Anna Eremin é uma atriz formada pela Escola Profissional de Teatro de Cascais e pela ACT. De origem russa, Anna afirma “ter duas línguas” o que lhe permite sentir que tem duas casas. Em Portugal desde os três anos de idade, Anna Eremin nasceu no meio de uma família de artistas –com um pai músico e uma mãe bailarina-, o que lhe permitiu cultivar o seu gosto por este mundo.
Pisou o palco pela primeira vez enquanto profissional no Teatro dos Aloés, onde se estreou com a peça “Chove em Barcelona”, em 2013. A partir daí surgiram sempre novos projetos, entre eles “Santa Bárbara”, “Única Mulher” e “Feminino Singular”.
Nesta entrevista, Anna fala-nos do seu gosto pela área da representação e do seu percurso profissional.
Quando é que notaste que tinhas um gostinho especial pela área da representação?
Desde muito pequena. O meu pai é músico e a minha mãe é bailarina. Ainda que eles não fizessem questão -bem pelo contrário- que eu aprendesse música ou dança, a arte estava sempre muito presente em nossa casa, na minha vida. Passei a infância em bastidores dos concertos do meu pai, comecei a ver bons filmes muito pequena, ia muito ao teatro. Adorava toda aquela magia de poder brincar, ser outras coisas, chegar ao coração das pessoas. Não sei, acho que nunca me imaginei a fazer outra coisa.
Achas que o facto de teres nascido numa família de artistas ajudou a que esse “bichinho” se desenvolvesse?
Sem dúvida. Como já te disse, começou tudo na infância. Ou antes, até!
Como lidas com esta “dualidade” entre o russo e o português?
Tranquilamente. Como cresci sempre com ela, também não sei o que é não ter esta dualidade. É bom ter duas línguas, duas culturas, duas casas.
De que forma a ACT te ajudou a chegares onde estás hoje?
Onde é que estou hoje? (Risos) Tanto a Escola Profissional de Teatro de Cascais como a ACT (as escolas que eu frequentei) têm bons professores, dão-nos bases, ferramentas de trabalho. Ensinam-te tudo, a começar pelo respeito à profissão. São espaços onde podes falhar, podes tentar outra vez, perceber o erro, voltar a falhar. Começas a conhecer e a ampliar o teu corpo, a tua voz, o teu conhecimento. Tudo, no fundo. Eu acredito que a formação é essencial para um ator.
Teatro ou televisão: o que te cativa mais?
São duas coisas tão diferentes. Exigem coisas completamente diferentes. Teatro é magia pura, televisão tem um ritmo de trabalho alucinante. Eu gosto de ambos. Gosto, acima de tudo, dos meus parceiros/colegas. Gosto de trabalhar com o outro, para o outro. Quando acontece essa ligação, de respirar em conjunto, de comunicar sem palavras, é delicioso. Quer em palco, quer em plateau.
“Sol de Inverno”, “Jardins Proibídos”, “Santa Bárbara”... Passares do palco do Teatro dos Alóes para o universo televisivo exigiu mudanças em ti enquanto profissional?
O Teatro dos Aloés é uma companhia pequena. Sentia-me sempre protegida, em família. Televisão é uma máquina enorme, com muita gente, muitas equipas. Funciona de outra maneira. "Sol de Inverno" foi uma participação rapidíssima. Estive lá uma hora, nem percebi o que era. Quando cheguei aos "Jardins Proibidos" tudo era novo. Não sabia trabalhar com câmaras, não sabia como funcionava todo aquele universo. Tive muita sorte com a Lucinda Loureiro (diretora de atores) que nos deu bastante tempo de ensaios, com a equipa que estava sempre disposta a ajudar, com os meus colegas. Trabalhámos muito em conjunto. Ajudámo-nos uns aos outros. Aprendemos uns com os outros.
O que é mais difícil no teu trabalho: construir as personagens ou “desfazeres-te” delas?
Desfazer-me delas, sem dúvida. Dói muito perceber que elas acabam e fico só eu. Durante meses vivi no mesmo corpo com alguém e, de repente, acabou. Fica um vazio horrível. Ainda não aprendi a lidar com isso. Com a efemeridade desta profissão.
Para além do teatro e da televisão, também já deste cartas no mundo do cinema. É algo em que queres apostar mais a fundo?
Participei em algumas curtas-metragens. Claro que adorava apostar nisso. Mas não depende só de mim.
E relativamente ao futuro, tens mais projetos em mente?
Tenho algumas coisas que quero fazer a longo-prazo. Sonhos, por assim dizer. De concreto não tenho nada para já. Esperemos que isso mude em breve. Para já, estou a aprender a aproveitar este período em que estou parada para me cultivar. Ver coisas, ler coisas. Descobri uma nova paixão - a acrobacia aérea. Mas ainda sou um pequeno saco de batatas (risos)
Para terminar, que conselhos darias aos tantos jovens que querem um lugar na área da representação?
O melhor conselho que alguém alguma vez deu aos jovens atores pertence a Fernanda Montenegro (atriz brasileira). Portanto, passo a citar: "Eu geralmente, quando me perguntam o que é que você diria para um ator que está começando, eu sempre digo: Desista! Não passe perto! Saia disso! (...) Agora, se morrer porque não está fazendo isso, se adoecer, se ficar em tal desassossego que não tem nem como dormir, aí volte, aí venha aqui, mas se não passar por esse distanciamento e pela necessidade dessas tábuas aqui, não é do ramo! Não é do ramo!". É duro, mas é verdade. Não é uma profissão fácil. Não é uma escolha simples. Mas se realmente existe este amor incondicional... Então força! É um caminho duro, mas vale a pena!
Terminada esta entrevista resta-me agradecer à Anna pela simpatia, disponibilidade e por ter aceite responder às minhas questões.
Página Oficial: https://www.facebook.com/annaereminpage/?fref=ts
Instagram: https://www.instagram.com/niusha.eremin/
Por Cátia Sofia Barbosa, aluna de Jornalismo da UC
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