quarta-feira, 29 de junho de 2016

MACAU REAGE COM ESPANTO A NASCIMENTO DE PANDAS GÉMEOS

Inês Santinhos Gonçalves e Fátima Valente, da agência Lusa

Macau, China, 28 jun (Lusa) -- Dois dias depois do nascimento dos primeiros pandas em Macau, muitos residentes e visitantes não estavam ainda a par da novidade, mas quase todos reagiram com agrado e consideram que será uma vantagem para o turismo.

Calvin Siu, proprietário da emblemática mercearia Tong Fong, há 70 anos na sua família, foi apanhado de surpresa pelo nascimento das crias.

"A sério? Não sabia. Claro, é bom, não sei como explicar, mas é bom", reage, em declarações à Lusa. Apesar da satisfação, Siu disse não ter planos para visitar os pequenos pandas quando o pavilhão onde vivem reabrir ao público, a 12 de julho. "Não tenho tempo. Estou muito ocupado", justifica.

Já Peter Cheng, também residente de Macau, soube do nascimento dos gémeos na segunda-feira. Encontra vantagens familiares e económicas: "Sim, estou contente, assim os meus filhos podem ir vê-los. Acho que é bom para a indústria do turismo".

Marco Carvalho, jornalista português radicado em Macau, vai mais além e coloca a questão ao nível da diplomacia, lembrando o "simbolismo que os animais têm para a República Popular da China".

"São símbolo de uma outra forma de 'soft power' por parte da República Popular da China. Há esta tradição da China enviar os animais para jardins zoológicos estrangeiros. No caso de Macau acaba por ser quase uma espécie de uma dádiva, ou uma espécie de bom filho, de bom aluno por parte de Pequim", comenta.

Marco Carvalho considera que, termos gerais, as crias vão "deixar o território bem visto", isto "se Macau não as deixar morrer", numa referência à fêmea que morreu em 2014. "Isto acaba por ser quase um emendar da mão", comenta.

A nível pessoal, o jornalista admite que "daqui a uns meses" deverá ir ver os novos filhos de Macau. "É óbvio que se calhar daqui a seis ou sete meses vou lá ver os bichinhos mandar umas cambalhotas e tirar umas fotografias e me divertir um bocadinho com isso", graceja.

O Pavilhão do Panda Gigante de Macau está encerrado desde dia 14, primeiro devido ao início do processo de acasalamento e agora devido ao nascimento das crias, mas é possível circular no Parque de Seac Pai Van, onde está inserido.

Apesar de quase vazio, a Lusa encontrou alguns turistas que vieram ao engano.

"Queria ver um panda a sério. Mas [o pavilhão] estava fechado, não sei porquê", diz Vanz Zukkuh, turista das Filipinas. Após conhecer o motivo, reage com satisfação: "Ah, isso é ótimo, parabéns! Adoraria ver os bebés. Acho que é bom para Macau porque nem todos os países têm pandas".

Também no parque, os portugueses Inês e Miguel mostram-se desapontados. "Acho que nunca vi nenhum panda na vida, daí querer ver ao vivo", diz Inês, considerando que os gémeos vão ser um grande atrativo turístico.

"Tendo em conta que os pandas são um animal em extinção, acho que ver as crias é algo raro", conclui.

Os dois pandas nasceram no domingo e são filhos do casal Sam Sam e Hoi Hoi.

Uma das crias nasceu com 135 gramas, em boas condições de saúde, e a outra com apenas 53,8 gramas, pelo que teve de ser colocada numa incubadora, em cuidados intensivos, segundo o Instituto para os Assuntos Cívicos e Municipais.

ISG/FV // VM

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