Hong Kong, China, 23 ago (Lusa) --
Ativistas estudantis de Hong Kong criaram pelo menos 21 grupos em escolas para
discutir a independência da cidade e alguns não excluem o uso de violência para
atingirem os seus objetivos, avança hoje o jornal South China Morning Post.
A discussão sobre a independência de
Hong Kong nas escolas, e o papel dos professores nesse processo, tem estado no
centro do debate público. Na segunda-feira, Fanny Law Fan Chiu-fun, membro do
Conselho Executivo, entrou no debate afirmando que discussões sobre independência
eram "demasiado complicadas" para campus escolares.
Há uma semana, o Departamento da
Educação alertou que os professores arriscavam desqualificação se encorajassem
os estudantes a envolverem-se em debates pró-independência. O ministro da
Educação Eddie Ng Hak-kim disse, mais tarde, que os estudantes apenas podiam
participar em tais discussões sob supervisão dos professores e dentro dos
limites da Lei Básica.
Ng pôs de parte a possibilidade de serem
criadas orientações para as escolas, remetendo para o "profissionalismo"
dos professores e diretores das escolas.
Segundo o South China Morning Post, pelo
menos 21 grupos 'localistas' foram criados através do Facebook, incluindo 16
que já tinham nascido em resposta a apelos do grupo 'Studentlocalism'.
Tony Chung Hon-lam, do
'Studentlocalism', disse que mais pessoas se inscreveram no seu grupo, passando
de "nem uma [inscrição] por semana" para cinco ou seis numa semana,
depois de o assunto entrar na discussão pública.
O grupo, explicou, impôs um rigoroso
sistema de filtragem que inclui o preenchimento de formulários com pormenores
sobre as suas contas de Facebook e Instagram para verificação de 'background'.
Aqueles que insistem em apenas recorrer
a ações racionais e não-violentas são rejeitados, disse.
Chung não afasta o recurso a violência
para atingir os seis objetivos. Um porta-voz de outro grupo estudantil
'localista' da Munsang College disse igualmente ao jornal que apoiava
"quaisquer meios de ação para defender a nossa autonomia".
Em sentido contrário, Degas Chan
Pui-chung, do grupo da Ying Wa College disse que a organização se opõe ao uso
de violência pois acredita que alunos do ensino secundário são muito novos para
serem expostos a tais perigos.
Fanny Law, antiga responsável pela pasta
da Educação, apelou, através de um programa de rádio, para que os grupos
pró-independência sejam banidos das escolas, e os seus representantes impedidos
de liderarem associações de estudantes.
Law, conselheira próxima do chefe do
Executivo, disse que o contexto histórico da discussão de independência era
"demasiado complicado" para as escolas, e que os estudantes do ensino
secundário podem ser induzidos em erro se não tiverem um conhecimento profundo
do contexto, como a Primeira Guerra do Ópio e o processo de elaboração da Lei
Básica.
"É compreensível que os jovens
estejam frustrados com a atual situação em Hong Kong, mas a independência não
pode resolver todos os problemas", disse.
Law pediu ainda que os professores
evitem trazer o tema para as salas de aulas e sugeriu que se analisasse o
'background' familiar dos estudantes que fazem campanha pela independência, de
modo a melhor compreender o que os motiva.
ISG // DM
Publicada por TIMOR AGORA
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