O chefe da diplomacia austríaca anunciou
que a Áustria se oporá à abertura de novos capítulos nas negociações de adesão
da Turquia à União Europeia, devido à repressão imposta desde o golpe de Estado
falhado de Julho.
"Tenho voto no âmbito do Conselho
[Europeu] dos ministros dos Negócios Estrangeiros, onde será decidido se será
aberto um novo capítulo [de negociações] com a Turquia. E sou contra",
declarou Sebastian Kurz numa entrevista a publicar no domingo no diário Kurier.
As decisões do Conselho são tomadas por
unanimidade.
Esta posição é partilhada pelo chanceler
social-democrata, Christian Kern, que se esforçará, por sua vez, para
"convencer outros chefes de Estado e de Governo de que é preciso pôr termo
às negociações de adesão com a Turquia" na cimeira europeia de 16 de
setembro, acrescentou o ministro conservador.
O relançamento das negociações para a
entrada da Turquia na União Europeia (UE) e a isenção de vistos de entrada na
UE para os cidadãos turcos são as principais contrapartidas exigidas por Ancara
para continuar a bloquear o fluxo de migrantes que se dirigem para o bloco
europeu, nos termos de um acordo concluído com os 28 em março.
Cética há vários meses quanto ao mérito
deste acordo obtido pela chanceler alemã, Angela Merkel, a Áustria multiplicou
as trocas de palavras com Ancara nos últimos dias, endurecendo de dia para dia
a sua posição, por causa da dimensão das purgas ordenadas pelo Presidente
turco, Recep Tayyip Erdogan.
Na quarta-feira, Kern apelou à UE para
cessar as conversações de adesão da Turquia, mas sem brandir abertamente a
ameaça de um veto do seu país.
Por seu lado, o MNE austríaco instou
repetidamente os seus homólogos europeus a organizarem a gestão do fluxo de
refugiados de forma independente da Turquia, para não "depender"
daquele Estado.
"O castelo de cartas da política
migratória falhada na Europa está prestes a desmoronar-se", advertiu na
sexta-feira à noite na televisão austríaca.
Em contraste, o presidente da Comissão
Europeia, Jean-Claude Juncker, referiu recentemente um "risco
elevado" de se ver o acordo cair por terra e alertou na quinta-feira de
que uma rutura das negociações seria "um grave erro de política
externa".
A necessidade de firmeza em relação à
Turquia é uma ideia que reúne um amplo consenso na classe política austríaca,
tanto na grande coligação esquerda-direita no poder como entre os partidos da
oposição FPÖ e Verdes, a dois meses de novas eleições presidenciais.
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