Uma equipa de
investigadores da Faculdade de Medicina da Universidade de Coimbra
(FMUC), liderada por Maria Filomena Botelho, integra o consórcio
internacional MED4Youth, Mediterranean
enriched diet for tackling youth obesity,
que está a avaliar o impacto
de uma dieta mediterrânica com restrição de energia e enriquecida
com frutos secos, grão-de-bico, romã e pão de fermento na redução
de peso e dos fatores associados à obesidade juvenil.
Nesse sentido, o
consórcio vai iniciar agora um estudo clínico com a participação
de 240 adolescentes obesos, com idades compreendidas entre os 13 e 16
anos, de Portugal, Espanha e Itália. É a primeira vez que um estudo
deste tipo vai ser realizado com participantes de diferentes países
do Mediterrâneo.
O principal
objetivo deste estudo clínico, com a duração de quatro meses, é
«demonstrar
que uma dieta mediterrânica com restrição de energia e enriquecida
com produtos típicos do Mediterrâneo, como a romã, o grão-de-bico,
os frutos secos e o pão de fermento, é mais eficaz na redução de
peso e dos fatores de risco cardiovasculares associados à obesidade
juvenil comparativamente com uma dieta convencional com pouca gordura
e restrição de energia»,
explica Maria Filomena Botelho.
A investigação
vai utilizar tecnologias “ómicas”, tecnologias que permitem
obter uma “radiografia” global dos processos biológicos, para
analisar se os efeitos para a saúde da intervenção clínica são
associados a mudanças favoráveis em populações bacterianas e
metabolitos intestinais.
Estas técnicas,
explicita a docente da FMUC, permitem «fornecer
as “impressões digitais” do padrão alimentar dos indivíduos,
combinando instrumentos dietéticos convencionais com análises de
biomarcadores selecionados da ingestão de alimentos, validados pela
primeira vez neste projeto».
Maria Filomena Botelho acrescenta que esta investigação
internacional irá «sensibilizar
a população em geral, mas especialmente os jovens que vão integrar
o estudo e os seus pais, sobre os benefícios para a saúde derivados
da dieta mediterrânica, melhorando as suas escolhas alimentares».
Este estudo
pretende também impulsionar a produção e consumo de produtos
saudáveis tradicionais. Maria Filomena Botelho nota que, segundo
dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade juvenil
quadruplicou nos últimos 30 anos e «18%
das crianças e adolescentes entre os 5 e 19 anos de idade têm
excesso de peso ou obesidade, com uma incidência particularmente
elevada em países mediterrânicos como Portugal, Espanha e Itália».
De salientar
ainda que a obesidade está associada a maiores taxas de diabetes,
hipercolesterolemia, doença do fígado gordo não-alcoólica e
pressão sanguínea elevada, fatores de risco para o desenvolvimento
de doenças cardiovasculares na vida adulta.
O consórcio do
projeto MED4Youth é coordenado pelo centro de tecnologia Eurecat
(Espanha) e, além da Universidade de Coimbra, envolve também a
Universidade de Parma (Itália), Shikma Field Crops (Israel), o
Scientific Food Center (Jordânia) e a NOVAPAN (Espanha).
Este projeto
insere-se no programa PRIMA que é suportado pela União Europeia e
pelo ACCIO - a Agência Catalã para a Competitividade nos Negócios
-, o Centro para o Desenvolvimento Industrial de Espanha (CDTI), a
Autoridade de Inovação de Israel, o Ministério de Educação de
Itália – Universidades e Investigação, o Fundo de Suporte à
Investigação Científica na Jordânia e a Fundação para a Ciência
e a Tecnologia em Portugal.
Cristina
Pinto
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