O funcionário do SIS detido a 21 de maio
em Roma por alegada espionagem e outros crimes vai refutar as imputações do
Ministério Público quando for interrogado pelo Tribunal Central de Instrução
Criminal (TCIC), admitiu à agência Lusa o seu advogado.
Contactado pela Lusa, o advogado José
Preto revelou que juntou 11 páginas aos autos do processo, no Tribunal Central
de Instrução Criminal (TCIC) nas quais invoca "um conjunto de
irregularidades" relacionadas com a detenção de Frederico Carvalhão Gil em
Roma.
"É tudo completamente ilegal. É
tudo um disparate pegado", disse José Preto, alegando que "o que está
em causa é uma absoluta ficção".
Segundo os investigadores, o funcionário
do SIS é suspeito de transmissão de informações a troco de dinheiro a um agente
dos serviços de informações russos, estando em causa crimes de espionagem,
violação do segredo de Estado, corrupção e branqueamento de capitais.
O advogado disse ainda que "não
houve troca de envelopes" no encontro em Roma entre Frederico Carvalhão
Gil e um cidadão estrangeiro, que é apontado pelos investigadores como sendo
alguém ligado a um serviço de informações russo.
A defesa admite porém que "houve um
pagamento" que Frederico Carvalhão Gil recebeu, mas do qual "passou
recibo", não estando este pagamento relacionado com os crimes que imputam
ao detido.
José Preto desafiou ainda os
investigadores a provarem o flagrante delito e a apresentarem as provas da
venda de segredos da NATO porque o seu constituinte "não vendeu
informações".
Admitiu que Frederico Carvalhão Gil vai
refutar as imputações porque é "tudo aberrante".
José Preto classificou o teor do mandado
de detenção europeu de "uma indigência absoluta" e lamentou que
Frederico Carvalhão Gil não tenha tido, logo de início, em Itália, um
acompanhamento jurídico adequado, porque até havia motivos para se opor à vinda
para Portugal.
Em Itália, observou, Frederico Carvalhão
Gil teve um advogado oficioso que só falava italiano e o detido "não fala
em italiano".
José Preto insistiu que o processo a
Frederico Carvalhão Gil constitui uma "absoluta violação de todas as
normas de direito interno e de direito internacional". Referiu, por
exemplo, que o MDE "não foi entregue no momento da detenção".
O advogado sublinhou que o funcionário
do SIS está detido há 17 dias em regime de cumprimento de pena e que ainda não
foi ouvido pelo juiz do TCIC.
Entretanto, na sua página do Facebook,
José Preto critica o facto de a SIC ter acompanhado e filmado a operação
policial que trouxe Frederico Carvalhão Gil a Portugal.
Escreve ainda que a versão de que o
"espião" terá sido "apanhado a transaccionar informação"
exigia demonstração que não foi dada.
"E se houve informação da NATO ali
transmitida, publiquem o respetivo registo no auto já que ali se teria tratado
de `detenção em flagrante´", lê-se na sua página pública de Facebook.
Fonte: Lusa
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J. Carlos
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