União de Freguesias de Coimbra e a União das freguesias de Santa Clara, Assafarge e Castelo de Viegas. Todos os agentes culturais e forças vivas da cidade de Coimbra são ainda convidadas a associar-se a este inédito Ano Santo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário