O ministro do Planeamento, Pedro Marques, afirmou esta terça-feira que não serão construídas novas estradas nos próximos anos em Portugal. “Grandes obras desse tipo, só depois de 2020″, reiterou.
“Só será possível encarar novas obras noutro ciclo de investimentos”, disse Pedro Marques, remetendo para 2020 eventuais novos projetos. No próximo ano, a prioridade será a “conservação e melhoria das vias de circulação”, acrescentou o ministro.
“Neste contexto, em que os constrangimentos de fundos comunitários e as obras incidem mais sobre a rodovia e as poucas obras são de lado da ferrovia e portos, é possível realizar algumas obras de reabilitação e conservação, em particular, em pontes, devendo a execução este ano chegar ao 20 milhões de euros, duplicando o investimento do ano passado”, disse Pedro Marques.
O governante falava junto à requalificada ponte sobre o rio Tejo em Abrantes, no distrito de Santarém, estrutura centenária que tem sido alvo de um processo de requalificação nos últimos dois anos.
“Esta era uma obra complexa, difícil, mas muito importante e foi feita dentro do tempo certo. Mostrámos que sabemos fazer obra”, disse o ministro sobre o trabalho desenvolvido naquela travessia, datada de 1870, e com um investimento de 2,9 milhões de euros supervisionado pela Infraestruturas de Portugal.
A presidente da Câmara de Abrantes congratulou-se com a reabilitação da travessia, tendo, no entanto, afirmado “não se conformar” com a não construção de uma nova ponte sobre o Tejo, no âmbito do IC9, entre Abrantes e Constância, infraestrutura que considerou “ser determinante” para a competitividade da região do Médio Tejo, onde se inserem aqueles municípios.
“Todas as travessias na região têm mais de 100 anos e têm constrangimentos de circulação”, disseMaria do Céu Albuquerque, referindo as pontes de Constância e Chamusca, e as “grandes limitações” que existem atualmente à circulação das empresas exportadoras da região, tendo lembrado a Caima, a Mitsubishi e o próprio Eco-Parque do Relvão, na Chamusca.
A autarca acrescentou que o Governo “está disponível para repensar o perfil do IC9 e a travessia a ele associada, não sendo de autoestrada, mas outro”, tendo defendido que a região e o país “precisam de obras públicas para ser mais competitivos, “senão no Portugal 2020, noutro plano”.
Também a autarca de Constância, Júlia Amorim, abordou o ministro sobre as atuais limitações na ponte Praia do Ribatejo – Constância Sul, onde apenas viaturas ligeiras podem circular.
A presidente da câmara de Constância alertou o ministro para a necessidade de uma nova travessia e para “insistir na necessidade de terminar com as atuais restrições” na ponte sobre o Tejo, em Constância, com a limitação de circulação de altura e a viaturas pesadas na denominada ponte da Praia, que liga Constância Sul a Praia do Ribatejo, em Vila Nova da Barquinha.
“O ministro não se comprometeu e estou preocupada pela não previsão de investimento na ponte de Constância para a reabertura a pesados”, disse a autarca à Lusa.
O projeto do IC9, de ligação Abrantes a Ponte de Sor e que previa a construção de uma nova travessia sobre o Tejo, foi suspenso em 2010 devido à crise económica e financeira, embora se mantivesse no PNR – Plano Rodoviário Nacional, mantendo a categoria de interesse nacional mas não integrando a listagem do documento de infraestruturas de elevado valor acrescentado, que elenca os investimentos prioritários até 2020.
“Tomámos nota mas, grandes obras desse tipo, só depois de 2020, e à medida que os constrangimentos orçamentais o permitirem e no sentido de termos mais coesão territorial e crescimento económico”, reiterou o governante.
ZAP / Lusa
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