Um terço dos portugueses que residem no
Reino Unido não preencheria os requisitos impostos aos imigrantes
extra-comunitários, afirmou em Londres o secretário de Estado das Comunidades
Portuguesas.
"Se se aplicassem hoje as regras
que são aplicadas a cidadãos exteriores da União Europeia, um terço dos
portugueses não teria condições para poder permanecer no Reino Unido",
revelou José Luís Carneiro.
O governante acrescentou que esta
situação é semelhante à de muitos outros europeus, indicando que dois terços
dos cerca de três milhões de europeus também não preenchem os requisitos atuais
de rendimento anual de 20.800 libras (24.500 euros) e qualificações superiores,
além de conhecimentos avançados da língua inglesa.
O secretário de Estado falava no
consulado-geral de Londres, onde veio hoje anunciar um reforço de pessoal e
serviços para responder ao aumento da procura, em parte devido aos pedidos de
informação que surgiram na sequência do referendo que determinou a saída
britânica da União Europeia.
A questão surgiu após um apelo do eleito
local da zona de Stockwell, no sul de Londres, Guilherme Rosa, para que o
governo português se prepare caso as autoridades britânicas endureçam as
exigências para atribuir residência a cidadãos europeus.
"Há muitas pessoas que vivem na
total dependência do sistema de ajudas [sociais], que não sabem inglês e nunca
trabalharam. Estão muito vulneráveis se as leis se tornarem mais rígidas",
vincou.
Guilherme Rosa sugeriu que Portugal, a
longo prazo, possa precaver um cenário difícil e criar um sistema de
repatriação voluntária, para as pessoas serem reintegradas na sociedade
portuguesa, com apoio na procura de emprego e habitação.
"Quando forem criadas leis, e
prevê-se que as coisas vão nesse sentido, estas pessoas vão ser
afectadas", avisou o político.
José Luís Carneiro apelou à calma para
não criar pânico quanto às consequências do referendo, sublinhando: "Temos
de nos bater para que não evolua nesse sentido, que seria o mais pernicioso
desta decisão".
As negociações para a saída do Reino Unido
ainda não começaram e o resultado é incerto, nomeadamente no que diz respeito à
livre circulação de cidadãos europeus.
"Portugal procurará salvaguardar e
defender os interesses dos portugueses que trabalham no Reino Unido, mas também
dos milhares de britânicos que vivem, trabalham e investem em Portugal",
garantiu o secretário de Estado das Comunidades Portuguesas.
Oficialmente, indicou José Luís
Carneiro, estão registados na segurança social britânica cerca de 230 mil
portugueses, mas as autoridades portuguesas estimam que residam no Reino Unido
meio milhão de nacionais.
Fonte: Lusa
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