Um ataque químico com gás de cloro fez dezenas de vítimas na cidade de Saraqeb, no norte da Síria, numa altura em que os combates entre os rebeldes e as forças governamentais, com o apoio da Rússia, se intensificaram, atingindo uma violência inédita.
Um ataque com um cilindro de gás misturado com cloro deixou dezenas de vítimas em Saraqeb, cidade próxima de Alepo que é controlada pelos rebeldes e onde os combates com as forças do regime de Bashar al-Assad se intensificaram nos últimos dias.
Algumas horas depois de um helicóptero russo ter sido abatido nas proximidades de Saraqeb, na segunda-feira, causando a morte dos cinco militares que nele seguiam, verificou-se um ataque com um cilindro de gás misturado com cloro.
Terá sido uma resposta do governo de Al-Assad aos rebeldes, embora não haja certezas quanto aos autores do ataque químico.
Testemunhos citados pelo jornal inglês The Guardian relatam que um helicóptero lançou cilindros para a cidade, na segunda-feira de manhã, numa actuação semelhante a outros ataques com gás de cloro atribuídos às forças de Al-Assad.
O médico Ibrahim al-Assaad, que socorreu algumas das vítimas, diz que não viu feridas em nenhuma delas.
“Todos tinham problemas de respiração e pulmonares, abrangendo sintomas leves, médios e moderados, e tossiam e tinham os olhos avermelhados. Cheiravam a cloro e os trabalhadores da defesa civil que os salvaram disseram que o local do ataque também cheirava muito a cloro”, destaca o médico ao Guardian.
A Defesa Civil da Síria, um serviço de salvamento que actua em áreas controladas pela oposição ao regime, fala em 30 vítimas com problemas de respiração e divulgou imagens do ataque e vídeos, considerando que é uma forma de “espalhar o medo e o pânico entre os civis”.
O programa de armas químicas de Al-Assad foi desmantelado, fruto da pressão dos EUA e da Rússia, após um ataque com gás sarin, em Damasco, em 2013, ter matado cerca de 1.400 pessoas.
Embora o cloro seja proibido pela Convenção de Armas Químicas, trata-se de um produto que é usado em termos domésticos e industriais, nomeadamente para purificar a água.
Desde o início do ano, já se registaram vários ataques com gás de cloro, causando mais de mil feridos e nove mortes.
Combates de uma violência inédita
A aviação russa lançou, na terça-feira de madrugada, intensos raides no sul de Alepo, em apoio às forças do regime sírio e desacelerando uma ofensiva dos rebeldes, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).
Os combates, de uma violência inédita, entre as forças pró-regime e os rebeldes apoiados pelo grupo jihadista Frente Fateh al-Cham (ex-Frente al-Nusra e que cortou ligações com a Al-Qaida), fizeram dezenas de mortos nos dois lados do conflito desde o início da ofensiva no domingo, acrescentou a organização não-governamental.
Com a sua ofensiva no sul da segunda maior cidade síria, os rebeldes tentam abrir uma nova via de aprovisionamento em direcção aos bairros que controlam e impedir o regime de controlar a totalidade da metrópole.
A cidade está, desde 2012, dividida entre os bairros ocidentais, nas mãos de forças governamentais, e os bairros orientais, controlados pelos rebeldes e totalmente cercados pelo exército desde 17 de Julho.
“Os ataques russos intensos não pararam toda a noite” de segunda para terça-feira no sudoeste de Alepo, onde se concentram os combates, disse à AFP Rami Abdel Rahman, director do OSDH.
Estes ataques “desaceleraram a contra-ofensiva rebelde e permitiram às tropas do regime retomar cinco das oito posições conquistadas pelos rebeldes”, acrescentou.
O principal objectivo do assalto dos rebeldes é tomar o distrito governamental de Ramoussa, nos subúrbios a sul de Alepo, cujo controlo lhes permitira abrir um novo eixo de abastecimento dos seus bairros, situados no leste e sudeste da ex-capital económica do país.
É também através de Ramoussa que se faz o abastecimento do exército e dos civis na parte ocidental de Alepo, pelo que a tomada daquele distrito pelos rebeldes privaria a parte oeste de provisões.
Os combates fizeram pelo menos 50 mortos do lado dos rebeldes e jihadistas e “dezenas de mortos” do lado do governo, avança o OSDH.
Cerca de 30 civis na zona governamental de Alepo foram mortos na segunda-feira por rockets disparados pelos rebeldes.
Segundo uma fonte militar síria, cerca de cinco mil combatentes pró-regime estão envolvidos nos combates, incluindo combatentes iranianos e do Hezbollah libanês, que participam pelo lado do regime.
Segundo o OSDH, trata-se do maior ataque levado a cabo pelos rebeldes de Alepo desde a ofensiva em 2012, que resultou na tomada de metade da cidade pelos rebeldes e fez tremer o regime do Presidente sírio Bashar Al-Assad.
“É a última oportunidade para os rebeldes. Se eles perderem, será difícil lançarem-se numa nova ofensiva para quebrar o cerco”, disse Abdel Rahman.
Mais de 280 mil pessoas já morreram desde o início do conflito na Síria, em 2011.
ZAP / Lusa
Comentário: crianças completamente
indefesas e inocentes são vítimas pelas barbaridades dos adultos ditos
inteligentes. O mundo assiste impávido a esta carnificina, quiçá impotente para
poder intervir. Se fossemos nós a ocupar o lugar destas pessoas? Quem iria em
nosso socorro?
As nações necessitam de armas ou de pão
para saciar a fome aos seus cidadãos?
Mundo de doídos, de contágios perigosos,
sim, porque nunca sabemos a que local do mundo uma nação pode ser atacada, a
troco de nada, a não por ideologias assassinas, impondo-se como únicas e verdadeiras.
J. Carlos
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