quarta-feira, 24 de agosto de 2016

Grupos pró-independência aumentam nas escolas de Hong Kong

Hong Kong, China, 23 ago (Lusa) -- Ativistas estudantis de Hong Kong criaram pelo menos 21 grupos em escolas para discutir a independência da cidade e alguns não excluem o uso de violência para atingirem os seus objetivos, avança hoje o jornal South China Morning Post.

A discussão sobre a independência de Hong Kong nas escolas, e o papel dos professores nesse processo, tem estado no centro do debate público. Na segunda-feira, Fanny Law Fan Chiu-fun, membro do Conselho Executivo, entrou no debate afirmando que discussões sobre independência eram "demasiado complicadas" para campus escolares.

Há uma semana, o Departamento da Educação alertou que os professores arriscavam desqualificação se encorajassem os estudantes a envolverem-se em debates pró-independência. O ministro da Educação Eddie Ng Hak-kim disse, mais tarde, que os estudantes apenas podiam participar em tais discussões sob supervisão dos professores e dentro dos limites da Lei Básica.

Ng pôs de parte a possibilidade de serem criadas orientações para as escolas, remetendo para o "profissionalismo" dos professores e diretores das escolas.

Segundo o South China Morning Post, pelo menos 21 grupos 'localistas' foram criados através do Facebook, incluindo 16 que já tinham nascido em resposta a apelos do grupo 'Studentlocalism'.

Tony Chung Hon-lam, do 'Studentlocalism', disse que mais pessoas se inscreveram no seu grupo, passando de "nem uma [inscrição] por semana" para cinco ou seis numa semana, depois de o assunto entrar na discussão pública.

O grupo, explicou, impôs um rigoroso sistema de filtragem que inclui o preenchimento de formulários com pormenores sobre as suas contas de Facebook e Instagram para verificação de 'background'.

Aqueles que insistem em apenas recorrer a ações racionais e não-violentas são rejeitados, disse.

Chung não afasta o recurso a violência para atingir os seis objetivos. Um porta-voz de outro grupo estudantil 'localista' da Munsang College disse igualmente ao jornal que apoiava "quaisquer meios de ação para defender a nossa autonomia".

Em sentido contrário, Degas Chan Pui-chung, do grupo da Ying Wa College disse que a organização se opõe ao uso de violência pois acredita que alunos do ensino secundário são muito novos para serem expostos a tais perigos.

Fanny Law, antiga responsável pela pasta da Educação, apelou, através de um programa de rádio, para que os grupos pró-independência sejam banidos das escolas, e os seus representantes impedidos de liderarem associações de estudantes.

Law, conselheira próxima do chefe do Executivo, disse que o contexto histórico da discussão de independência era "demasiado complicado" para as escolas, e que os estudantes do ensino secundário podem ser induzidos em erro se não tiverem um conhecimento profundo do contexto, como a Primeira Guerra do Ópio e o processo de elaboração da Lei Básica.

"É compreensível que os jovens estejam frustrados com a atual situação em Hong Kong, mas a independência não pode resolver todos os problemas", disse.

Law pediu ainda que os professores evitem trazer o tema para as salas de aulas e sugeriu que se analisasse o 'background' familiar dos estudantes que fazem campanha pela independência, de modo a melhor compreender o que os motiva.

ISG // DM

Publicada por TIMOR AGORA

Nenhum comentário:

Postar um comentário