É
a segunda declaração deste género de Akihito, que volta a não dizer claramente
que quer abdicar, algo que a lei não prevê.
Numa
mensagem ao país transmitida pela televisão, o imperador Akihito do Japão disse
que por causa da sua idade e estado de saúde tem "muitas limitações"
e será difícil "continuar a assumir responsabilidades importantes".
"Preocupa-me
que comece a ser difícil para mim continuar a assumir as minhas
responsabilidades como símbolo do Estado tal como fiz até agora", disse
Akhito, de 82 anos.
Na
segunda declaração ao país deste tipo desde que chegou ao trono, em 1989, o
imperador não disse diretamente querer abdicar, algo que a atual lei sobre a
Casa Imperial, que define o estatuto jurídico do imperador, não prevê.
Para
satisfazer a vontade de Akihito, será necessário proceder a uma revisão do
texto, o que explica o prazo de alguns anos para o imperador concretizar a
intenção de abdicar referido pela imprensa nas últimas semanas.
"Depois
de duas operações cirúrgicas e por causa da minha idade avançada, comecei a
sentir um declínio no meu estado físico", reconheceu o imperador, para
quem "não é possível continuar a reduzir perpetuamente" as tarefas
que desempenha".
Nos
últimos anos, e por causa dos problemas de saúde, o imperador começou a delegar
no filho, Naruhito, algumas obrigações de agenda.
"Quando
um imperador adoece ou o seu estado de saúde é grave preocupa-me, como
aconteceu no passado, que a sociedade entre em ponto morto ou que essa situação
possa ter impacto na vida das pessoas (...). Penso por vezes em como isso
poderia ser evitado", afirmou, na declaração que fez ao país.
A
Casa Imperial japonesa havia anunciado na sexta-feira que o imperador falaria
hoje à nação numa mensagem-vídeo, três semanas depois de várias notícias sobre
a possibilidade de o soberano abdicar do trono.
"O
imperador vai expressar os seus sentimentos sobre as suas funções enquanto
símbolo" da nação, num discurso gravado em vídeo, que vai ser difundido às
15:00 (07:00 em Lisboa), na segunda-feira, declarou um porta-voz na semana
passada.
De
acordo com a Constituição pacifista japonesa, que entrou em vigor após o fim da
Segunda Guerra Mundial, o imperador desempenha "funções de representação
do Estado" e é "o símbolo da nação e da unidade do povo".
Esta
foi a segunda vez que Akihito, de 82 anos, falou publicamente desta forma. A
primeira ocorreu algumas horas após o maremoto e acidente nuclear de Fukushima
de 11 de março de 2011.
Akihito,
que acedeu ao trono em 1989 após a morte do pai, Hirohito (1926-89), sofre de
vários problemas de saúde, incluindo cancro da próstata, e já foi submetido a
uma cirurgia cardíaca.
No
ano passado, durante uma conferência de imprensa, o imperador japonês afirmou
que começava a "sentir a idade" e que já tinha "acontecido
cometer erros em cerimónias".
O
Japão não assiste a uma abdicação desde 1817.
O
primeiro-ministro do Japão disse hoje que o Governo vai refletir "com
seriedade" nas palavras do imperador Akihito. "Ouvimos com seriedade
as palavras de sua majestade o imperador e devemos refletir sobre elas
profundamente", disse o Shinzo Abe.
"Considerando
as responsabilidades do imperador, assim como a sua idade e a carga [do
trabalho], temos de ver com firmeza o que poderemos fazer", acrescentou.
TSF
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